Com a devida vénia ao Chaves Intemporal pela utilização da fotografia postada no facebook, eu não podia deixar de a republicar porque ela ilustra bem a sala de visita de Outeiro Seco, à qual chamamos de Largo do Tanque.
Uma boa parte da vida social e económica da nossa terra passou por este local. Contudo a dinâmica do tempo, tem alterado substancialmente este local. Donde, as lameiras do rio onde se jogava o trinque cevada e outros jogos populares e onde as lavadeiras estendiam a roupa à cora, foram substituídas pelo parque infantil.
O paradoxo é que quando havia muitas crianças na aldeia, não havia parque infantil, em sua substituição utlizavam-se os terreiros e as estrumeiras para a diversão. Apesar da dispersão da aldeia por quatro bairros, o Largo do Tanque e o Adro da Sra. do Rosário, eram o local de eleição e o ponto de encontro da juventude. O centenário olmo acolhia sobre a sua sombra as assembleias dos homens do povo que ali tratavam dos seus assuntos domésticos. O seu grosso tronco que três homens não abarcavam, servia de porta ao jogo do rou rou, e quando o futebol entrou na vida da juventude, servia também de poste a uma das balizas.
A fotografia sem qualquer pessoa visível, é um sinal dos tempos, o qual devia obrigar uma urgente reflexão, à política de desenvolvimento regional, a fim de por cobro à desertificação do interior do país, ao qual vimos assistindo paulatinamente.
Eu que já me tornei num sexagenário, não contesto as alterações introduzidas no local, até porque muitas delas foram para melhor, no entanto, não deixo de sentir alguma nostalgia do Largo do Tanque da minha juventude, sobretudo, pelas memórias associadas.
Porém há uma alteração que, eu lamentarei para toda a vida, trata-se da demolição da antiga ponte medieval, que agora só podemos apenas admirar, na gravura colocada junto ao tanque.
Um Bom Ano para todos os outeiro secanos espalhados pelo mundo.