Já estamos no final do mês de Junho mas as cegadas, ainda não tiveram o seu início, porque tudo é composto de mudança e vivemos tempos bem diferentes, de quando há pouco mais de quatro décadas, as ceifas eram feitas manualmente, quando o centeio começava a correr à unha.
Isso acontecia pela última quinzena de junho e a aldeia era inundada por ranchos de segadores vindos da zona do Barroso, compostos por homens e mulheres que, munidos dos seus gadanhos, segavam o centeio e o trigo, sob um sol abrasador e à noite, ainda tinham ânimo para cantar as vivas à cozinheira.
Segava-se por essa altura porque o centeio antes de chegar à eira, tinha de passar por várias fases. Depois de ceifado era atado, enredado e emedado, logo, não podia estar demasiado seco, senão esbangava-se e ficava metade na terra.
Depois de alguns dias emedado nas terras onde acabava de secar, começavam as acarrejas. Para que os bois não fossem fustigados pelas moscas, esta tarefa iniciava-se de madrugada. Bem cedo os lavradores jungiam os bois aos carros, cujas chedas já tinham sido lubrificadas no dia anterior, com o sebo do borrego, morto para a segada.
O soalho dos carros era coberto com liteiros para que não se perdesse pitada do grão, e porque muitas famílias já tinham as tulhas vazias, começavam a cozer com esse grão, apanhado nos liteiros nas acarrejas.
Quando esse grão não era suficiente para completar a fornada, numa eira improvisada mascotavam-se alguns molhos, para se ter mais cedo o pão na mesa, muitas das vezes para se alimentar os malhadores, no dia da malhada.
Hoje tudo é diferente, o padeiro passa pelas ruas da ladeia tocando a buzina, as mulheres vêm ao carro comprar o pão, que é de todas as formas e feitios. O gosto é que eu duvido que, seja igual ao de antigamente, cozido nos fornos de lenha.