Outeiro Secano em Lisboa

Junho 08 2014

Ontem tivemos o privilégio de receber na capital os nossos amigos Altino e Leonor os quais, vieram a Lisboa integrados numa excursão do Centro de Formação de Professores, do Alto Tâmega e do qual o Altino é o presidente, mas vieram carregados de cerejas, porque a Celeste prefere-as ao camarão.

Esta viagem já vinha com um plano de visitas, excepto para a noite, cuja ação era livre. Contudo havia da parte da organização uma certa frustração, porque a excursão não teve os índices de adesão que costuma ter, em especial, quando vão para a vizinha Espanha, pese embora os nossos amigos Flavienses estejam um pouco em contraciclo, pois Lisboa está na moda, sendo actualmente uma das cinco cidades mais visitadas do mundo.

 

Como habitualmente o Prof. Paiva foi o seu programador, tendo elaborado um programa culturalmente rico, embora um pouco ambicioso para dois dias, razão pela qual à noite, o grupo parecia um pouco exaurido, pois sairam muito cedo de Chaves e ainda visitaram o Convento de Mafra, uma joia do nosso património que, infelizmente, a maioria das pessoas conhece apenas o seu exterior, quando ali passa a caminho da praia da Ericeira, cinco quilómetros mais à frente. De Mafra foram para Cascais, visitando o museu da Paula Rego, também conhecido pela Casa das Histórias, que alberga uma boa parte do espólio desta artista, cuja obra embora algo provocante, é uma das pintoras portuguesas mais conhecidas no mundo.

O regresso ao Hotel foi feito pela marginal, cujo percurso em termos de beleza ultrapassa muitos outros por essa Europa fora, como por exemplo Biarritz, isto digo eu, porque conheço os dois.

O grupo ficou instalado num optimo hotel, considerando a relação qualidade preço, no tradicional bairro de Alcântara, mesmo junto ao terminal da Carris.

À noite fomos comer a um espaço, recentemente aberto em Lisboa no Mercado da Ribeira. trata-se de um novo conceito de restauração, o qual transformou o velho mercado anteriormente com vida apenas durante a madrugada e manhã, e agora animado durante o dia e noite com vários restaurantes.

O primeiro mercado  a abrir com este conceito em Lisboa, foi o mercado de Campo de Ourique, um espaço mais pequeno embora seja um bairro mais cosmopolita, o Mercado da Ribeira fica numa zona mais popular, e é um mercado de grande tradição lisboeta, cantado em muitos fados como  neste da Amália Rodrigues:

 

No mercado da ribeira 
há um romance de amor 
entre a rita que é peixeira 
e o chico que é pescador. 

 

sabem todos os que la vão 
q
ue a rita gosta do chico 
so a mãe dela é q
ue não 
consente no namorico 

quando ele passa por ela 
ela sorri descarada 
porem o chico á cautela 
não da trela nem diz nada 

que a mãe dela quando calha 
ao ver q
ue o chico se abeira 
por dá cá aquela palha 
faz tremer toda a ribeira 

namoram de manhãzinha 
e da forma mais diversa 
dois caixotes de sardinha 
dão dois dedos de conversa 

e a quem diga à boca cheia 
que depois de tanta fita 
o chico de volta e meia 
prega dois beijos na rita 




 

Existem muitos outros fados evocando este mercado,sendo o Cacau da Ribeira talvez o mais famoso .
Durante anos, este mercado foi o mercado abastecedor dos restaurantes da capital, mas após a abertura do MARL - Mercado Abastecedor da Região de Lisboa, em Loures, este ficou como que sub aproveitado.

Com este novo conceito de restauração aqui implantado, cujos pratos são confecionados por Chefs que, foram mediatizados em programas de televisão, entre os quais  os Chefs Academy, destacando-se a Marlene Silva, Henrique Sá Pessoa, Vítor Claro e outros, o mercado ganhou uma nova centralidade e por enquanto, a procura é bem maior que a oferta.

Sei que nem todos passaram por este espaço, pois alguns vinham já com marcações para casas de fado, mas  espero que todos se tenham divirtido, e fiquem com vontade de regressar porque Lisboa está na moda, e este mês de Junho é o mês das suas festas, esperamos que o S. Pedro ajude.

Espero também que todos tenham recuperado bem da noite de sábado, porque o passeio de domingo vai continuar pela zona de Belém, onde o meu amigo Altino se vai saciar nos Pasteis de Belém. Oxalá os pastéis não lhes façam mal e que tenham um optimo regresso a Chaves e que o passeio sirva para recarregar as baterias para o final de ano que se aproxima.

 

 

 

 

publicado por Nuno Santos às 08:00

Um outeiro secano residente em Lisboa, sempre atento às realidades da sua terra.
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