Outeiro Secano em Lisboa

Fevereiro 11 2013
  
  

O cozido à portuguesa é um dos pratos mais conhecidos da nossa gastronomia, confecciona-se basicamente em todas as regiões, e até mesmo nas ilhas, daí ter o seu nome de ementa, associado ao nome do país.  No passado mês de Setembro o meu amigo Júlio Eurico, um amante da boa comida regional, esteve hospedado num turismo rural, em Ruivães, e em conversa com o proprietário da casa, o Sr. Miranda, este disse-lhe que, o melhor cozido do mundo, era na casa Ferrador, nas Alturas do Barroso, concelho de Boticas.

Desde daí começou a pressionar-me para irmos ao cozido, coisa simples, apenas a 500 quilómetros de distância,  fui-lhe temperando o desejo, dizendo-lhe que ao contrário do que se passa noutras regiões, nomeadamente em Lisboa, onde em quase todos os restaurantes, há cozido em todas as quintas-feiras do ano, em Trás-os-Montes  com garantia de qualidade, o cozido deve-se comer apenas no período, entre Dezembro e Março, altura em que as carnes do porco estão bem secas e bem temperadas. A conciliação de interesses vários, proporcionou  virmos ao cozido,  precisamente neste domingo gordo, pese embora a reserva da mesa, tivesse sido efectuada no mês de Novembro passado, porque neste restaurante, quem não faz reserva, não tem mesa, tal é a sua procura.

O restaurante situa-se no centro da aldeia, mesmo junto à igreja, ocupa os dois pisos da casa toda em granito, com ótimas condições de aquecimento, tanto no piso inferior como no superior, embora a lareira se situe no piso superior. Nesta época não existe “la carte”, quem vem já sabe qual é o menu,o cozido à portuguesa.

Antes do prato principal são servidas três entradas, todas à base do porco; alheira, linguiça, rojões transmontanos bem diferentes dos rojões minhotos e ainda umas tiras de fígado bem fininhas, no estilo das famosas iscas. Segue-se depois o cozido com todas as carnes bem temperadas, acompanhadas da batata barrosã, da couve de penca e ainda de arroz de feijão. O vinho é do Douro, mas produzido na margem direita, na zona do Pinhão. Após o prato principal são servidos ossos da assuã, e uma sopa do cozido, para compor o estômago. As sobremesas são à discrição; pudim de ovos, molotov, leite-creme, queijo com marmelada caseira, várias frutas, o que se quiser, a acompanhar o café vem uma aguardente caseira amarelecida.

Para quem veio de Lisboa e pouco habituado a estes climas, a cereja notopo do bolo foi a neve que começou a cair durante o repasto, embora nada que prejudicasse a mobilidade, mas acentuava ainda mais o ambiente rural,  ideal para se comer um cozido. Em anos anteriores já tínhamos repetido esta operação do cozido, por regiões do barroso, nomeadamente na hospedaria do Rio Beça, no Carreiro da Lebre, mas não há dúvida, o melhor cozido do mundo, é em Alturas do Barroso, no Restaurante Casa do Ferrador.           

publicado por Nuno Santos às 09:27

Partindo de Chaves para sudoeste, percorremos cerca de 60 km envolvidos em terras agrestes passando a sul da albufeira de Alto Rabagão, reservatório natural do rio Cávado. Dia frio e chuvoso que a altitude transforma em neve.
O que faz procurar um repasto tão longe ? A partilha do prazer de algo diferente com a família e os amigos. Cozidos à portuguesa fazem-se por todo o lado, até em Lisboa os há bons. Este, na Casa Ferrador em Alturas, é o melhor do mundo. Agora já somos testemunhas. O local, a construção em granito com interiores confortáveis em castanho, o sabor das carnes de animais criados com tempo, a cura acertada do fumeiro, o requinte dos adereços, são o resultado da aposta do jovem Humberto e família na diferenciação pela qualidade.
Recomenda-se uma visita. Pela nossa parte, voltaremos com certeza.

Júlio,Família & Amigos de Outeiro Seco.
Júlio a 12 de Fevereiro de 2013 às 21:26

Um outeiro secano residente em Lisboa, sempre atento às realidades da sua terra.
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