Esta semana foi fértil em acontecimentos tanto de âmbito nacional, como de âmbito universal. O primeiro foi porque a AT - Autoridade Tributária, anunciou ter efectuado contraordenações a contribuintes, por não pedirem factura na aquisição de bens e serviços. Esta medida foi ridicularizada pelo nosso conterrâneo e ex-governante, Francisco José Viegas, que no seu blogue a Origem das Espécies, escreveu uma carta aberta ao secretário das finanças, dizendo que mandaria o governo tomar no cú, se um fiscal das finanças lhe pedisse a factura do seu consumo, num café bar ou restaurante. Com efeito, o preceito está na lei, desde a publicação do orçamento de estado de 2013, o qual obriga os contribuintes a exigirem a factura, ainda que seja de um simples café. Em síntese, estamos todos obrigados a ser fiscais do estado.
Um outro foi a subida da taxa do desemprego no 4.º trimestre para 16,9%, atingindo quase um milhão os portugueses que estão sem emprego. Estes números são assustadores e explicam a razão porque tanta gente jovem e habilitada, tem abandonado o país.
Mas o acontecimento mais badalado da semana, em Portugal e no mundo, foi a resignação do papa Bento XVI. A sua resignação tem criado nos meios católicos, grande polémica. A mim como católico não praticante, confesso que pouco me afectou, contudo, li e ouvi quem tenha aprovado o acto, e quem o tenha reprovado veemente. Os primeiros dizem que o papa é um homem, sujeito a limitações físicas como os demais, e por isso tem o direito a resignar, se achar que, não está em condições para exercer o cargo. Por outro lado os católicos militantes, porque acreditam em dogmas, dizem que o papa tem dois poderes, o temporal e o divino. No poder temporal como presidente do Vaticano, pode resignar, mas como representante de Deus na terra, jamais o pode fazer, porquanto acreditam que quando os cardeais escolhem um papa, esse dom é-lhes dado por Deus, ora uma vez papa, papa para sempre.
E o facto é de que a última resignação, ocorreu há mais de seiscentos anos, e numa circunstância muito especial. Foi quando do Grande Cisma, em que havia dois papas, um em Roma outro em Avinhão, ora quando acabou a divisão, um dos papas resignou.
Resignados parece que andamos todos com este estado das coisas, e por isso o movimento “que se lixe a Troika” voltou a agitar consciências, hoje na assembleia da república, quando se fez ouvir cantando a Grândola, como medida promocional para a próxima grande manifestação do dia 2 de Março.