Outeiro Secano em Lisboa

Junho 16 2013

 

Como os santos populares nos acompanham durante todo o mês de Junho, culminando no dia 29, com o dia de São Pedro, o Santo António acompanhou-me para Espanha. E foi em Mérida capital da Estremadura espanhola, que assisti a uma procissão algo bizarra, semelhante a uma vivenciada quando fui mordomo no ano de 1999, quando na manhã do dia 29 de Setembro, dia de S. Miguel, o andor da senhora da Azinheira foi transportado por quatro almas, sem qualquer acompanhamento, da igreja da senhora da Azinheira para a igreja matriz, para se incorporar depois na procissão do S. Miguel.

No último dia 13 dia de Junho o dia do Santo, enquanto digeriamos o jantar, fizemos a travessia  pedonal da ponte romana de Mérida sobre o Guadiana, uma ponte com semelhanças arquitetónicas com a ponte de Chaves mas seguramente quatro a cinco vezes mais comprida, num pequeno bairro de uma das margens, deparamo-nos com uma pequena festa.

Depois da actuação de um grupo de flamenco, organizou-se então a procissão com o andor do santo António. À frente ia o pendão, depois o andor seguido por meia dúzia de pessoas, enquanto as restantes, não abandonaram as mesas e cadeiras de plástico, onde aquela hora saboreavam as famosas  "raciones de tapas".

Mas voltando às tradições do Santo António, na primeira metade do século XX em Outeiro Seco, os animais nomeadamente os porcos, circulavam livremente pelas ruas trepando as estrumeiras. Mas havia um porco que não era de ninguém em particular, era comunitário e chamavam-lhe o “réquinho do santo antónio”.

Este porco era alimentado por todos, ainda hoje se diz de alguém que gosta de socializar, comendo em várias casas, que, é como o réquinho de santo antónio. Mas na época das matanças o reco do santo antónio não fugia ao destino de ir à faca, só que antes era leiloado, ficando com ele, quem mais amigo era do santo.

A partir da segunda metade do século deixou de haver o réquinho do santo antónio, mas não a fé no santo para a protecção desses animais. E aos domingos na altura das matanças, no final da missa o Sr. Lépido ou o Sr. Manuel Pispalhas, os leiloeiros de serviço, leiloavam um ou mais pratos com uma parte do porco, composto por uma porção de fígado ou o coração e de um pouco de lombo,

que, toda a gente oferecia ao santo, pela graça do porco ter sobrevivido até à matança.  

publicado por Nuno Santos às 08:12

Um outeiro secano residente em Lisboa, sempre atento às realidades da sua terra.
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