A França viveu nesta semana dois acontecimentos que chocaram o Mundo. O primeiro foi a recusa de um “maire” em permitir o enterro de uma criança de etnia cigana no cemitério municipal, com o argumento de que os pais, não pagavam impostos, como se o facto de perderem um filho e serem pobres, não fosse já em si muito penalizador.
O segundo caso foi o ataque terrorista ocorrido ontem ao jornal satírico “Charlie Hebdo”, um símbolo da liberdade de imprensa, o qual fez doze mortos e perpetrado por dois fanáticos islamitas. Claro que este acontecimento tem uma maior visibilidade, embora ambos sejam demonstrativos da intolerância em que todos vivemos.
E se todos os ataques terroristas devem ser condenados onde quer que ocorram, em França o berço da liberdade, igualdade e fraternidade ainda choca mais, porquanto, foi sempre um país acolhedor e refúgio de todas as tendências, foi ali que se exilaram a maioria dos portugueses, opositores ao anterior regime, mas também Khomeini, o líder supremo religioso do Irão, o qual viveu vários anos exilado em Paris.
Contrariando a máxima de que, “em Roma sê Romano”, em França existe uma enorme margem de tolerância perante todos os credos religiosos. Agora e perante os acontecimentos de ontem, esperamos que não se venham a exacerbar maiores sentimentos de intolerância e xenofobia, defendidos por alguns dos movimentos extremistas, os quais também existem em França.