Ontem recebi na minha caixa de mensagens um email enviado pelo meu amigo João Esteves, o qual embora de autor desconhecido, dada a importância do tema, não podia deixar de o partilhar. O texto é um pouco extenso mas vale a pena ler, porque ajuda a denunciar uma situação que é mesmo, uma verdadeira vergonha. Trata-se das campanhas de solidariedade e vejamos como se fazem lá fora e cá dentro. “Em Inglaterra a cadeia de supermercados Waitrose, oferece uma chapa (espécie de moeda) a cada cliente que faz compras acima de um determinado valor. O cliente à saída tem três caixas, cada uma em nome de uma instituição social sediada no seu município, para receber as referidas moedas de acordo com a opção do cliente. Periódicamente a empresa conta as moedas e entrega depois em dinheiro o valor correspondente. Esse donativo diminui obviamente nos seus lucros fiscais, uma prerrogativa que a lei portuguesa, também permite através do Estatuto dos Benefícios Fiscais. Só que em Portugal, as campanhas de solidariedade custam ao doador uma parte para a instituição, outra para o Estado e ainda mais uma boa parte, para a empresa que operacionaliza a acção ou campanha. Somos um país de espertos até na ajuda aos mais necessitados, donde não devemos ficar quietos e calados, devendo denunciar esta total falta de vergonha. É muito triste, mas é bom saber que no Programa de luta contra a fome, nada é o que parece. Ora veja: Na última acção de recolha de bens junto dos hipermercados, uma ação, louvável do programa da luta contra a fome, segundo os telejornais, foram recolhidos cerca de 2.644 toneladas! Ou seja 2.644.000 Kg. Se cada pessoa adquiriu no hipermercado 1 produto para doar e se esse produto custou, digamos, 0.50 € (cinquenta cêntimos), repare que: 2.644.000 Kg x 0,50 € dá 1.322.000,00 € (1 milhão, trezentos e vinte e dois mil euros), total pago nas caixas dos hipermercados. Quanto ganharam? O Estado: 304.000,00 € (23% iva) O Hipermercado: 396.600,00 € (margem de lucro de cerca de 30%). Nunca tinha reparado, tal como eu, quem mais engorda com estas campanhas... Devo dizer que não deixo de louvar a ação da recolha e o meu respeito pelos milhares de voluntários. MAIS… É triste, mas é bom saber... Porque é que os madeirenses receberam apenas 2 milhões de euros da solidariedade nacional, quando o valor doado foi de 2 milhões e 880 mil? Querem saber para onde foi esta "pequena" parcela de 880.000,00 €? A campanha a favor das vítimas do temporal na Madeira, através de chamadas telefónicas é um insulto à boa-fé da gente generosa e um assalto à mão-armada. Pelas televisões a promoção reza assim: Preço da chamada 0,60 € + IVA. São 0,72 € no total. O que por má-fé não se diz, é que o donativo que deverá chegar ao beneficiário madeirense é de apenas 0,50 € assim oferecemos 0,50 € a quem carece, mas, cobram-nos 0,72 €, mais 0,22 € ou seja 30%. Quem ficou com esta diferença? 1º - A PT com 0,10 € (17%), isto é, a diferença dos 50 para os 60. 2º - O Estado com 0,12 € (20%), referente ao IVA sobre 0,60 €. Numa campanha de solidariedade, a aplicação deu uma margem de lucro pela PT e da incidência do IVA pelo Estado, são o retrato da baixa moral a que tudo isto chegou. A RTP anunciou com imensa satisfação, de que o montante doado atingiu os 2.000.000,00 €. Esqueceu-se de dizer, que os generosos pagaram mais 44%, ou seja, mais 880.000,00 €, divididos entre a PT (400.000,00 €, para a ajuda dos salários dos administradores) e o Estado (480.000,00 €, para auxílio do reequilíbrio das contas públicas e aos que por lá andam). A PT cobra comissão de quase 20%, num acto de solidariedade! O Estado faz incidir IVA, sobre um produto da mais pura generosidade! Isto é uma total falta de vergonha, sob a capa da solidariedade é bom que o povo saiba, que até na confiança somos roubados. Isto é um triste esbulho à bolsa e ao espírito de solidariedade do povo português! Pelo menos. DENUNCIE! Não vale a pena sermos solidários nestas acções, pois há muitos a comer à nossa conta e com muito mais condições que nós!” |