Outeiro Secano em Lisboa

Abril 30 2014

 

 

 

No fim da idade média início da idade moderna, as cidades de Lubeck e de Colónia, criaram uma associação denominada Liga Hanseática, mais tarde alargada às principais cidades do mar Báltico e do mar do Norte. Esta associação pode considerar-se o modelo, do qual viria a resultar centenas de anos mais tarde a CEE - Comunidade Económica Europeia, porque ambas as organizações regulavam apenas relações comerciais.

Após termos dormido no primeiro dia em Hamburgo, e como Copenhaga era o nosso destino apenas ao fim do segundo dia, como a visita a Lubeck já estava no nosso plano, foi para aí que orientamos o GPS, e em boa hora o fizemos porque, ficamos a conhecer mais uma cidade deslumbrante.

Dada a sua relação com a fundação da Liga, não será difícil imaginar quão importante terá sido esta cidade no passado, e ao contrário de Colónia que, durante a II Grande Guerra foi completamente arrasada pelos aliados, dizendo-se que o único edifício preservado foi a catedral, a cidade de Lubeck ficou incólume, sendo hoje uma cidade património mundial, reconhecida pela Unesco, com cerca de mil edifícios de interesse histórico.

Almoçamos na esplanada de um restaurante de charme, cuja cozinha ficava precisamente na cave de um desses edifícios históricos, e como era domingo circulava-se com grande à vontade por toda a cidade, pela qual fizemos uma visita panorâmica, entrando em algumas igrejas que estavam abertas.

A religião professada nesta região é o protestantismo, por isso as igrejas estão despojadas das riquezas de ouro e prata que, habitualmente se vêem nas igrejas católicas, mantendo contudo a sua beleza estética e arquitectónica.

Nesse périplo pela cidade adquirimos os famosos bolos de massapão, considerados os melhores do mundo, feitos com uma técnica algo semelhante aos nossos D. Rodrigos do Algarve.

Depois do registo fotográfico e mnemónico do que vimos nesta bela cidade, seguimos para Puttgarden, o local onde se apanha o ferry que faz a ligação da Alemanha à Dinamarca.

Nota: por razões operacionais estas fotos foram extraídas do Google e não da minha Cannon que também as registou.

publicado por Nuno Santos às 12:47

Abril 27 2014

 

Só hoje dia 27 de Abril é que, Guilherme Alexandre o rei da Holanda, celebra os seus quarenta e sete anos mas, contrariando a nossa crença de que, dá azar comemorar os anos de véspera, por razões meramente estratégicos, ou seja a ressaca do dia seguinte, a festa foi realizada ontem sábado para os holandeses poderem ressacar no domingo.

A bem dizer, a festa começou logo na sexta-feira à noite, porque é costume comemorar-se a noite e o dia do rei. Assim na sexta-feira após a saída dos empregos, os holandeses em especial os mais jovens, concentraram-se junto dos bares nos bairros mais tradicionais, onde há sempre muita música e sobretudo muita cerveja, a sua bebida preferencial.

Apesar dos supermercados estarem proibidos de vender mais do que uma cerveja por pessoa, é comum verem-se jovens, rapazes e raparigas com paletes de cerveja debaixo do braço.

O dia do rei tem dois programas distintos, o programa oficial e o popular. O primeiro conta com a presença da família real. Todos os anos é escolhida uma localidade, onde toda a família real convive com essas populacões que se esmeram nessa recepção, encenando representações e tradicões do passado e do presente,  nas quais alguns membros da família real colaboram.

Este ano a localidade escolhida foi a de Amstelveen, que em termos de proximidade para Amesterdão, está como Odivelas ou a Amadora para Lisboa.

Mas o ponto alto da festa e que faz com que neste dia Amesterdão quase duplique a sua populacão é feito pelo povo nas ruas.

Esta festa comemora-se um pouco por todo o país, mas tem uma maior incidência em Amesterdão, onde os passeios se  transformam em montras, mais parecendo uma gigante feira da ladra. Podem-se aqui encontrar os mais variados produtos usados, mas em bom estado de uso, tudo acompanhado com muita diversão e muita bebida.

