Embora nunca tenha sido um amante da Matemática, paradoxalmente tive sempre uma inclinação pela contabilidade, talvez por ser uma ciência de certeza, onde um cêntimo é um cêntimo e o débito tem de ser igual ao crédito, dando-me um certo sentimento de justiça e de igualdade.
Assim quando no longínquo ano de 1973 saí da escola, deparavam-se-me duas alternativas, ou ia para as Finanças, sujeitando-me a um estágio não remunerado de alguns meses, aguardando depois a abertura de um concurso de admissão, ou tentava a contabilidade em Lisboa, onde para lá do fascínio de vir para a grande cidade, havia a possibilidade de continuar os estudos.
Ganhou a segunda alternativa, tornando-me contabilista, uma terminologia mais tarde substituída pela de TOC – Técnico Oficial de Contas. Curiosamente o termo contabilista, aparece de vez em quando, embora por maus motivos como ontem na Assembleia da República, o local onde curiosamente foi reconhecida a OTOC - Ordem dos Técnicos de Contas e aprovados os seus estatutos.
Quem ressuscitou a figura do contabilista, foi o Dr. Ricardo Salgado, até há poucos meses o DDT - Dono Disto Tudo, mas que ontem vestiu a pele de incauto administrador, enganado pelo contabilista.
Para quem está no meio sabe bem que, os técnicos oficiais de contas, limitam-se a classificar os elementos contabilísticos disponibilizados e se os seus relatos financeiros apresentam lucro ou prejuízo, isso depende das operações que esses gerentes e administradores fizeram, durante os seus actos de gestão.
Por isso, depois de tudo o que tem sido tornado público, nomeadamente as actas de reuniões e cartas com denúncias de má gestão, é preciso o Dr. Ricardo Salgado ter muita lata para vir dizer que, a culpa dos resultados negativos do GES, são do contabilista.