Outeiro Secano em Lisboa

Fevereiro 28 2013

Há quem defenda que a nossa terra é onde ganhamos o nosso dinheiro. Para mim a nossa terra é onde nos sentimos bem, por isso eu digo que sou de Outeiro Seco, e do concelho de Chaves.

A bem dizer eu deveria evocar uma outra terra, não aquela onde nasci nem onde ganho o dinheiro, mas onde tenho a minha habitação permanente e sou contribuinte perante a lei das finanças locais, a cidade de Odivelas.

Mas a não ser esses laços institucionais, confesso que tenho pouca afectividade com Odivelas, talvez porque durante anos, senti-me mais ligado a Loures, a anterior sede do concelho, com cuja gestão camarária tinha maior afinidade politica. 

Aliás essa afectividade a Loures é extensiva à Celeste, que apesar de se ter reformado numa escola em Odivelas, distante da nossa casa apenas duzentos metros, onde leccionou catorze anos, ainda hoje sente nostalgia da escola de Fanhões, no concelho de Loures, onde leccionou durante dezanove anos, e fez amigos para a vida agora comuns aos dois. Ainda agora nas suas actividades de voluntariado e como utente da universidade sénior, optou por Loures, onde reune um maior número de amizades. 

Odivelas é das cidades da zona metropolitana de Lisboa mais emergente, em apenas vinte anos 1950-1970 passou de 6.772 h para 51.395 h e nos últimos censos, apresentava cerca de 60.000 habitantes. Foi um concelho criado apenas em 18 de Novembro de 1998, anteriormente pertencia ao concelho de Loures, daí a minha relação com essa cidade.

Quem passa na A8, Odivelas parece-lhe um aglomerado de betão, mas não é propriamente assim, Odivelas é uma terra muito antiga e com muita história. Sendo outrora um prolongamento das quintas da nobreza que, havia no paço do Lumiar, está ligada a Lisboa pela célebre Calçada de Carriche.

 Era por certo de Odivelas, a Luísa em quem António Gedeão se inspirou no célebre poema, “ Calçada de Carriche” – (Luísa sobe, sobe a calçada, sobe não pode, que vai cansada……) mas há muitos outros episódios ligados a Odivelas, que a situam num passado muito distante.

Desde logo o seu próprio nome, associado a uma lenda com alguma brejeirice. Diz-se que no mosteiro de São Dinis e São Bernardo, mandado edificar por D. Dinis, cujo túmulo ali se encontra, para pagar uma graça a Deus, quando durante uma caçada, se viu encurralado por um urso e vendo a sua vida em risco, prometeu construir um mosteiro, se saísse salvo daquela situação.

O mosteiro era habitado por freiras, ficando célebre a Madre Paula que se diz ter sido amante do rei D. João V. A rainha avisada da infedelidade do marido, saiu-lhe um dia ao caminho e perguntou-lhe – Ides vê-las, senhor? Ides vê-las?

Razão pela qual se atribui o nome a Odivelas, a terra onde eu moro há mais de trinta anos.

publicado por Nuno Santos às 19:03

Fevereiro 27 2013

Apesar do blog ter nascido há menos de dois meses, atingiu hoje as cinco mil visitas. Faço a referência ao facto, porque 5.000 é um número mítico, agradecendo a todos quantos o visitaram, em especial aqueles que, de alguma forma, contribuíram com o seu reforço positivo.  Neste blog têm sido tratados temas da mais variada espécie, uns de caracter local, outros mais universais, cujo lema será sempre esse, aberto a todos sem qualquer moderação, desde que se respeite a liberdade individual de cada um.

Hoje foi também um dia muito especial na nossa aldeia, porque nevou com tal intensidade, fazendo lembrar aos mais velhos os invernos do passado, dando até para fazer bonecos de neve. Para recuar a esses tempos, só faltou a batalha com bolas de neve entre a garotada do Eiró contra a do Pontão, travadas na fronteira, ou seja no largo do tanque. Infelizmente isso já não é possível, primeiro porque já não existe esse espírito de rivalidade sadia entre os dois bairros, segundo porque já não há tanta garotada como nesse tempo, e em terceiro, porque já nem frequentam a escola da aldeia.