Seguindo o ditado de que, em Roma sê romano, também nós comemoramos, tanto a noite como o dia do rei. Na noite de sexta-feira até choramos, não pela emoção da festa, mas por causa de uma sopa coreana que, embora muito boa, tinha entre os muitos outros ingredientes, imensas rodelas de malagueta. Mas custou apenas o primeiro impacto, porque depois a refeição foi super agradável, não só pela companhia, como pelo experimentalismo de conhecer outras gastronomias.

No sábado andamos pelos locais da festa, acabando no clube dos Lusitanos, um cantinho de Portugal na cidade de Amesterdão, fundado em 1968 por emigrantes, muitos deles fugidos da guerra colonial. É um local bastante popular e ontem estavam lá dezenas de portugueses de várias idades. Convivendo numa espécie de arraial popular, onde se servia frango assado, sardinhas, bifanas, vinho português e cerveja Sagres.

Esta foi a segunda vez que estive no Lusitanos, a primeira fora para assistir pela televisão à semi-final da Liga Europa, entre o Sporting-Atlético de Bilbau, de má memória para mim, porque perdemos após prolongamento.

Estes dez dias de férias que hoje terminam, tiveram um sabor redobrado, porque se o acto de viajar é já por si uma coisa boa, estar junto de quem se gosta, como é o caso dos nossos filhos, torna isso muito mais agradável.

Paradoxalmente nestes dez dias pelo norte da Europa, tivemos um tempo espectacular, e só hoje é que as previsões apontam para chuva. Ao que parece  em Portugal o tempo tem estado desagradável, mas com previsões de melhoria a partir de hoje, fazendo com que nos sintamos, os mensageiros do bom tempo.          

 

publicado por Nuno Santos às 11:02

Abril 25 2014
 

 

Embora muitas pessoas das minhas relações, já tenham nascido após o 25 de Abril de 1974, a frase “Onde estava você no 25 de abril?” certamente que não lhes é estranha.

Não saberão por certo é qual a sua origem. Á frase foi o título de uma série de dezasseis entrevistas, realizadas pelo jornalista e escritor Baptista-Bastos a outras tantas personalidades na década de noventa, para o jornal Público.

Mais tarde o Herman José celebrizou-a num dos seus programas humorísticos, o Herman Enciclopédia, fazendo uma caricatura do próprio Baptista-Bastos.

A mim se me fizessem essa pergunta – Onde estava você no 25 de Abril? Diria que, estava a poucas centenas de metros do largo do Carmo, onde se desenrolaram os acontecimentos de maior relevância, nesse dia.

Pois foi no quartel do Carmo onde se refugiaram os líderes do governo do antigo regime, e onde se fez a transição do poder, de Marcelo Caetano para o general Spínola, porque segundo o primeiro, o poder não podia cair na rua. Curiosamente e 40 anos depois os militares vão voltar ao Carmo, para aí celebrarem o 25 de Abril, porque precisamente os partidos que nasceram depois do 25 de Abril, não permitiram que eles falassem na casa da democracia que, eles ajudaram a construir. 

No 25 de Abril de 1974 eu tinha apenas 19 anos, feitos havia apenas nove dias, e embora já tivesse lido  alguma leitura subversiva como, “O Socialismo e a Religião” de Lenine, um livro que me tinha sido emprestado mas nunca devolvi ao proprietário, porque a minha mãe o queimou, soube-o só muitos anos depois, ainda não tinha uma grande consciência política, embora me preocupasse a questão da tropa e da guerra, e não raras vezes sonhasse com isso.

Esse dia era uma quinta-feira eu que tinha vindo para Lisboa em 30 de Setembro de 1973, vivia no Bairro Angola – Camarate, ao lado do aeroporto, com a família Ferrador, de quem era colega de trabalho. Como habitualmente saímos do bairro por volta das oito horas da manhã, no Austin 850 do Joaquim, rumo à Praça da Alegria, onde ele habitualmente estacionava o carro.

