Hoje em Chaves todos os caminhos vão dar ao estádio municipal, para apoiar o Desportivo, no jogo decisivo que o levará de regresso à segunda liga. Eu próprio vim de Lisboa tal como muitos outros flavienses, com quem já me cruzei nas ruas da cidade, até o meu primo Zé Mau veio de Baleizão, só para ver o jogo.
Sem querer ser desmancha-prazeres, é importante fazer uma reflexão sobre qual o tipo de clube que na actual conjuntura económica e social, mais interessa à cidade e à região.
Sabemos que a segunda liga dá-lhe um maior protagonismo e maiores receitas, sobretudo das transmissões televisivas. Mas por outro lado, também acarreta mais despesas, quer na folha de remunerações do seu plantel, como nas deslocações a sul do Douro, quando nesta divisão os seus jogos eram sobretudo na zona do Porto, onde tinha uma grande base de apoio.
Em minha opinião os flavienses e amantes do Desportivo, deveriam seguir os exemplos próximos de Guimarães e Braga, adotando o clube da terra, como o clube do coração. Nessas cidades os resultados dessa adoção são visíveis, com ambos a jogarem para a Europa, e o Braga até tem estado bem perto dos títulos, inclusive este ano ganhou a Taça Liga ao Porto.
Em Chaves pelo contrário eu noto que o apoio ao Desportivo é pontual e residual, pois quando na sexta-feira fui à secretaria do clube, regularizar as minhas quotas de 2013, fiquei bastante desiludido, porque apesar de ser um não residente, que assiste a mais jogos do Desportivo fora, do que em casa, constatei ser apenas o sócio número 576, o que demonstra estarem os flavienses de costas voltadas para o clube, razão pela qual as Casas do Benfica e do Porto têm imensa força nesta região, inclusive com equipas que participam nos campeonatos regionais. Para ter uma situação económica mais ou menos equilibrada, o Desportivo precisa de ter no mínimo 5.000 sócios pagantes. Se tal não acontecer e a subida resultar de novo em situações como no passado, com o seu nome de novo nos jornais, não pelas vitórias mas pelos ordenados em atraso e processos em tribunais, então eu sinceramente prefiro que continue na divisão secundária, naquela velha máxima de que “mais vale pobre mas honrado”.