Mesmo à distância, foi curioso porque há hora do almoço, recebi três telefonemas de pessoas diferentes, dando-me nota de que no jornal da tarde, estava a mostrar a neve em Chaves. Isso ilustra de alguma maneira que o facto de eu viver a quinhentos quilómetros de distância, para os meus amigos mesmo não flavienses, Chaves continua a fazer parte do meu quotidiano, da mesma maneira que espero que este blog, continue a fazer parte do vosso.

 

publicado por Nuno Santos às 19:55

Fevereiro 25 2013
Esta madrugada ficamos a conhecer os vencedores dos oscars de 2013, cujos laureados, contrariamente ao que tem acontecido em anos anteriores, não tiveram um grande efeito surpresa. A noite dos óscares é para os cinéfilos mas não só, uma noite muito especial, por causa do glamour dos artistas e convidados.
Confesso que não perco muito tempo com isso, embora goste de saber quem foram os premiados, e nas minhas idas ao cinema,  a escolha é feita muitas vezes em função da classificação dos filmes. Ainda não tive oportunidade de ver todos os filmes premiados, mas fiquei satisfeito com o facto de Daniel Day Lewis ter ganho o óscar de melhor actor.
Há dias vi o filme Lincoln, protagonizado pelo Daniel Day Lewis, onde o actor encarna de tal modo a personagem, que quase parece o próprio Abraham Lincoln, tal como o vemos em fotografias da época.  O filme não é uma autobiografia sobre o 16.º presidente da América. A acção incide essencialmente na aprovação da 13ª emenda à constituição americana, onde se aprovou o fim da escravatura.
Frequentemente conhecemos situações e jogos de bastidores, ocorridos em vários areópagos, parlamentares mas não só. Apesar deste acontecimento ter ocorrido em 1865, foi curioso conhecer os meios e as formas utilizados, para obter essa aprovação. Quem assistir ao filme, ficará a saber que essas jogadas de bastidores, já se faziam nesse tempo, mesmo no país da democracia. Para obter os votos necessários, o partido republicano liderado por Lincoln, comprou vinte e três votos a senadores democratas, a troco de benesses e lugares de protagonismo.
Ainda que o post sobre os Lavoisier, pareça não ter nada a ver com este, existe contudo uma particularidade, a qual gostaria de referir. A Empire, que é a revista de cinema mais vendida no mundo, editada também em versão portuguesa, tem como sua directora a Sara Afonso, que é irmã do Roberto Afonso, músico dos Lavoisier. A Sara nasceu em Vinhais, e veio com pouco mais de um ano para Lisboa, sendo uma prova de que em Trás-os-Montes, além do bom fumeiro,  também se produzem bons valores humanos.
publicado por Nuno Santos às 23:25

Fevereiro 24 2013
Antoine Lavoisier foi um químico francês, considerado o pai da química moderna, célebre pelos seus estudos da conservação da matéria e autor da célebre frase “Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
Os Lavoisier são um duo musical, composto pelo Roberto Afonso e Patrícia Relvas, dois jovens naturais de Odivelas, licenciados na Escola Superior de Artes e Design das Caladas da Rainha, que tal como tantos outros da sua idade, tiveram de ir atrás do futuro noutras paragens, escolhendo a Alemanha e a sua capital Berlin um local muito emergente em matéria da arte.
Na sua apresentação dizem eles que foi o facto de viverem fora do país, os fez verem de fora o que antes nunca tinham visto cá dentro, a beleza da música portuguesa. E pegando no conceito do químico também eles pegaram em músicas tradicionais como; Machadinha, Alecrim ou Sra. do Almurtão, juntamente com outras de Zé Mário Branco e até poemas de Pessoa, transformaram-nas com uma nova sonoridade, onde a voz e expressão da Patrícia, as enriquece ainda mais.
Os pais do Roberto são transmontanos de Vinhais, nossos amigos há quarenta anos, por isso, seguimos de perto a sua vida, e o seu percurso musical. É uma relação intergeracional, pois já actuaram na Holanda no Festival de Cinema Ibérico, por interferência do nosso filho Pedro, à qual por acaso tivemos o privilégio de assistir, assim como o Pedro e a Rita estiveram já na sua casa em Berlim.
Os Lavoisier estão agora em Portugal para gravar o seu segundo disco, embora seja o primeiro numa versão mais profissional. O primeiro foi produzido inteiramente por eles, agora estão a ser produzidos pelo José Fortes, um dos técnicos de som mais conceituados de Portugal, responsável pela gravação de discos de; Carlos do Carmo, Fernando Tordo, Fausto, e tantos outros.
Ontem os Lavoisier deram um concerto em Lisboa, no Bar Primeiro Andar, o qual funciona no velhinho Ateneu Comercial, na rua Portas de Santo Antão.
Apesar da falta de condições necessárias concertos ao vivo, a qualidade intrínseca dos artistas ultrapassou essas limitações. A sala estava repleta de amigos que seguem à distância, o seu percurso artístico.
Além do espectáculo foi bom rever muitos amigos que, se reencontraram para incentivar o trabalho destes jovens artistas, a quem se augura um grande sucesso. Para ilustrar essa qualidade aqui fica uma amostra do seu valor.
 