Sabíamos que algo de extraordinário se passara, o trânsito era menor do que o habitual e o rádio só passasse música clássica, porém lá entramos no escritório, situado da Rua das Pretas n.º 26 – 2.º andar, porque estávamos obrigados a picar o relógio de ponto, antes das nove horas.

Aí pelas 10 horas o nosso patrão José Luís Lopes Marques seguindo as instruções divulgadas pela rádio, mandou-nos a todos para casa, e como no dia seguinte era sexta-feira deu-nos ponte.

Ora, como eu morava fora de Lisboa e os transportes não funcionaram durante esses dois dias, fiquei impedido de me deslocar para a baixa, assistindo aos acontecimentos apenas pela rádio, passando a ouvir músicas de cantores anteriormente desconhecidos, como o Zé Mário Branco, Sérgio Godinho, Francisco Fanhais e muitos outros.

Nos dias que se seguiram a avenida da Liberdade tornou-se num manisfetódromo, raro era o dia em que não havia uma manifestação, e como o nosso escritório virava para a avenida, vínhamos às varandas saudar os manifestantes.

Em Setembro desse ano, vim morar para Lisboa e para o Largo do Camões no Chiado, o qual se tornou como que, o centro nevrálgico da revolução. Foi por ali que passou uma boa parte dos acontecimentos do PREC, desde o boicote ao primeiro comício do CDS, depois à tomada da Rádio Renascença e  do jornal República, a própria Intersindical instalou-se na rua Vitor Cordon.

Hoje dia 25 de Abril, quando se comemoram os quarenta anos, estamos em Amsterdão com o nosso filho, razão pela qual não vamos desfilar na avenida da liberdade, como tantas vezes o fizemos, ele ainda muito pequeno mas de cravo na mão, descia com grande felicidade a avenida.

Apesar da distância mas com a alegria de estarmos juntos, os três gritamos bem alto e em uníssono.

- 25 de Abri sempre! Fascismo nunca mais! 25 de Abril sempre! Fascismo nunca mais.     

publicado por Nuno Santos às 07:26

Abril 24 2014

Em 2008 o Gil Santos escreveu em cooperação com o seu filho, um livro com o título “De Chaves a Copenhaga, A Saga de um Combatente”, narrando as memórias e sofrimentos do seu avô e bisavô, António Santos, um ex-combatente do CEP Centro Expedicionário Português, durante a 1ª Grande Guerra. Eu tenho o privilégio de possuir esse livro autografado pelo autor que,  faz o favor de também ser meu amigo.

Num contexto mais prazeroso nestas mini férias da Páscoa, eu e a Celeste na companhia do nosso filho e da Rita, fizemos o percurso  de Lisboa a Copenhaga, tendo Amesterdão como uma espécie de base.

Assim na sexta-feira santa, à hora em que a maioria dos outeiro secanos estavam  no forte de S. Neutel, representando o Auto da Paixão e segundo já soubemos muito bem,  partimos nós de Lisboa para Amesterdão.

No dia seguinte logo pela manhã, saímos em direcção a Hamburgo na Alemanha, onde pernoitemos. Mas como o pretexto era apenas o de lazer, pelo caminho íamos visitando locais de interesse. Deste modo e ainda na Holanda, visitamos a cidade de Deventer, e depois já na Alemanha a de Hanover. É sabido que a maioria das cidades alemãs, foram destruídas durante a segunda guerra mundial, contudo a cidade de Hanover, reconstruiu grande parte dos seus edifícios, recuperando a forma arquitectónica que tinham anteriormente, mais parecendo uma cidade do tempo medieval, semelhante às que não foram destruídas pela guerra.

À noite pernoitamos em Hamburgo, considerada a segunda maior cidade da Alemanha a qual vive fundamentalmente do seu porto marítimo, no rio Elba. Actualmente é o segundo maior porto da Europa, só atrás de Roterdão, mas existem estimativas de que em breve, se torne no maior porto do mundo.

