Outeiro Secano em Lisboa

Agosto 05 2014

 

 

Episódio IV

 

Quando a sede da Nucase ainda funcionava na Parede, o café Delícia mesmo ao lado, estava para o pessoal como agora o bar no rés do chão do novo edifício sede, em Carcavelos. Era no Delícia que se tomava o pequeno-almoço, o café a meio da manhã,  se comprava o tabaco,  se lanchava e se compravam os gelados, enfim, em qualquer hora do dia havia sempre algum trabalhador da Nucase no Delícia. De tal forma que o Sr. António Nunes, apesar de ser também ele um dos utentes, de vez em quando dizia que comprava o Delícia para o fechar no dia seguinte, só para por cobro ao desperdício de tempo do seu pessoal nesse café.

O seu proprietário era um jovem bancário, o qual só lá estava presente à noite e ao fim de semana, porque durante o dia, o serviço era assegurado por duas funcionárias, uma de nome Lena e outra Alcina.

A Lena era uma alentejana, solteira mas vivida, tinha uma paixão platónica pelo nosso colega João Paulo Mascarenhas, o qual devido à sua timidez nunca se aproveitou da fraqueza da Lena. A Alcina embora também fosse jovem, já era casada, mas um pouco simplória, por isso os mais maduros, não perdiam pitada para gozar com ela, e quando à hora do lanch se pedia uma sandwich à Alcina, esse pedido era feito de uma forma muito peculiar.

- Alcina! Uma sandes mista, com corte vaginal. Deste modo o pão tipo carcassa, em vez de ser cortado transversalmente, era cortado sobre o comprido.

Um dia sentado ao balcão estava um operário da construção que poucos conheciam, saboreando uma cerveja com goles curtos. Tinha a barba crescida e a roupa com indícios de tinta, como a maioria dos operários da construção civil.

Os primeiros que chegaram foram avisados em surdina, de quem era a personagem. Eis que mais tarde chega o Virgílio, e logo à entrada da porta, sem nos dar tempo para o avisarmos, disparou:

- Alcina! Quero uma sandes mista com corte vaginal e muita manteiga, para escorrer melhor.

 O cliente desconhecido que era o marido da Alcina, disse em voz alta e ameaçadora:

- Mas o que é isto! Tu não vês que estão a gozar contigo?

A pobre da Alcina ficou encolhida e sem saber o que dizer, mas pior ficou o Virgílio, porque se tivesse ali um buraco, por certo se tinha enfiado nele.

publicado por Nuno Santos às 07:40

Um outeiro secano residente em Lisboa, sempre atento às realidades da sua terra.
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