 
publicado por Nuno Santos às 10:20

Fevereiro 21 2013
Foto retirada da net

Por razões de ordem profissional desloquei-me hoje ao Palácio de Justiça, na rua Marquês da Fronteira, onde estava arrolado como testemunha numa contenda, entre um senhorio e um inquilino, cliente do nosso escritório.
A primeira vez que fui notificado para este julgamento, foi já no ano de 2011, e depois de cinco notificações sempre desconvocadas, o julgamento acabou por se realizar apenas hoje, uma vulgaridade da nossa justiça.
Como o julgamento estava marcado para as 14,30 horas, cheguei ao tribunal na companhia de uma outra testemunha às 14,10 horas, e para quem conhece este tribunal, ver aquele corredor sem vivalma, dá para perceber quanto desperdício de dinheiros públicos, não estão na abertura do Campus da Justiça, na Expo.
O Palácio da Justiça tem nove pisos, existindo no mínimo três salas de audiência em cada piso, mas no 5.º piso onde se situa a 8ª vara, apenas uma das salas de audiências, estava a ser utilizada. A tudo isto há a acrescer outros gastos, como a limpeza e as luzes de um corredor deserto.
Ultimamente tem-se ouvido o anúncio da intenção de fechar tribunais na província, assim como a perda de valências de outros. Esta medida obriga alguns utentes a fazerem quase uma centena de quilómetros, só para lá se deslocarem ao tribunal da sua comarca, mas em Lisboa, assistimos à abertura do Campus da Justiça, do qual segundo se diz que o ministério da justiça, paga uma fortuna de rendas, quando o Palácio da Justiça está a meio gás.
Ontem ouvimos também o ministro da saúde a dizer que, se construíram hospitais a mais. Mas depois da abertura do novo Hospital de Cascais, de Vila Franca de Xira e de Loures, por acaso o hospital da minha zona, diz-se que o projecto de construção do Hospital de Todos os Santos também em Lisboa, é para avançar.
São estas situações que fazem com que tenhamos dificuldade, em entender algumas das medidas do governo, nomeadamente as tais gorduras que pelos vistos, são só para alguns mas poucos, porque a maioria de nós, há muito que entrou já em dieta.

publicado por Nuno Santos às 22:57

Fevereiro 20 2013

 

Há dias fiz um post sobre o parque empresarial, enaltecendo o investimento para ali previsto. Contudo confesso que desconheço, se, as águas pluviais e residuais ali geradas, já estão recolhidas na rede pública, espero bem que sim, pois recordo-me do investimento anunciado para o efeito, na ordem dos dez milhões de euros, embora este montante estivesse incluído transfência da anterior ETAR, junto ao Alto da Forca, para um local mais adequado e desabitado, junto à estrada de Braga.

Recordo-me das obras da abertura das valas para a passagem da canalização, e que tanto desconforto gerou, nos utentes da Av. Do Tâmega, assim como da construção das estações elevatórias, uma delas num terreno da minha família, foi expropriado para o efeito.

Por isso tenho fé que tal situação esteja resolvida. Vem isto a propósito da fotografia que hoje publico, do lugar do Campo Lavrado, onde praticamente nasce o Rigueiro do Cego, também ele agora encanado, pelo menos em muitos dos lugares do seu curso.

Recordo-me que era um ribeiro com muito peixe, e chegando o mês de Março, quando pega a rasca, faziam-se ali grandes pescarias mas não era à cana, era com o mingacho ou com uma nassa. Já não o podem testemunhar porque já não estão entre nós, o tio Lépido Ferrador, o meu pai e o Filipe Assunção, os três mais o Picó Cão que morava no Bairro Operário, foram dos maiores pescadores do Rigueiro do Cego.