Portugal tal como o fez com o projecto da barragem do Alqueva, tem adiado o projecto da ampliação do porto de Sines, que o tornará num dos maiores portos de águas profundas, do mundo.

Hamburgo é uma cidade com uma grande dinâmica industrial e comercial, e por por via disso uma boa parte da cidade parece convertida num estaleiro, fazendo lembrar Lisboa, na fase da Expo 98, e mais tarde nos preparativos para o Euro 2004.

Uma das muitas empresas construtoras que vi foi a Zublin, já minha conhecida, porque foi accionista de uma empresa chamada Zucotec, cliente da Nucase. Esta empresa foi construída em Portugal, exclusivamente para recrutar mão de obra, fazendo-o essencialmente na região do vale do Ave e Tâmega, tendo inclusive escritório em Amarante.

Talvez por via disso, numa passagem de peões bem próximo de uma dessas obras, vimos no sábado uma faixa colocada por benfiquistas, dizendo “ Reservado SLB”, contudo não assistimos à festa, porque logo nessa manhã saímos para Lubeck, em Portugal conhecida por Lutreck.   

Hamburgo tem muitos pontos de interesse, desde igrejas, catedrais o edifício da câmara, mas à noite, todos os caminhos vão dar ao Reeperbahn, uma zona mais imponente que, o Red Light de Amsterdam, ainda que não seja tão hard cord.

Foi no Reeperbahn que, na década de sessenta se iniciaram os Beatles, tocando em muitos bares da cidade. A esse propósito aos domingos junto ao cais realiza-se um mercado volante, e no próprio edifício do mercado, em cada um dos topos existem dois palcos, onde alternadamente actuam bandas rock, alguns dos músicos que estavam a actuar tinham quase a idade dos Beatles.

publicado por Nuno Santos às 09:48

Abril 18 2014

Este é o dia mais importante da quaresma, o dia em que os cristãos celebram o momento em que Jesus foi julgado, condenado e crucifixado. Por todo o mundo há celebrações alusivas ao acto, algumas até bastante bizarras como acontece nas Filipinas, onde as pessoas se auto flagelam, uma coisa sempre degradante de ver.

Em Outeiro Seco o momento celebra-se com a tradicional via sacra ao calvário, um ritual que ainda hoje agrega muitos aderentes, ao contrário das exéquias da quinta-feira santa onde se celebra a adoração da cruz, e ontem por exemplo, apenas contou com pouco mais de uma dezena de pessoas.

Porém eu tenho outras memórias deste dia, embora nem todas relacionadas com este rito cristão. Recordo-me sobretudo que, durante quase vinte anos, dediquei a manhã deste dia à Corrida da Páscoa, uma prova que chegou a ter uma grande popularidade e pôs Outeiro Seco no mapa e no calendário desportivo do atletismo.

Esta prova além de fazer parte do calendário das provas desportivas do INATEL, estava no Anuário do Atletismo, uma publicação que tinha a data de todas a provas nacionais, e chegou a ser anunciada na revista Atletismo, embora esses anúncios fossem pagos, o nosso era oferecida pelo seu diretor e meu amigo, o Prof. António Campos, administrador da Xistarca, a empresa que mais provas desportivas organiza a nível nacional.

Durante alguns anos a equipa de futebol participava também neste dia, num torneio de futebol em Vila Nova de Veiga, onde chegou a sagrar-se campeã.

Hoje as atenções da aldeia estão todas concentrados na representação do auto da Paixão, a essa hora eu irei sobrevoar essa região, a muitos pés de altura, mas estarei a torcer para que cá em baixo, a representação obtenha o maior êxito possível.

De uma coisa eu me livro, é dos festejos dos meus amigos benfiquistas aos quais deixo aqui antecipadamente os parabéns pelo título de campeão, mas como disse o Ronaldo - Podem soltar os fogos, e as buzinadelas, porque eu estarei bem longe para os não ouvir.

