Apesar do nosso primeiro-ministro dizer para não sermos piegas, quem me conhece sabe que, eu sou um coração de manteiga, e de lágrima fácil. Entre muitas outras coisas que frequentemente me emociona, uma delas é o cante alentejano.
Regressando a Vila Nova de S. Bento, e à sua festa das cruzes, que se realiza no primeiro fim-de-semana de Maio, para mim um dos pontos altos da festa, é o desfile dos grupos de cantares, o qual se realiza nessa sexta-feira à noite.
São quase sempre entre dez a quinze os grupos que saem espaçadamente de um ponto da aldeia, indo a cantar até à igreja, numa espécie da procissão das velas da nossa aldeia, no dia sete de Setembro.
Aquela melodia algo monótona, assim como o caminhar dos cantores de braço dado, num passo dolente, causam-me confesso, uma enorme emoção, porque vejo ali muito do sofrimento daquele povo, que durante anos foi explorado, e para fugir à fome e à miséria, foi obrigado a fugir para a periferia da capital. De modo que os habitantes da margem sul, são na sua maioria esmagadora, oriundos do Alentejo.
Actualmente está a decorrer um movimento para que o cante alentejano, à semelhança do que aconteceu em 2011 com o fado, seja reconhecido pela UNESCO, como património cultural imaterial da humanidade.
Eu sou um dos apoiantes dessa candidatura, pese embora não seja alentejano e não renegue as minhas origens transmontanas, identifico-me muito com esse género musical, assim como, com aquela boa gente alentejana.