Outeiro Secano em Lisboa

Junho 19 2017

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 Foto do Público

 

O terrível incêndio de Pedrógão Grande, considerado desde já o maior de sempre em Portugal, por causa do número de vítimas causadas, trouxe à discussão temas recorrentes, como o ordenamento do território, a prevenção e o combate aos incêndios, além de outros temas como a cobertura televisiva.

Embora atento ao acontecimento, tenho evitado assistir às reportagens televisivas, sobretudo à sistemática repetição das imagens telivisivas, assim como às explicações de técnicos de gabinete, a maioria dos quais, nunca se viu confrontado com um incêndio.

Claro que o tema é muito controverso, digo isso porque já me vi confrontado de perto com este fenómeno, por mais de uma vez. Há poucos anos em Vilela Seca, concelho de Chaves, ajudei a estender as mangueiras aos bombeiros de Vidago, quando o fogo estava a cerca de três ou quatro quilómetros de distância. Ainda não tínhamos acabado de estender as mangueiras e tivemos de fugir, levando o carro as mangueiras de rasto, porque o fogo, já estava em cima de nós. Valeu-nos a circunstância de estarmos numa estrada asfaltada e ter sido fácil a escapatória.

Sobre este incêndio não deixa de ser paradoxal que, quando o mesmo ainda não se extinguiu, assim como não se tenham identificado todas as vítimas nem feito os funerais, já se procurem culpados desta catástrofe, mas em meu entender as suas causas estão muito a montante, desde logo no ordenamento do território.    

Ora, quando nas cidades do interior se fecham escolas, maternidades e outros serviços hospitalares, e as empresas e os serviços são deslocalizados para o litoral, contribuindo para a sua desertificação destas regiões, claro que se está a potenciar os incêndios.

Eu estive apenas por duas vezes nesta região, tendo almoçado numa delas em Figueiró dos Vinhos. Uma das coisas que me chamou a atenção foi a quantidade de casas solarengas ali existentes, muitas delas em estado de abandono, sinais dessa mesma desertificação.

A imagem publicada hoje na capa do Público é ilustrativa dessa realidade, atente-se na densidade deste pinhal, além de contribuir para uma maior propagação dos incêndios, contribui também uma menor rentabilidade económica do mesmo. Ora estando este pinhal à beira de uma estrada, quem é o responsável pelo seu estado? Claro que em primeiro será o proprietário, mas tratando-se de um depósito de combustão não existe uma fiscalização que obrigue à sua limpeza?

publicado por Nuno Santos às 20:37

Um outeiro secano residente em Lisboa, sempre atento às realidades da sua terra.
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