 

publicado por Nuno Santos às 09:37

Abril 17 2014

O Futebol Club do Porto que nos últimos trinta anos nos habituou, a dominar o futebol em Portugal, ontem na Luz, deu-nos mais uma demonstração da sua perda de qualidade, já patenteada ao longo de todo o ano, basta ver a sua classificação e o número de derrotas contadas nesta época. Será que estamos no início de um novo ciclo?

É que nem o facto de ter jogado mais de uma hora contra dez jogadores, por causa da expulsão madrugadora de Siqueira, fez com que o Futebol Club do Porto alguma vez, estivesse por cima do jogo, pese embora o golo do Varela ainda o colocasse na final do Jamor, mas um penalti um pouco duvidoso do inexperiente Diego Reys logo a seguir,  anulou esse efeito catalizador.

O jogo foi muito quezilento, e nem o facto de na tribuna presidencial estar o presidente da UEFA, Michel Platini, tornou o jogo mais sereno. Houve muitas picardias desnecessárias e o árbitro Pedro Proença que, já foi considerado o melhor do mundo,  não conseguiu tornar o jogo fluente, embora não fosse ele o culpado das muitas paragens que o jogo teve. Só dos últimos quinze minutos, nem cinco foram de tempo de jogo útil.

Quanto ao Benfica foi um justo vencedor, ganhou por 3-1 eliminando assim a desvantagem de um golo trazida do Dragão, mesmo em inferioridade numérica o Benfica esteve sempre mais próximo de marcar que o Porto, e o golo de André Gomes é um hino ao futebol.

Assim no dia 18 de Maio vamos ter uma final inédita, com o Benfica – Rio Ave, pois a equipa de Vila do Conde que já é finalista apurado para a Taça da Liga, voltou a apurar-se ontem para a final da Taça de Portugal, no Jamor, ao derrotar em casa o Braga por 2-0, depois do 0-0 em Braga. Nesta época o Sporting de Braga, tem sido outra equipa, com um desempenho muito abaixo do normal, arriscando-se a ficar de fora das provas europeias.

Ontem foi um dia fértil em matéria futebolística, à mesma hora disputou-se em Espanha a final da Taça do Rei, com o clássico Real Madrid – Barcelona. O troféu acabou por ser ganho pelo Real Madrid por 2-1, apesar de não ter contado com o desempenho de Cristiano Ronaldo que, está lesionado e de quarentena para os jogos que aí vêm, quer da Champions League como do Mundial.

O campeonato segue no fim de semana e por certo que no domingo "Habemos campeão" por isso glória aos vencedores, honra aos vencidos.

 

 

 

publicado por Nuno Santos às 07:37

Abril 15 2014

 

Numa consulta ao Google sobre o dia 15 de Abril de 1955, constata-se que nesse dia não se passou nada de assinalável, porém no lugar de Outeiro Seco, concelho de Chaves pelas 14 horas, nasceu na rua de Baixo um bebe do sexo masculino, que os seus pais vá-se lá saber porquê, só o registaram oficialmente em 15 de Setembro desse mesmo ano, com o nome de Nuno Afonso dos Santos.

Porém ao longo dos séculos neste dia nasceram muitas outras pessoas, algumas das quais foram efectivamente figuras universais, como Leonardo da Vinci ou Charles Chaplin. Curiosamente além de mim, nasceram neste dia outros elementos da minha família, como os meus tios Miguel Novais (paz à sua alma) um minhoto de Fafe que, emigrou para o Brasil onde conheceu a minha tia Ana, e juntos constituíram a prole dos Novais. Mas também o meu tio Zé,(um abraço para ele) irmão do meu pai que, juntamente com o meu tio Alfredo são os únicos descendentes vivos do ex-combatente Manuel dos Santos, que no passado dia 9 de Abril, fez noventa e seis anos em que ele se bateu em França na batalha de La Liz contra os alemães, onde morreram 7.500 portugueses e ele foi feito prisioneiro.

