Outeiro Secano em Lisboa

Outubro 05 2013

Hoje é o primeiro dia em que se comemora o 5 de Outubro, após a abolição do feriado nacional, ao qual se juntou o dia da independência a 1 de Dezembro, mais dois feriados religiosos, o dia 1 de Novembro dia de todos os Santos e o Corpo de Deus, um feriado itinerante, porque se comemorava no 60º dia seguinte à Páscoa, em regra quase sempre no mês de Junho.

A perda do feriado do 5 de Outubro,  pelo facto de ser um sábado, não teve neste ano um grande impacto, mas o mesmo não se poderá dizer, quanto à sua comemoração.

E se em Lisboa, ainda vai haver uma sessão solene, no salão nobre da Câmara Municipal e o Palácio de Belém, vai continuar a abrir as suas portas à população, promovendo inclusive um espetáculo, onde irão atuar os Lavoisier, um grupo composto por um jovem casal das minhas relações pessoais, mas com muita qualidade, garanto-vos.

Lamentavelmente em Chaves, não vi na agenda cultural algo relacionado com as comemorações do 5 de Outubro, pese embora seja uma das cidades do país, com grandes ligações à república. Desde logo com nomes como o de António Granjo, um dos seus primeiros ministros, tendo pago com a vida, esse serviço público.

A própria cidade de Lisboa , reconheceu a importância da nossa cidade na consolidação da república, atribuindo o seu nome à avenida paralela com a Avenida da República e com a Avenida 5 de Outubro.

Talvez seja ainda, por causa das eleições do passado fim de semana, cujo resultado deu um empate a três, entre o PSD e o PS, e um mandato para o MAI. Por via disso já se diz em tom jocoso, de que o João Neves (MAI) é que vai mandar na Câmara, pois cabe-lhe a ele o fator de desempate.

Ou então o pessoal deve andar todo embrenhado nas vindimas, porquanto eu ainda não vi qualquer sinal de festejos, nem ouvi qualquer banda a tocar o hino nacional o qual, juntamente com a esfinge da fotografia, é outro dos símbolos da república.

 

publicado por Nuno Santos às 09:02

Outubro 04 2013

 

Apesar da produção do vinho, ser atualmente uma atividade emergente no país e responsável por cerca de 800 milhões de euros nas nossas exportações, com mercados diferenciados como os países Escandinavos, Rússia, Estados Unidos ou Angola, na nossa região, salvo raríssimas exceções de duas ou três explorações vitivinícolas recém criadas, a produção está em franco declínio, assentando ainda muito em processos e costumes ancestrais.

De tal forma que nessas regiões de produção intensiva, as vindimas iniciaram-se já no início de Setembro, na nossa região estão a iniciar-se agora quase um mês depois. 

São vários os facores que propiciam esta estagnação da nossa produção. Desde logo a Adega Cooperativa, que por pressuposto, deveria ser um potenciador de desenvolvimento desta atividade, apesar de continuar aberta e a receber as uvas dos seus associados, não tem pago as últimas colheitas.

Por outro lado  a adoção de outros hábitos de bebida e sobretudo, a desertificação da região, cujos habitantes devido ao seu envelhecimento deixam não só de trabalhar as vinhas, mas também de beber, por causa da medicação a que estão obrigados a tomar,  fazendo diminuir drasticamente a procura do vinho.

Deste modo, consta-se que há produtores que nem vão fazer a vindima, porquanto têm as suas adegas cheias da produção do ano anterior, e como a Adega Cooperativa não lhes paga, não querem ter um gasto com a vindima, sabendo que não têm depois o retorno desse investimento, deixando por isso as uvas na vinha.

Não foi o caso da família Pispalhas que, em homenagem ao seu sogro António, continuam a trabalhar a vinha do Tabolado. Ontem quinta-feira vindimou-se apenas o branco, hoje sexta-feira o restante.

Este ano a vindima esteve ameaçada não tanto pelo trato, porque foi igual ao dos anos anteriores, mas por causa do incêndio do passado dia 24 de Agosto, o qual rondou a vinha sem que felizmente causasse danos maiores, por causa da orientação do vento.

Feita a vindima, resta agora deixar o lagar fazer o seu processo de fermentação, o qual acabará depois nas pipas. Depois lá para a Páscoa se fará a avaliação, se valeu o não a pena este trabalho e esta semana de férias.

publicado por Nuno Santos às 15:09

Outubro 03 2013

A minha mãe adquiriu alguma sabedoria sobre astronomia, com o seu padrinho José Barroco, um homem nascido em finais do século XIX, mas muito viajado para o seu tempo. Esteve na Argentina, Brasil, Cuba e Estados Unidos. Foi ele quem ajudou a desmistificar na aldeia, o fenómeno do fim do mundo, quando em 25 de Janeiro de 1938 se avistou nesta região uma aurora boreal, um fenómeno mais comum nas zonas polares.

Entre muitas outras coisas que a minha mãe lhe ouvia dizer era de que, “lua nova com trovoada, é 30 dias molhada”.

