A função de recepcionista foi sempre considerada uma função estratégica para a empresa, por ser o primeiro impacto com o cliente, quer seja via telefone ou presencialmente.
Ainda que na altura não houvesse formação, em técnicas de atendimento, tivemos no escritório do Rossio uma recepcionista, a Luísa Jordão que, só com o seu charme, encantava os clientes que nos visitavam.
Alguns dos clientes na sua maioria de meia-idade, embora de outros escritórios da Nucase, vinham preferencialmente ao escritório de Lisboa pagar a avença, ou entregar documentos, apenas para arregalarem as vistas com a Luísa.
O estafeta do Sindicato dos Oficiais Maquinistas, um dos clientes mais antigos da Nucase e que já transitara da Parede para Lisboa, também ele já não muito novo, sempre que vinha ao escritório de Lisboa, antes de tocar a campainha e em jeito de serenata, cantava um fado à Luísa. Quando entrava, perguntava-lhe se tinha gostado, dizendo que fora em sua homenagem.
Um outro cliente da Parede, do Departamento da Teresa Espada, arranjava mil e um pretextos para ir ao Rossio, levando um documento de cada vez. Era um senhor já de meia-idade do tipo marialva. Vestia fato impecável, com os sapatos matizados a preto e branco, um bigode fino bem aparado, levava-lhe flores e fazia-lhe convites para almoços, deixando bem explícito o seu assédio.
Um dia encontrando-a debruçada no balcão da papelaria que funcionava no vão de escada, este nosso cliente, não resistiu ao charme da Ana Luísa e apalpou-lhe o traseiro. Esta apanhada desprevenida, reagiu mal à investida.
Na festa de Natal desse ano, o Nuno Santos fez a seguinte quadra à Teresa Espada, onde o cliente tinha a sua contabilidade:
Passa por nós no Rossio
Oh! Teresa Espada, sem medo
Porque temos cá a Luísa
Para a atender o Figueiredo