Foi neste mesmo dia que em 1912 o Titanic se afundou. Hoje dia 15 de abril de 2014 o governo de Portugal vai se reunir para tomar medidas extraordinárias, as quais vão ter influência no  nosso futuro, nos tempos mais próximos. Esperamos que ao contrário do que aconteceu com o Titanic, sejam tomadas medidas que, façam erguer a proa a este país.

publicado por Nuno Santos às 10:21

Abril 13 2014

 

Ontem de manhã fomos ao Freeport que, embora seja desconhecido para uma grande maioria dos portugueses, o seu nome é porém conhecido, para por causa do célebre processo que, tentou incriminar o José Sócrates no licenciamento desta obra. Trata-se de um centro comercial outlet, onde se podem comprar produtos de marca, a preços mais favoráveis.

O que muita gente desconhece é que este centro, está inserido numa espécie de zona industrial, com a maioria dos equipamentos industriais fechados, e o próprio espaço onde se encontra construído tinha sido outrora uma fábrica de pneus, a qual estava abandonada, sendo por isso, um foco de contaminação do solo.

Este processo define bem o estado da nossa justiça e da prosmicuidade de alguns agentes, com a governação, pois  nasceu da uma carta de denúncia de, um deputado municipal do CDS que, em meu entender, tinha apenas um propósito, servir de ruído de fundo, para o silenciamento de um outro processo, esse sim bem mais grave, envolvendo nomes ligados à governação do PSD, incluindo conselheiros do presidente Cavaco Silva, e ele próprio, no processo do BPN.

E já com o caso do Freeport terminado, inventou-se outro, o chamado Face Oculta, implicando governantes ligados ao PS, cujo crime era o favorecimento na compra de sucatas, e onde um dos principais acusados, o ex-ministro Armando Vara, está acusado de ter recebido luvas no montante de 25.000 €.

Só que enquanto se andou a gastar tempo com estes dois processos, os prazo do processo BPN iam correndo rumo à prescrição, cujo resultado está agora à mostra de todos. Os autores das fraudes no BPN no montante de muitos milhões de euros, andaram quase todos em liberdade, fazendo outros negócios com os lucros obtidos ilicitamente no banco.

Sem querer fazer qualquer defesa, porquanto não me revejo em nenhum desses partidos, lamento que tenhamos de ser nós a pagar essas ilicitudes, pois só os custos suportados com o BPN já ultrapassam os quatro mil milhões de euros, estando na origem dos cortes cegos nos ordenados e pensões, enquanto que os prevaricadores continuam a viver como navabos.

 

publicado por Nuno Santos às 12:02

Abril 09 2014
 

A quaresma é o tempo que medeia o carnaval e a páscoa, sendo várias as tradições celebradas neste período, por todo o país, pese embora muitas delas já tenham caído em desuso.

A primeira é a quarta-feira de cinzas, porque depois da folia do carnaval, onde tudo é permitido, este dia, sendo de jejum e abstinência, serve para lembrar aos crentes, de que são mortais, e por isso há um tempo para as coisas mundanas e outro para as coisas espirituais.

Noutros tempos durante os quarenta dias da quaresma, rezava-se a novena da via-sacra, a qual simboliza o percurso de Jesus Cristo, do pretório onde foi condenado, até ao calvário onde foi cruxificado. Actualmente na nossa aldeia esta novena já só se reza às sextas-feiras.

Em miúdo nas quintas-feiras santas à noite, realizava-se na cidade uma grande procissão da via-sacra, a qual percorria várias ruas da cidade. Juntava sempre muita gente, da cidade e das aldeias vizinhas, esta foi mais uma tradição que se perdeu. Contudo, a via-sacra na nossa aldeia continua a realizar-se todas as sextas-feiras santas, percorrendo o nosso belo calvário, ainda que num modelo renovado, e mais participado, sobretudo na leitura dos textos.

Outra tradição desaparecida foi a Serrada da Velha, celebrada sempre na terceira quarta-feira da quaresma, a qual neste ano calhou em 26 de março. De vez em quando há associações culturais que ressuscitam esta tradição, sendo por isso notícia, mais por fazerem reviver a tradição, do que pela sua continuidade.