Ora de facto a lua nova entrada em cinco de setembro passado, foi com chuva e trovoada, mas logo no dia seguinte, o tempo teve uma inversão e o mês de Setembro, foi praticamente todo ele, seco e tórrido.

Mas a última fase da lua de quarto minguante, lá se veio repor a tradição, aparecendo a chuva e a trovoada, retardando a realização das vindimas, razão pela qual me encontro de férias nesta altura do ano.

Segundo os sites meteorológicos, o tempo vai continuar assim instável, até ao próximo sábado dia 5 de Outubro, dia em que entra a nova lua, dando assim razão à sabedoria popular.

Quanto à realização da vindima, perece-me que terá de ser feita nos intervalos da chuva, ou das Zerbadas, como diria o Gil Santos, cujo livro com este nome “Zerbadas em Chaves” recomendo a sua leitura.

publicado por Nuno Santos às 09:07

Outubro 02 2013

A atual esperança de vida em Portugal, ronda atualmente os oitenta anos. Porém ANTÓNIO GONÇALVES CHAVES, comemora hoje 90 anos, ultrapassando em muito, essa média.

Tal como os seus irmãos, herdou do pai a alcunha de Pispalhas, assim como os valores do trabalho e o da honradez, valores que nortearam durante a  sua vida, tornando-o não só num cidadão de corpo inteiro, mas também numa figura conhecida e estimada na aldeia,  e mesmo noutras limítrofes, devido ao seu feitio extrovertido.

Casado com Henriqueta Faria é pais de quatro filhas, avô de seis netos, estando em vias de ser em breve, bisavô.

Dotado de uma grande dinâmica e mobilidade, pese embora a sua provecta idade, desloca-se ainda com grande ligeireza, “vai num pé e vem noutro” como ele costuma dizer, razão pela qual logra ainda de boa saúde, pese embora os vários constrangimentos passados ao longo destes anos, uns positivos outros negativos, como toda a gente.

Em geito de homenagem, a sua família vai reunir-se hoje, no maior número possível, para lhe comemorar o seu 90.º aniversário, desejando que seja o início de mais uma década de aniversários, para que em 2023, lhe possa ainda comemorar o centenário.

 

 

Ainda que com uns bons anos a menos, hoje é também aniversariante o amigo ULISSES GUERRA, a quem o administrador deste blogue e família, lhe desejam um feliz aniversário e muitos anos de vida, na companhia da sua família.

 

publicado por Nuno Santos às 08:55

Outubro 01 2013

Ai, há quantos anos que eu parti chorando 
deste meu saudoso, carinhoso lar!... 
Foi há vinte?... Há trinta?... Nem eu sei já quando!... 
Minha velha ama, que me estás fitando, 
canta-me cantigas para me eu lembrar!...


Esta quadra extraída de um belo poema do poeta transmontano, Guerra Junqueiro, reporta-me ao dia 30 de Setembro de 1973, o dia em que perfez quarenta anos, que eu deixei pela primeira vez a casa da minha família e a minha aldeia, rumo a Lisboa.

Apesar de ser um desejo, alimentado durante toda a minha adolescência, relembro com um grande sentimento nostálgico o momento em que desci as escadas da casa dos meus pais, com todos os meus haveres dentro de um saco de viagem, e a minha família na varanda acenando um adeus, como se eu partisse para a guerra.

Não estava toda a família, faltava o meu pai que saíra bem cedo de casa, só para não viver esse momento da despedida, porque apesar dos seus quase 100 quilos de peso, era um sentimentalão e disso tive a oportunidade de o constatar anos mais tarde.

Porém, eu ia com o coração cheio de esperança de ir conquistar o mundo, desde logo não ia sozinho, no táxi estacionado no fundo da escada da igreja esperava-me o Sr. Manuel Benedito que seria o meu guia, ele que muitos anos antes, vivera a mesma experiência.

O táxi trouxe-nos à estação onde apanhamos o velho Texas, fazendo depois toda a viagem de comboio até Lisboa, onde na estação de Santa Apolónia, nos esperava o Joaquim Ferrador.

Em Lisboa fui acolhido por uma outra família, embora não de sangue, mas de coração, a família Ferrador, com a qual tenho uma enorme dívida de gratidão.

Graças à ação do Joaquim Ferrador, comecei logo a trabalhar no dia 2 de Outubro de 1973, completando amanhã quarenta anos de contribuinte, para o sistema contributivo da Segurança Social. Face às regras que vigoravam até há pouco tempo, a partir de amanhã eu poderia entrar na situação de reformado, porquanto teria cumprido a minha parte de contribuinte.

Infelizmente as regras alteram-se consoante a vontade dos governos, e as expectativas de vida das pessoas, são agora, viver um dia de cada vez, tal é a incerteza quanto ao futuro. Agora parece que terei de trabalhar ainda mais sete anos, contribuindo assim com 47 anos de descontos para a Segurança Social.  Ora conhecendo quem se reformou aos trinta e quarenta anos, apenas porque fez dois mandatos na Assembleia da República, ou um mandato no Tribunal Constitucional, claro que não fico satisfeito. 

 

 

publicado por Nuno Santos às 09:24

Um outeiro secano residente em Lisboa, sempre atento às realidades da sua terra.
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