O ponto de encontro em Outeiro Seco foi sempre o Largo do Tanque, tanto dos mais jovens como dos mais velhos, desde logo, porque este local fica situado a meio do povo, e era onde as raparigas vinham à agua, iniciando-se ali muitos dos namoros.
Esses encontros prolongavam-se muitas das vezes pela noite a dentro, em especial nas noites de verão e à luz do luar, porquanto a eletricidade só chegou à aldeia, no início da década de setenta.
O facto de não haver luz elétrica, propiciava aos jovens a cobertos do escuro da noite protagonizarem algumas cenas proibidas, como o assalto a galinheiros, só para fazerem uma tainada.
E foi precisamente numa dessas noites escuras que, um grupo de mariolas combinou assaltar o galinheiro do senhor José Chaves, mais conhecido por Zé Rico, o qual ficava fora da habitação, num antigo forno que fica defronte.
Havia sempre alguém no grupo que se destacava, pelo seu espírito de aventura, e foi precisamente esse quem entrou no galinheiro, trazendo a primeira galinha que encontrou.
O grupo foi depois para um outro forno, propriedade da avó de alguns dos intervenientes, onde estufaram a galinha e a comeram durante a noite.
No dia seguinte o tio Zé investigava no tanque, quem lhe teria roubado a galinha. Claro que ninguém se acusou, porém o tio Zé lamentava-se.
- Eu até nem é tanto pela galinha, mas o que é que eu vou fazer agora, aos doze ovos que ela chocava?
Foi então que o grupo ficou a saber que, tinham comido uma galinha choca, apesar das galinhas neste estado ficarem febris, todos acharam que estava um verdadeiro pitéu.