Apesar de alguma antipatia clubística com o cineasta António Pedro Vasconcellos, do tempo em que era comentador desportivo no Trio de Ataque, rendo-me à sua capacidade e arte como realizador de cinema.
O seu primeiro filme que vi foi “o Lugar do Morto” considerado uma pedrada no charco do cinema português, representado por dois apresentadores de televisão da época, o Pedro Oliveira, entretanto desaparecido dos ecrãs, e a Ana Zanati agora convertida em actriz de novelas.
Seguiu-se Aqui del Rei, um filme sobre a época das campanhas de Mouzinho da Silveira em África, quando da prisão de Gungunhana, cujo enredo incidiu na paixão tórrida, entre um capitão e a mulher do ministro da guerra, da altura.
Em1999 realizou o “Jaime” um filme sobre o trabalho infantil, do qual gostei imenso, tendo-o visto uma segunda vez na televisão.
Filmou depois os Imortais, onde um grupo de quatro ex-militares que se reuniam anualmente, para comemorar os seus feitos em combate, num desses encontros decidem assaltar um banco.
A seguir foi a “Call Girl” com a sensual Soraia Chaves, um filme onde retracta uma realidade social, utilizada para obtenção de favores económicos de políticos e figuras importantes.
“A Bela e o Paparazzo” é uma comédia romântica, ficando famosa sobretudo pela brilhante canção do Jorge Palma “Encosta te a mim. Mais recentemente vi o filme agora estreado “ Os gatos não têm vertigens”.
Quase todos os seus filmes têm um denominador comum, a presença de Nicolau Breyner, funcionando como seu actor fetiche, e as excelentes músicas escolhidas, desde o “Não me Mintas” de Rui Veloso no Jaime, ao já citado “Encosta-te a Mim” do Palma e agora neste último, a Ana Moura com os “Os clandestinos do amor”.
Quanto às intérpretes, a sua escolha tem alternado entre a Fernanda Serrano e a Soraia Chaves, embora neste último filme, o papel principal caiba a Maria do Céu Guerra, com uma brilhante representação diga-se.
Embora não tenha sido muito apreciado pelos críticos da especialidade, eu gostei do filme. Mostra-nos uma situação social cada vez mais presente, o isolamento dos mais velhos, e o incómodo em que estes se tornam para as suas famílias, incapazes de darem resposta a este problema social. Outro aspecto do filme é uma amizade improvável entre duas gerações, mostrando que afinal ela pode ser possível e até regeneradora.