
Pelos arredores de Lisboa pululam vários palácios que, outrora serviram de veraneio a famílias nobres do passado, uns maiores outros mais pequenos, uns em estado de degradação outros, ainda em bom estado de uso e até classificados como imóveis de interesse público.
Ontem tivemos o privilégio de visitar o Palácio do Correio-Mor em Loures, porque embora o conhecesse de nome, nunca o tinhamos visitado. Trata-se de um edifício com uma história extraordinária, tendo pertencido à família Gomes da Mata que, exerceu o cargo de Correio-Mor durante mais de duzentos anos, desde que este serviço foi criado em 1520 por D. Manuel I, para assegurar a comunicação postal e outros bens, quer dentro do país mas também, com os novos domínios ultramarinos e com outros reinos amigos.
O cargo de Correio-Mor durou até ao reinado de D. Maria I, quando no ano de 1797 este serviço foi estatizado. Embora mudasse várias vezes de nome, o serviço público dos Correios, manteve-se estatizado até ao ano 2014, quando o governo de Passos Coelho o privatizou.
O palácio do Correio-Mor assim conhecido por analogia com o cargo do seu proprietário, situa-se em Loures numa quinta designada por Mata das Flores, com uma área de cerca de 150 hectares.
Esta quinta inicialmente propriedade das freiras do Convento de Odivelas, foi depois arrendada a Luís Homem, o primeiro correio-mor, que mais tarde a adquiriu, tendo-se preservado na sua família, durante mais de dois séculos.
O palácio começou a ser construído no reinado de D. João IV, mas ao longo dos tempos, sofreu várias alterações arquitectónicas. Em 1875 foi vendido a um grande proprietário de Loures, chamado Quirino Luís António Lousa, que o deixou a sua filha Filipa Maria Lousa Canha, mas foi o seu marido José Baptista Canha quem lhe introduziu grandes alterações decorativas.
O casal teve apenas uma filha Maria de Assunção Lousa Canha que ficou solteira e apenas passava os verões no palácio. Após a sua morte já na década de sessenta, o palácio e a quinta foram adquiridos por Miguel Quina, um proeminente capitalista no antigo regime, proprietário entre outros interesses, do Banco Borges & Irmão.
Miguel Quina introduziu-lhe também ele grandes alterações, sobretudo a nível da decoração interior. Em 24 de janeiro de 1967 por decreto-lei n.º 47508 este palácio foi classificado como Imóvel de Interesse Público.
Actualmente o Palácio e a quinta pertencem ao grupo imobiliário FIBEIRA, que ontem promoveu uma acção promocional, dos investimentos propostos para a quinta.
Graças a uns amigos tivemos convites para esta visita, onde além de conhecermos o Palácio, pudemos assistir e a um concerto privado do novo grupo de Carlos Maria Trindade, um Ex Heróis do Mar e Madredeus, ao qual junta, Sara Afonso na voz e Alexei Tolpygo no violino.
E porque gostamos muito de Loures, onde vivemos os nossos primeiros anos de casados, ficamos a torcer para que este investimento se realize e venha a ser um sucesso, porquanto, será uma mais-valia para o concelho e para a região.