Outeiro Secano em Lisboa

Abril 27 2013
Como natural de Chaves mas a trabalhar e viver em Lisboa, sempre ostentei com orgulho, essa minha condição de transmontano e flaviense, propagando junto do meu círculo de amigos a minha terra, aproveitando a maioria dos feriados e pontes para a visitar, mais a terra do que propriamente a família, até porque é nesta nesta cidade que tenho a minha segunda habitação, e como expectativa de vida quando da minha reforma, alternar a minha permanência entre Chaves e Lisboa.
Ontem constatei infelizmente uma situação, a qual me fez reflectir seriamente sobre esse futuro, muito por causa da assistência médica, ou antes da falta dela, actualmente em Chaves.
Durante a última semana lemos e ouvimos que, a região transmontana perdeu na última década, mais de trinta mil habitantes, sendo agora os seus habitantes na sua maioria, velhos e doentes, precisamente os mais necessitados dos serviços médicos. E quando as boas práticas aconselhavam o reforço destes serviços, aconteceu precisamente o contrário, deslocalizaram-se serviços do Hospital de Chaves para Vila Real, apesar de Chaves continuar a receber os utentes dos concelhos de Chaves, Valpaços, Montalegre e Boticas.
Ontem estive estive na sala de espera da urgência do hospital de Chaves, onde um meu familiar esperou cerca de 14 horas, em condições super precárias, só para conseguir o seu internamento.
Durante essa espera presenciei a situações paradoxais, como doentes bastantes idosos de um lar de Valpaços, após as consultas regressarem ao lar, só que em vez de num transporte adequado a transportes de doentes, fazê-lo numa viatura ligeira de passageiros, como se fossem meros passageiros em turismo.
Assisti também a um diálogo, entre um funcionário do hospital e uma utente, conhecidos e vizinhos, o qual me deixou surpreendido e apreensivo.
- O que é  estás aqui a fazer? (diz o funcionário)
- Vim com a minha filha que se sentiu mal, está lá dentro o Fernando (pai)
- Francamente! Porque não viestes antes das oito horas! Não sabeis que depois das oito da noite, não há pediatras de serviço?
Fiquei a saber que as crianças de Chaves e da região, não podem ficar doentes durante a noite, porque a partir das vinte horas, não há serviço de pediatria no hospital de Chaves.
Ora eu que tinha uma visão romântica da minha terra, começo a constatar de que viver em Trás os Montes, é um acto de coragem, razão pela qual saíram nesta década trinta mil. Com este rumo quantos mais não irão sair nos tempos mais próximos?       

 

 

publicado por Nuno Santos às 10:19

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Um outeiro secano residente em Lisboa, sempre atento às realidades da sua terra.
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