Na semana antes da Páscoa celebra-se a Bênção dos Ramos, simbolizando a entrada triunfante de Jesus Cristo em Jerusalém. Recordo-me da nossa azáfama na véspera, para arranjarmos os ingredientes que tinham de constar no ramo; oliveira, louro, alecrim, salva e cangorsa. No dia seguinte no adro ao fim da missa, comentava-se os ramos maiores e os mais criativos.   

O ponto alto das tradições da quaresma decorrem durante a semana santa, e apesar de se comemorarem um pouco por todo o país, onde têm maior expressão são em Braga, famosa pelas suas procissões, atraindo milhares de forasteiros, vindos em especial da vizinha Galiza.

Havia outras tradições como a Encomendação das Almas, celebrada na Beira Baixa mas também em Vila Verde da Raia. Contam que um dia o senhor que fazia essa prática, fê-la também em Outeiro Seco do alto da torre da igreja, só que nessa altura não havia os meios técnico de som de agora e por isso não se terá obtido, o efeito desejado.

Uma outra tradição muito comemorada na região entre Douro e Minho, é a Queima do Judas. O Judas é um boneco carregado de artigos pirotécnicos, só que antes de se queimar o Judas, é lido o seu testamento todo ele carregado de sátiras sociais. Nesse testamento são descobertas algumas das coisas incómodas e encobertas na terra.

Este ano os outeiro secanos vão recuperar uma tradição, que já não acontecia há cinquenta e três anos, a encenação do Acto da Paixão. Embora por razões pessoais eu não vá estar presente, desejo do fundo do coração um grande êxito para todos os intervenientes, de modo que a nossa aldeia saia mais uma vez dignificada, perante toda a região.   

 

publicado por Nuno Santos às 11:54

Abril 07 2014

 

 Foto de Fernando Ribeiro

 

                                                                                               fotos de Fernando Ribeiro

 

Este fim-de-semana vi uma reportagem na televisão, sobre o estado da casa pertencente à família de Aristides Sousa Mendes em Cabanas de Viriato, concelho de Carregal do Sal distrito de Viseu, e claro essas imagens trouxeram-me à memória, o solar dos Montalvões, por se situar na minha aldeia.

Bem sei que o protagonismo político da família Sousa Mendes foi diferente da família Montalvão. Durante a II Guerra Mundial Aristide Sousa Mendes enquanto cônsul de Portugal em Bordéus, salvou mais de 30.000 vidas concedendo vistos a judeus, salvando-os assim do holocausto.

 Mas a incúria em que se deixou chegar estas duas pérolas da construção solarenga da província, são semelhantes.

E se a casa de Aristides de Sousa Mendes se deveu à falta de meios da família, para a conservar, também porque Salazar ostracizou o cônsul, condenando-o quase à miséria.

O caso do solar dos Montalvões torna-se diferente, porque, pouco após o 25 de Abril e quando o solar ainda mantinha uma boa funcionalidade, precisando apenas de obras ao nível da cobertura, foi adquirido pela Câmara Municipal de Chaves. Ora, toda a degradação em que hoje se encontra, ocorreu já quando era património público.

Contudo soubemos que a casa de Aristides Sousa Mendes está em processo de restauração, o qual se vai iniciar já no mês de Maio. Enquanto que o solar dos Montalvões, pese embora várias promessas já apregoadas, lá continua a degradar-se em cada dia que passa.

Em Cabanas de Viriato a população fez um cordão humano para pressionar a sua recuperação, em Outeiro Seco assobiamos para o lado, ou vamos fazendo de vez em quando uma festa no páteo, com o patrocínio camarário. Da minha parte e como outeiro secano embora não residente, faço também uma mea culpa, por toda esta resignação.

publicado por Nuno Santos às 07:51

Um outeiro secano residente em Lisboa, sempre atento às realidades da sua terra.
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