Outeiro Secano em Lisboa

Setembro 11 2017

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Depois da festa costuma dizer-se, "estamos sem festa e sem dinheiro", porém, reside em todos os outeiro secanos uma enorme satisfação e orgulho, pelo cumprimento de mais um ano de tradição, apesar das dificuldades na montagem deste evento, serem cada vez maiores.

Dificuldades que se prendem sobretudo com a angariação dos fundos necessários para a realização da festa, a qual orça entre os vinte e cinco a trinta mil euros, com recurso apenas a dávidas individuais.

Ora, é sabido que as populações do interior estão ficando cada vez mais reduzidas e claro, Outeiro Seco não é exceção, ainda que os cadernos eleitorais da freguesia não expressem muito essa redução, só que a maioria dos seus novos moradores pela nossa proximidade com a cidade, adquiriram aqui as suas casas, mas não os nossos costumes e tradições.

Como nos anos anos anteriores, muitos outeiro secanos não residentes, responderam ao chamamento da saudade e da fé na sua padroeira, vindo dos países de acolhimento, alguns da Europa, outros atravessaram mesmo o oceano, só para estarem presentes na sua festa.

O programa foi semelhante ao dos anos anteriores. No dia 6 realizou-se a Festa do Reco, um evento novo que, vai criando raízes e ganhando cada vez mais aderentes. Protagonizado por uma comissão independente da Comissão da Festa, mediante a aquisição de uma pulseira, os utentes usufruem do direito a comer sandes de porco assado e caldo verde, a divertir-se ao som de um conjunto musical e ainda a assistir a uma sessão de fogo de artifício, montado por elementos da própria organização, mas cada vez mais profissional.

No dia 7 à tarde houve o tradicional jogo entre os Casados e Solteiros, desta vez a taça foi para os solteiros por 4-3. Ao fim da tarde verificou-se ainda um outro evento, o qual já mereceu o meu comentário noutro local e abstenho-me de o comentar aqui. À noite realizou-se a Procissão das Velas, o momento do programa onde se agregam a maioria dos naturais e residentes, por causa da romagem ao cemitério, onde descansam os seus entes queridos.

Como sempre o programa do dia 8 cumpriu-se com a alvorada logo às oito da manhã, onde os entusiastas do fogo marcam presença in loco, fazendo uma avaliação das expetativas daquilo que os espera na sessão da noite.

Seguiu-se a arruada pela Banda local pelas ruas da aldeia, depois a missa e procissão, este ano apenas com seis andores, não sei se por falta de fé nos santos, se pelo preço dos andores, agora armados em flores naturais, orçando entre os duzentos e os trezentos euros.

A nossa festa, embora seja aquela que mais forasteiros recebe, estes só vêm à noite, sobretudo por causa do fogo. Durante a tarde há um concerto pela banda, mas os presentes, limitam-se aos outeiro secanos locais e pouco mais.

À noite são milhares de pessoas, vindas de todos os cantos da região, enchem os dois recintos, um onde atuam as duas bandas filarmónicas este ano a de Pontido do concelho de Vila Pouca de Aguiar e a de Cumieira do concelho de Santa Marta de Penaguião.

Apesar da distância donde vêm, estas bandas apresentam orçamentos mais compatíveis que as bandas do concelho, o que não deixa de ser um paradoxo.

No outro recinto atua o conjunto normalmente mais procurado pelo público mais jovem. Têm passado por aqui bons conjuntos, mas neste ano a atuação do TV5 não mereceu uma crítica muito favorável.

Como a maioria das pessoas vêm exclusivamente para ver o fogo-de-artifício, após uma breve visita à igreja a fim de verem os andores, perfilam-se logo no local mais apropriado, quer do ponto de visão como de segurança.

Creio que muitos nem se apercebem, da beleza do templo, um monumento românico classificado como monumento nacional, este ano mais enriquecido com quatro telas restauradas e que cobrem toda a parede da capela mor, além dos frescos cada vez mais esbatidos das paredes laterais, mas que encerram ainda grande beleza.

O fogo-de-artifício esteve a cargo da empresa Minhota, e a julgar pelos aplausos no final da sessão, esteve à altura das expectativas dos milhares de forasteiros, os quais após o fogo partem logo em debandada para as suas terras não esperando pelo final do arraial às duas da manhã e assim não assistindo a um dos momentos altos da festa que é a despedida das bandas e a homenagem à santa padroeira, com a volta à igreja.

Está de parabéns toda a população de Outeiro Seco por mais uma vez manter esta tradição secular, mas sobretudo aqueles que com o seu empenho e sacrifício, tornaram esta festa possível, ou seja as Comissões da Festa do Reco, Comissão dos Casados e Comissão dos Solteiros.

Um destaque para o Costinha e os primos Gonçalves, que neste ano em matéria de fogo-de-artifício, quase competiram com a Minhota.

Por tudo isto viva Outeiro Seco! E porque para o ano há mais, podemos dizer com propriedade que não há festa como esta.

 

 

 

publicado por Nuno Santos às 09:31

Um outeiro secano residente em Lisboa, sempre atento às realidades da sua terra.
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