Mas este ribeiro não tinha só escalos, barbos ou trutas, ainda que em menor número, mas tinha também outras espécies como enguias que as vi eu com estes olhos que a terra há-de comer.

Um certo dia andava eu com o Sr. Zé Pispalhas no lameiro do Campo Lavrado, onde ele consertava uma aberta, quando vimos uma enguia bem grande. Entusiasmado com tal descoberta, o tio Zé cravou-lhe os dedos calejados no lombo, e na sua cara via-se já quão radiante estava com o trofeu. Mas a enguia viscosa como era, ondulou e saltou-lhe de novo para a água. Foi tão grande o seu desânimo que, passados estes anos ainda me recordo da sua frustração.

publicado por Nuno Santos às 19:22

Fevereiro 19 2013
 
A LUTA ENTRE O CARNAVAL E A QUARESMA (1559) — Pieter Bruegel (1564-1638) — Kunsthistorisches Museum, Viena
 
Antigamente eram bem diferentes os quarenta dias que medeiam o Carnaval e a Páscoa. Por isso, aquele samba onde o Martinho da Vila canta “ Pra tudo se acabar na quarta-feira” já não faz mais sentido, porque ainda no domingo passado, o primeiro domingo da quaresma, enquanto pelo Skipe conversava com uns primos que vivem no Rio de Janeiro, por sinal próximo do sambódromo, eles diziam que ali ao lado, estava a decorrer o desfile das escolas vencedoras.
Em miúdo recordo-me do sacrifício para não dizer suplício, a que a minha mãe me sujeitava, a mim e aos meus irmãos, obrigando-nos a fazer jejum e abstinência na quarta-feira de cinzas, não nos deixando comer as sobras do cozido do Entrudo, eu que ainda hoje adoro essas iguarias.
O mesmo acontecia depois em todas as sextas-feiras da quaresma, todas elas de jejum e abstinência, apesar de se pagar a bula ao padre. Confesso que muitas das vezes não resistia à tentação da carne, e pecava, mas não era com toucinho do enguião, quando pecava era logo com uma linguiça, roubando-lha quando apanhava a cozinha sozinha.
Porém esses tempos, não se diferenciavam apenas pela abstinência da carne, mas também e sobretudo, pelos hábitos religiosos, como a via-sacra a qual se fazia todos os dias com a igreja cheia. Agora reza-se apenas à sexta-feira à noite, e vão uma dezena de pessoas, ou pouco mais e depois na sexta-feira santa percorrendo o calvário. Mas mesmo essa via-sacra da sexta-feira santa é diferente, já não se enumeram os suplícios aplicados a Cristo, agora leem-se textos, adaptados à modernidade. Os santos dos altares já não são tapados com panos roxos, embora se mantenha o uso de não tocar o sino, na semana santa. O Sr. José do Forno ainda hoje conserva essa mágoa, de não ouvir o toque a finados no funeral da sua mãe, precisamente porque faleceu na sexta-feira santa.
Nos meios rurais mantém-se ainda o hábito de ao meio dia de quinta-feira santa, tocar o sino a finados, simbolizando a morte de Cristo. A partir desse momento, guarda-se dia santo de guarda, prolongando-se até ao meio dia de sexta-feira. O sino só volta a tocar à meia-noite de sábado de aleluia. Porém nas cidades a quinta-feira é dia de trabalho, e faz-se o feriado depois na sexta-feira.
Os sete domingos da quaresma contam-se da seguinte forma: Ana; Magana; Rebeca; Susana; Lázaro; Ramos na Páscoa estamos. O Lázaro apesar do seu simbolismo religioso por representar um milagre de Cristo, era vivido na nossa região com algum paganismo, pois coincidia com a feira anual de Verin, a qual está para os nuestros hermanos, como para nós os Santos, sendo a única altura do ano em que a fronteira era livre.
O dia de Ramos era uma festa que começava logo no sábado à tarde , com a procura dos elementos com que se fazia o ramo, o louro, oliveira, cangorsa e salva e o alecrim. Na missa de domingo quando da sua benção, despicavam-se o ramo mais imponente, uma prática que de certa maneira, ainda hoje se mantém na aldeia, onde o Zé Serra faz questão de apresentar o ramo maior.
O dia de Páscoa de comum com o da minha meninice, tem apenas os folares. Esse dia amanhecia com uma alvorada de foguetes, e após a missa, ouvia-se por toda a aldeia o tilintar da campainha, anunciando aleluia, aleluia e o compasso visitava todas as casas, as quais se arranjavam a primor, com flores e as melhores rendas, para receberem a benção do senhor. Enfim mudam-se os tempos mudam-se as vontades, mas apesar de não ser um saudosista, não deixo de me lembrar com saudade, de algumas coisas desse passado. 
publicado por Nuno Santos às 23:17

