Quando há dias tive o privilégio de anunciar o início das obras de restauro da capela da Sra do Rosário, estava longe de imaginar o dilema que esta obra iria colocar aos seus promotores. Tudo isto porque hoje, quando os artífices começaram a retirar as tábuas do retábulo, acharam por trás do altar, este belo fresco, que, em termos de qualidade se assemelha aos frescos da Sra da Azinheira, prevendo-se inclusive que seja contemporâneo, por isso originário do século XV.
Perante tão valioso achado, agora qual é a solução? Restaura-se o altar? Restaura-se o fresco? O achado levanta ainda outras questões. Porque razão os nossos antepassados terão escondido esta preciosidade?
Tudo isto são mistérios insondáveis, pois não existem registos da existência deste fresco, quer no Dicionário Geográfico de Portugal editado pelo Padre Luís Cardoso entre 1747 e 1751, nem depois nas Memórias Paroquiais editadas em 1758, quando se fez por todo o país uma espécie de levantamento, dos estragos causados pelo terramoto de 1755.
Isso leva-nos a concluir que o altar da capela tal como todos nós conhecemos e agora a ser alvo de restauro, terá sido construído antes do século XVIII.
Eu não gostaria de estar na posição de decisor, no entanto em minha opinião, talvez se devesse participar o achado ao IPPAR, para que sejam eles com os seus conhecimentos técnicos e científicos a decidir, podendo até vir daí o financiamento necessário, para o restauro da capela.
Uma coisa é certa, Outeiro Seco é uma terra com história e com um património rico e diversificado, por isso é hora de congregar esforços, conhecimentos e vontades, para que a nossa terra saia ainda mais rica e valorizada, pese embora acredite na capacidade e sentido crítico dos responsáveis pela obra, quer da comissão promotora, como da equipa técnica que a está a executar.