“Lázaro, Ramos e na Páscoa estamos”. Todos nós conhecemos este dito popular atribuído a cada domingo da quaresma, sendo que estes três últimos, são os mais conhecidos. Embora os textos bíblicos nos digam que Lázaro foi o morto ressuscitado por Jesus Cristo, para a generalidade dos flavienses, o Lázaro é a festa de Verin, que, ainda que mal comparada, é uma espécie dos nossos Santos.
Todavia o Lázaro apesar da sua componente lúdica, gastronómica e comercial, também tem uma parte religiosa, pois no domingo de manhã celebram a missa em honra do santo, e fazem depois uma procissão.
Durante a minha meninice esta festa era muito aguardada, em especial pela classe média da cidade, porque era o único dia do ano em que a fronteira ficava livre para se entrar em Espanha, acontecia o mesmo no sentido inverso, no dia dos Santos.
Para nós que vivíamos próximos da raia, a fronteira estava sempre aberta, bastava que do outro lado do rio estivesse o Tegas, para tocar a barca, embora a maioria das vezes nos limitásse-mos a ficar por Feces de Abajo, porque para ir a Verin além de ser mais caro, ficávamos sujeitos aos horários de “la carretera”.
Para quem não tinha carro que, nessa altura era um luxo acessível a poucos, mesmo para os que viviam na cidade, nesse dia havia várias carreiras de desdobramento, fazendo o percurso Chaves/Fronteira, onde do outro lado estavam as “carreteras” que os transportavam a Verin. A maioria das pessoas aproveitavam esse dia para irem saborear o “pulpo à galega”.
Havia porém um contra, a fronteira encerrava impreterivelmente à meia noite, por isso apesar do grande baile na praça central, o qual continua a fazer-se actualmente, com as célebres orquestras espanholas, os portugueses tal como a gata borralheira, tinham de regressar a casa antes da meia-noite.
Pouco depois do 25 de Abril e ainda bem antes do tratado de Schengen, as fronteiras entre Portugal e Espanha ficaram livres, por isso amanhã o destino de muitos flavienses vai ser concerteza a Verin e à festa do Lázaro.