

Diz-se que os amigos são para a vida, servindo essa velha máxima para toda a gente. Por vezes somos nós quem escolhemos os amigos, outras vezes somos nós os escolhidos, e ainda que haja factores como a distância que, não permite haver uma maior convivência, quando o reencontro se torna possível, esse sentimento flui em pequenos gestos como, um brilhozinho nos olhos, pequenos gestos de ternura, nas conversas e nas confidências as quais se trocam apenas com os amigos verdadeiros.
Na semana que passou estivemos mais uma vez a Chaves, e embora houvesse algumas razões objectivas que, nos levaram a fazer mais essa viagem, entre as quais; a vindima, o São Miguel e o aniversário do meu sogro, além da visita a outros amigos e familiares, o ponto alto da semana foi na sexta-feira, com a recepção ao casal Manuela Pessoa e Alberto, residentes em Espinho, mas com raízes na conhecida aldeia de Sonim, que, funciona para este casal, como o seu refúgio rural.
A Manuela e a Celeste foram colegas no Magistério Primário de Chaves, onde nasceu essa relação de amizade. O Alberto tal com eu, aparecemos na relação, por via do casamento, mas desde logo houve uma grande empatia e já estivemos juntos, em Sonim em Espinho, em Chaves num encontro de colegas de Curso, desta vez tivemos o privilégio de sermos nós, os anfitriões.
Assim e depois do almoço no Taró, onde o bacalhau mais uma vez se sobrepôs à restante ementa, tivemos um passeio inglório até às Caldas. Quando digo inglório foi porque a razão principal do passeio, era bebermos um copo dessa água milagrosa que, como sabemos, tem um efeito digestivo tão eficaz quanto imediato, mas infelizmente neste ano, não são apenas os balneários termais que estão encerrados, estranhamente o mesmo acontece com o Bouvet.
Isso fez com que rumássemos a Outeiro Seco, porquanto o Alberto ainda não conhecia a nossa aldeia, dando-me um enorme prazer ser o seu cicerone na minha terra. E como diz a nossa marcha “É no Pontão a Sant'Ana no Eiró a da Portela, não há aldeia transmontana, com tanta igreja ou capela”. Fizemos esse roteiro começando pela igreja da Sra da Azinheira, uma igreja românica e classificada. Fizemos depois a circular indo ao Parque Empresarial, para depois descer ao senhor dos Desamparados e observamos o Calvário e a Sra. Da Portela, a igreja Matriz, nomeadamente o seu altar mor, de estilo barroco.
A Manuela já estivera nesta igreja, quando do nosso casamento em 2 de setembro de 1978, sendo a única que deu para visitar com pormenor, porquanto a minha mãe é uma das guardadoras da chave.
Fomos ainda à capela da senhora do Rosário, a qual só deu para espreitar pelas frinchas da porta, não dando para apreciar o fresco, descoberto recentemente, assim como a ara romana ali depositada. A última paragem foi na capela de Sant'Ana, em cujo castro a nossa aldeia nasceu. Apesar de também estar fechada, graças às novas tecnologias, o Alberto, como flash da sua máquina, conseguiu recolher imagens, não só do altar da santa, mas também do achado recente, um presépio cavado na rocha.
Foi um dia super agradável, mas como a marcha do tempo é inexorável e a noite aproximava-se rapidamente houve que fazer as despedidas, ficando o desejo de um novo encontro, não tão espassado no tempo, quanto este.