S. Bernardino II
A minha mãe costuma dizer “Quem vê um povo, vê um mundo todo”, embora haja algum exagero nesta expressão, não deixa contudo de ter alguma verdade, e a confirmá-lo, estão apesar da distância de novecentos quilómetros, estas duas situações análogas, de má urbanização.
A primeira passa-se no Algarve, mais propriamente no Alvor, mesmo junto à praia, onde há um bom par de anos, existe um mamarracho em esqueleto, presumo que ainda do tempo da Torralta, e que apesar da excelência do local, lá continua afeando a praia.
Mais a norte em Outeiro Seco, na urbanização de S. Bernardino II, com uma vista privilegiada sobre a veiga e a cidade de Chaves, existe um outro mamarracho, que tal como o do Alvor, não há meios de se ver o seu desfecho.
Tanto num caso como no outro, creio ter havido dinheiro de investidores incautos que, se viram assim espoliados por promotores sem escrúpulos, do investimento feito nestes imóveis, alguns com as magras economias angariadas com muitos sacrifícios no estrangeiro. Perante este panorama, continuamos a assistir a um imobilismo da administração pública, pois em ambas as situações, parece não haver culpados, nem quem iniciou a obra nem quem a licenciou.
Ora apesar de não haver culpados, existem vítimas, as primeiras vítimas são os investidores que ficaram sem o seu dinheiro, as segundas são todos os cidadãos que, diariamente têm de conviver com estes panoramas, sendo agredidos com a paisagem desoladora destes dois mamarrachos, os quais servem apenas como antros para actividades indesejáveis.
É este o nosso país real, com a justiça completamente inoperante para resolver estes e outros casos. Até quando continuaremos a assistir a este estado de coisas?