Episódio II
Quando o nosso escritório de Lisboa funcionava no Rossio, paredes meias com o Teatro D. Maria, um dos nossos clientes era uma loja de antiguidades situada na galeria comercial Via Venetto na Av. João XXI, a qual tinha como estafeta, um senhor já reformado que, com o que ganhava nessa função, complementava a sua magra reforma.
Um dia este senhor veio ao nosso escritório fazer a recolha do livro de actas. Mas como a sua contabilista, que era a Ana Ferreira, estava ao telefone, a recepcionista instalou-o na sala de reuniões, a qual funcionava em simultâneo como sala de espera.
A chamada durou mais do que era expectável, e a recepcionista esqueceu-se de avisar a colega, da presença do senhor. Como estavamos próximo da hora do almoço, e nessa época ninguém comia no escritório, como os tempos mudaram, toda a gente saiu ficando o senhor fechado na sala.
Só após o regresso do almoço, a recepcionista se lembrou do senhor, indo avisar a Ana Ferreira. Quando esta se dirigiu à sala de reuniões, imaginando-a vazia, pensando que depois de tanta espera, o homem ter-se-ia ido embora.
Qual não foi o seu espanto, quando entrou na sala, encontrou o senhor de cabeça caída sobre a mesa e a dormir. Chamou-o e quando estava preparada para ouvir o seu desconforto por tanta espera, este só lhe disse.
- Parece que passei pelas brasas!