Havia já a expressão do “tiro ao Álvaro” que, é o título de uma bela canção de Elis Regina, mas usada como expressão pejorativa, quando o ministro Álvaro Santos Pereira estava no governo. Agora existe a expressão do “tiro ao Ricardo” pois todos os comentadores e cronistas se atiram a Ricardo Salgado, pela gestão ruinosa que sabe-se agora, exerceu no GES – Grupo Espírito Santo.
De facto tudo na vida é efémero, e se até há menos de um mês Ricardo Salgado além de dirigir um vasto império, merecendo o epíteto de DDT – Dono Disto Tudo, ainda fazia e desfazia governos, agora é um proscrito que está sobre a alçada da justiça, mas, ainda que venha a ser ilibado, já está condenado pela opinião pública.
E ao que parece com toda a justiça, pelos números que têm vindo a público, o banqueiro que era apontado como um modelo, e venerado pelos seus pares, cometeu demasiados erros de gestão, arruinando um negócio que, sendo da família, era também de muitos outros grandes e pequenos investidores, que nele depositavam confiança.
E tudo isto em nome de quê? Talvez caibam aqui os verso de Camões atribuídos ao velho do Restelo.
– Ó glória de mandar / Ó vã cobiça / Desta vaidade a quem chamamos fama / Ó fraudulento gosto, que se atiça / C' uma aura popular, que honra se chama!
De facto Ricardo Salgado esteve no poder até aos setenta anos, a sua liderança chegou a ser contestada no seio da família, nunca se soube as razões, mas sabe-se agora que era lícita essa contestação.
O mais grave disto tudo é que o BdP principal regulador, foi assistindo a tudo isto, impávido e sereno, porque ninguém ousava afrontar o DDT?