Outeiro Secano em Lisboa

Junho 24 2014

 

O encerramento das escolas está na ordem do dia, mas embora o ensino não seja a minha área profissional, nem tenha filhos nem netos em idade escolar, o facto de estar casado com uma ex-professora, faz com que de alguma forma, esteja identificado com este tema.

 Na sequência do que tem acontecido nos últimos anos, ontem ficamos a saber que, no próximo ano vão encerrar mais 311 escolas, das quais 57 pertencem ao distrito de Viseu.

 Em minha opinião a razão para o encerramento destas escolas, não é somente da área do ensino e da educação, mas sobretudo, do foro político e da economia, porque o objectivo que o Estado pretende obter é o de gastar menos com a Educação.

Embora reconheça que a medida é altamente polémica, porquanto, envolve várias temáticas. Pois se por um lado existem factores objectivos que, sustentam a execução da medida, entre as quais a descida da natalidade, porque não havendo crianças não há alunos, logo não há razões para haver escolas. Por outro lado, o encerramento das escolas é em si um factor que, contribui para a descida da natalidade, pois ninguém se vai fixar num local onde não há escolas, razão pela qual caminhamos cada vez mais para a desertificação do interior do país, e veja-se que das 311 escolas a encerrar, a esmagadora maioria são do interior.

Quanto à questão da poupança também é muito relativa. Porque se poupa o governo central, nomeadamente o meu vizinho da foto, digo vizinho porque trabalho defronte ao Ministério da Educação, as Autarquias passam a gastar mais, quer com o transporte das crianças como com a sua alimentação.

Por outro lado a deslocação rouba às crianças, a sua raiz identitária. O facto de saírem de manhã cedo das suas casas e das suas aldeias, e estarem concentradas durante o dia num mega agrupamento, regressando a casa e à aldeia apenas à noite, além do desconforto de terem de se levantar mais cedo, dos riscos dos transportes, torna-as como sendo de uma terra nenhuma, porque não convivem com as pessoas e com os acontecimentos que ocorrem no quotidiano da aldeia, tornando-os nuns desenraizados do futuro.

Mas o pior ainda é quando esse encerramento, é feito à custa de novos licenciamentos para a abertura de estabelecimentos privados, os quais são financiados por todos nós. Infelizmente essa situação é cada vez mais recorrente, por isso eu estou contra o encerramento das escolas sem critério.

publicado por Nuno Santos às 13:22

Um outeiro secano residente em Lisboa, sempre atento às realidades da sua terra.
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