Hoje fui ao dentista fazer a minha higiene oral e por mera circunstância, da janela da sala de espera do consultório, obtém-se esta visão fantasmagórica e triste.
Para muitos dos meus amigos esta paisagem não lhes dirá muito, mas para outros, em especial se lhes disser que se trata do local, onde outrora funcionava a Feira Popular de Lisboa, por certo irá trazer-lhes gratas recordações.
A mim traz-me e entre outras, a da primeira excursão que as alunas do primeiro curso do Magistério de Chaves, fizeram a Lisboa, já lá vão uns 37 anos, para muitas vindas pela primeira vez à capital, e como entre elas vinha a Celeste que viria a ser a minha mulher, razão pela qual eu fui o cicerone do grupo e as levei à feira popular.
Mais tarde já em família, fomos ali muitas vezes jantar ou andar com o nosso filho nas diversões ou comer algodão doce. Recordo-me que foi na Feira Popular, na esplanada do Café do Preto que assisti via televisão, ao acidente que vitimou o Ayrton Sena.
Curiosamente comemoram-se neste mês de Outubro dez anos, sobre o encerramento em definitivo da Feira Popular. Na altura foi anunciado como um grande negócio entre a Câmara Municipal de Lisboa e a empresa Bragaparques, porque iria ali nascer um projecto mobiliário, o qual orçava os 800 milhões de euros.
O facto é que já se passaram dez anos e, quem passa na avenida da República ou na avenida 5 de Outubro, vê todo este espaço entaipado por outdoors publicitários, muito bonitos, mas quem sobe a um dos andares dos prédios fronteiros, como circunstancialmente me aconteceu hoje, depara-se com esta visão deprimente.
Ao que parece, por causa da morosidade da justiça, mas dez anos não é muito tempo? O certo é que Lisboa ficou sem um parque temático para as famílias, em especial das classes baixas, porque as classes mais altas, ainda vão a Paris à Disney, ou a Madrid à Warner.