Embora não residente continuo a interessar-me pelo património da nossa terra e sempre que lá regresso, tento na medida do possível revisitar os locais onde fui feliz, enquanto residente. Nesta minha ida ao Natal a primeira vez depois do verão, quando o rio pequeno ainda não corria, foi com estranheza e consternação que vi o estado de abandono em que se encontram as poldras do papeiro, intransitáveis porque lhe faltam pedras e tem outras derrubadas, contrastando com o brio e empenho que, o Carlos Xavier costuma ter na limpeza e apresentação do nosso rio.
Bem sei que as poldras já não têm a utilidade de outrora, porque os seus habitantes na sua maioria idosos, já não têm o equilíbrio necessário para as atravessar, nem existem tantos jovens como antes, e que as atravessavam para encurtarem caminho ou na maioria das vezes, apenas para mostrarem a sua destreza e agilidade, mas também imperícia, porque de vez em quando, lá havia um que caía ao rio, para gáudio da restante tribo e aflição da vítima, porque além da vergonha do momento, sabia que ainda iria levar uns tabefes da mãe.
Estas poldras tal como o restante patimónio público edificado, fazem parte da herança dos nossos antepassados, por isso é nosso dever e obrigação, a sua preservação e em Outeiro Seco, já perdemos as poldras da Fontaínha, dos Pelames e do Porto de Santo Estêvão, por favor não deixem perder também as poldras do Papeiro.