Fevereiro 18 2013
Vista aérea do Parque Empresarial de Outeiro Seco
 

Foi com satisfacção que li na newsletter n.º 49 da Camara Municipal de Chaves referente ao mês de Fevereiro, a criação de um novo investimento no parque empresarial de Outeiro Seco, sobretudo, pelo interesse que o mesmo representa para a freguesia e para a região. Pena que os investidores não sejam da nossa freguesia, mas o facto dali se localizar, não deixa de dar visibilidade à mesma.

E se no passado, Outeiro Seco ganhou visibilidade pela produção e distribuição do leite na cidade, a produção de cogumelos na dimensão que se anuncia, dar-lhe-á ainda mais importância, porque vai contribuir na ajuda ao equilíbrio das nossas contas, pois o destino desta produção será por certo, a exportação.

Espero que fique sedeada no parque toda a cadeia do projecto, desde a produção à distribuição. Aos investidores desejo-lhes sinceramente os maiores sucessos, desejando que seja um projecto sustentável e duradoiro, e não mais, uma caça ou pesca ao subsídio, como infelizmente aconteceu num passado recente com as estufas das flores, onde findo o prazo de carência dos cinco anos, as estufas servem agora e apenas, para desfear a paisagem.

 

Eis o texto publicado na newsletter:

 

“O Município já aprovou a proposta de constituição de direito de superfície para a construção de uma unidade agroindustrial de produção de cogumelos e pequenos frutos na freguesia de Outeiro Seco, cumprindo com o prometido por deliberação camarária de 10 de setembro passado. A referida proposta foi aprovada em reunião de Câmara de 04 de fevereiro, encontrando-se agendada para a próxima sessão da Assembleia Municipal, dia 27 de fevereiro, para posterior sancionamento.

A autarquia flaviense vai colaborar, mais uma vez, no apoio a esta iniciativa empresarial de criação de emprego no concelho. Trata-se de uma unidade que ficará situada num terreno com uma área de aproximadamente 100 mil m2 junto à nova zona industrial, na freguesia de Outeiro Seco.

O apoio que a autarquia pretende dar a este projeto de investimento consiste na cedência, a título gratuito, do direito de construir no referido prédio.

Para a edilidade, esta iniciativa empresarial vai de encontro à visão que a autarquia tem da atividade agrícola moderna, ao assentar numa estratégia de desenvolvimento da região de Trás-os-Montes e Alto Douro, mediante a reanimação da agricultura. O projeto consiste no apoio a 40 jovens empresários na produção de cogumelos e de outros produtos hortícolas frescos e pequenos frutos na região, com recurso à comparticipação de fundos comunitários do Programa de Desenvolvimento Rural ou outros no âmbito do próximo quadro comunitário de apoio e tem potencialidade para a criação, por essa via, de 150 novos postos de trabalho.

A empresa GFW – Growing Fresh World. S.A, com sede em Outeiro Seco, promotora do projeto, pretende construir uma área frigorífica para recolha da produção obtida, associando-se aos jovens empresários na construção de 40 unidades de produção, e construindo um centro logístico, e será responsável pelo apoio técnico à produção e gestão das unidades associadas, pelo apoio técnico especializado a todos os equipamentos, pela disponibilização de equipamentos de uso comum a todas as unidades de produção, garantindo, ainda, as condições e o escoamento da produção, bem como as certificações que possam ser exigidas pelos mercados.

