Outeiro Secano em Lisboa

Outubro 25 2014

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No meu tempo de estudante em Chaves, os Santos duravam mais de um mês, exercendo tal fascínio sobre nós que, qualquer furo que tivéssemos nas aulas, o nosso destino era direitinhos às barracas. Havia alunos que, atingiam o número máximo de faltas durante esse período, porque passavam o tempo, nos pavilhões dos matraquilhos.

Nessa altura as diversões aparcavam todas no largo do monumento, ficando perto da escola, mas ainda mais do liceu. Os pavilhões dos matraquilhos tinham duas razões para serem a concentração dos jovens, tanto rapazes como raparigas, ou em conjunto. Além das mesas dos matraquilhos onde se disputavam renhidas partidas ao perde paga, tinham as famosas juke box, onde em troca de uma moeda, ouvíamos as músicas que estavam na moda, porque na época, nem todos podíamos comprar esses discos, nem essas músicas passavam frequentemente nas rádios, sendo que em Chaves sintonizava-se basicamente a Emissora Nacional. Além de que também era uma maneira, de com os nossos gostos musicais, tentar influenciar positivamente as nossas colegas.

Recordo-me das minha músicas preferidas da altura, como In the Summertime de Mungo Jerry de Mother in law de John Lennon, ou ainda Sweet Lorde do George Harrison.

Estes pavilhões ou stands como também lhe chamávamos, estendiam-se pela rua do cemitério na época um descampado, onde ficava o stand do Romualdo, que tinha os melhores matraquilhos de toda a feira, outros ficavam mesmo no largo, havendo outros pelo terreiro de cavalaria abaixo, em frente à antiga fábrica dos Refrigerantes Flávia.

Os estudantes das aldeias a não ser quando os seus pais vinham à feira, eram pouco escrutinados, ao contrário dos naturais da cidade, os quais se podiam cruzar em qualquer momento com os pais, como aconteceu uma vez com o David Perez Pavão, meu colega de turma e sobrinho do senhor Pavão contínuo da escola.

Um dia estávamos nós embrenhados numa partida de matraquilhos, quando sem sabermos donde, apareceu a sua mãe que retirando um chinelo do pé, deu-lhe umas valentes chineladas, à frente de toda a plateia.

Apesar do pouco investimento camarário neste evento, a não ser na sistemática mudança de lugar, os Santos, porque se trata de feira centenária e com grande tradição regional, continua a ter o mesmo fascínio em todos os transmontanos residentes e não residentes. Infelizmente este ano não vou poder ir, mas agora a minha pena não é por causa dos matraquilhos, mas pela ração de polvo no Manolo.

 

 

 

 

 

 

publicado por Nuno Santos às 08:52

Um outeiro secano residente em Lisboa, sempre atento às realidades da sua terra.
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