Há muitos anos havia um slogan publicitário que dizia “Serviço combinado com a CP”, este slogan continua actual tendo a Casa do Professor de Loures no passado sábado recorrido a este serviço, para proporcionar aos seus associados e familiares, um passeio extraordinário.
Com partida da Estação de Santa Apolónia em Lisboa às 08,16 h, chegamos a Vila Velha de Ródão, aproxidamente duas horas depois. A paisagem até ao Entroncamento foi entrecortada entre o rio alguma paisagem industrial e explorações agrícolas.
A partir do Entroncamento o rio Tejo passa a ser o principal parceiro de viagem, algo semelhante às viagens de comboio, do Porto ao Tua, embora com paisagens e belezas diferentes.
Ao chegar a Vila Velha de Ródão sentimos então os efeitos do tal serviço combinado. À nossa espera estava o Grupo de Bombos de Ródão, diferenciados pela técnica dos mareantes do Douro, por serem mais parecidos com os Tóca a Rufar, de Lisboa.
À nossa espera estava também um guia local com um autocarro que, nos transportou à casa das Artes, um belíssimo edifício composto de um auditório e várias salas de exposição, onde nos foi servido um porto de honra.
Como o grupo era composto de cinquenta elementos, dividiu-se depois em dois, indo uma parte visitar um lagar de azeite, convertido em ecomuseu, a outra fez a viagem panorâmica de barco, passando então por entre as portas do Ródão.
Esta paisagem é esmagadora e torna-nos muito pequeninos, perante esta beleza da natureza, nas suas rochas onde se pode ver a maior reserva de grifos do país. O grifo uma espécie de ave muito semelhante ao abutre que, praticamente só existe aqui nesta região.
A ordem inverteu-se quem antes visitou o lagar fez depois o passeio de barco, para nos juntarmos de novo na Pousada, onde foi servido um belo almoço.
Após o almoço rumamos ao museu da vila sem podermos usufruir da piscina e que bem se agradecia, para ajudar a suportar a canícula exterior, a qual rondaria perto dos 40º, mas dentro do museu a temperatura rondava os 18 a 20º.
O museu é interessante porque preserva alguns dos objectos que compõem o complexo de arte rupestre do Vale do Tejo, descoberto em 1971. Estima-se que seja composto por 40.000 gravuras, o maior da península ibérica, estendendo-se pelos concelhos de Vila Velha de Ródão, Nisa e Mação, situado nas margens do rio Tejo, Ocreza e ribeira de Nisa embora esteja agora todo ele debaixo de água.
Até aos princípios da década de setenta, o rio Tejo passava em Vila Velha de Ródão pelo meio de rochas e fragas tornando a sua passagem quase impossível no inverno e só facilitada no verão, quando o rio quase secava. Segundo explicação do guia, a origem do nome de Ródão vem dos romanos e quer dizer “rio revolto”.
Só em finais da década de sessenta, quando se construiu a Barragem do Fratel, situada alguns quilómetros abaixo, foram então descobertas estas gravuras rupestres.
Vivíamos tempos diferentes, ainda não havia a democracia e o lóbi dos ambientalistas e dos arqueólogos não tinham a força dos tempos actuais. De modo que se quiseram preservar alguma dessa arte, tiveram que andar rápido, porque as águas da barragem já estavam a subir, mesmo assim, através de fotografia, filmes e outras técnicas, conseguiram preservar algumas peças, as quais podem ser visitadas neste museu.
Em comparação com o que viria a passar-se anos mais tarde em Foz Coa, é difícil fazer uma avaliação mas em minha opinião, acho que Vila Velha de Ródão ganhou e muito com a construção da barragem. Actualmente pode ver-se uma amostra da sua arte rupestre e ao mesmo tempo ganhou uma vida económica que antes não tinha, cuja taxa de desemprego ronda apenas os 3%.