A Câmara Municipal entende que o projeto proporcionará a abertura de novas oportunidades de criação de emprego numa região economicamente desfavorecida, fomentando a instalação de jovens empresários, bem como a dinamização, promoção e renovação do tecido empresarial agrícola. Outro aspeto a ter em conta é o impacto positivo que este projeto empresarial terá no setor agro-industrial e na região, contribuindo para a melhoria geral da atividade e introduzindo maior dinamismo empresarial baseado em novas competências e tecnologias, merecendo, inequivocamente, o apoio municipal
”.

publicado por Nuno Santos às 18:48

Fevereiro 17 2013

 

Foto de Daniel Rodrigues premiada

 

Vivemos tempos difíceis e complicados, e valores como a meritocracia, nem sempre são um sinónimo de sucesso. Que o diga o Daniel Rodrigues, um jovem foto jornalista natural de Riba d’Ave – Vila Nova de Famalicão que, ganhou esta semana um dos prémios do World Press Photo, o concurso mais conceituados de fotografia a nível mundial, mas que infelizmente, está na situação de desempregado desde o mês de Setembro passado, e para pagar as suas contas, viu-se obrigado a vender o seu equipamento de fotografia.

Pese embora eu não seja um expert em fotografia, até porque a minha pequena Cannon, está sempre no automático, sou desde há muitos anos visitante das exposições do World Press Photo, antes eram expostas no centro de arte moderna em Sintra, ultimamente tem sido apresentados na Cordoaria Nacional. Para se ter uma ideia do feito do Daniel Rodrigues, só neste ano, os fotógrafos que concorreram a este concurso, foram 5.666 (cinco mil seiscentos e sessenta e seis). Infelizmente o exemplo deste fotógrafo, pode ser extrapolado para outras áreas, sendo urgente que se faça algo, para alterar este estado de coisas, para que em Portugal os portugueses, possam recolher os louros dos seus méritos.    

publicado por Nuno Santos às 23:23

Fevereiro 15 2013

Esta semana foi fértil em acontecimentos tanto de âmbito nacional, como de âmbito universal. O primeiro foi porque a AT - Autoridade Tributária, anunciou ter efectuado contraordenações a contribuintes, por não pedirem factura na aquisição de bens e serviços. Esta medida foi ridicularizada pelo nosso conterrâneo e ex-governante, Francisco José Viegas, que no seu blogue a Origem das Espécies, escreveu uma carta aberta ao secretário das finanças, dizendo que mandaria o governo tomar no cú, se um fiscal das finanças lhe pedisse a factura do seu consumo, num café bar ou restaurante. Com efeito, o preceito está na lei, desde a publicação do orçamento de estado de 2013, o qual obriga os contribuintes a exigirem a factura, ainda que seja de um simples café. Em síntese, estamos todos obrigados a ser fiscais do estado.

Um outro foi a subida da taxa do desemprego  no 4.º trimestre para 16,9%, atingindo quase um milhão os portugueses que estão sem emprego. Estes números são assustadores e explicam a razão porque tanta gente jovem e habilitada, tem abandonado o país.

Mas o acontecimento mais badalado da semana, em Portugal e no mundo, foi a resignação do papa Bento XVI. A sua resignação tem criado nos meios católicos, grande polémica. A mim como católico não praticante, confesso que pouco me afectou, contudo, li e ouvi quem tenha aprovado o acto, e quem o tenha reprovado veemente. Os primeiros dizem que o papa é um homem, sujeito a limitações físicas como os demais, e por isso tem o direito a resignar, se achar que, não está em condições para exercer o cargo. Por outro lado os católicos militantes, porque acreditam em dogmas, dizem que o papa tem dois poderes, o temporal e o divino. No poder temporal como presidente do Vaticano, pode resignar, mas como representante de Deus na terra, jamais o pode fazer, porquanto acreditam que quando os cardeais escolhem um papa, esse dom é-lhes dado por Deus, ora uma vez papa, papa para sempre.

E o facto é de que a última resignação, ocorreu há mais de seiscentos anos, e numa circunstância muito especial. Foi quando do Grande Cisma, em que havia dois papas, um em Roma outro em Avinhão, ora quando acabou a divisão, um dos papas resignou.

Resignados parece que andamos todos com este estado das coisas, e por isso o movimento “que se lixe a Troika” voltou a agitar consciências, hoje na assembleia da república, quando se fez ouvir cantando a Grândola, como medida promocional para a próxima grande manifestação do dia 2 de Março.

publicado por Nuno Santos às 23:55

Um outeiro secano residente em Lisboa, sempre atento às realidades da sua terra.
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