Ficou cara a cegada desse ano ao Sr. Leonardo Faria, mas não foi pela paga aos segadores, porque esses, apenas receberam o que estava acordado. O pior foi o rombo que levou na pipa, porque ainda decorria o mês de Junho, e a próxima vindima, só seria dali a três meses.
Entre homens e mulheres o rancho compunha-se de dezoito a vinte elementos, uns eram segadores outros atadores, vindos dos lados do Barroso, sendo a primeira vez que o grupo segava na aldeia.
Como todos os ranchos tinham um capataz a quem o grupo obedecia, ora em chegando ao fim do eito, o capataz gritava em alta voz.
- Moca ao ar! Beinha o cloque.
De imediato o grupo se imobilizava, porque a frase era a senha para que o pipo de madeira de cinco litros, e com um buraco no centro bojudo, passasse de mão em mão. Passavam-lhe a manga da camisa pelo buraco, limpando a superfície molhada pelo companheiro anterior, elevando-o depois às bocas sequiosas, pelo calor abrasador desse tempo das segadas, escorrendo o líquido pelas gargantas fazendo o som, cloque, cloque, cloque.
O Leonardo costumava levar para a segada um garrafão de ola, com quase trinta litros, mas nesse dia, um dos seus filhos, teve que se montar na burra por mais de uma vez vindo à adega encher o garrafão, porque a frase mais ouvida era.
- Moca ao ar! Beinha o cloque.