Embora na nossa aldeia se faça uso do lema “Tradição e Modernidade” o certo é que as tradições, têm vindo a ser perdidas, tanto na nossa aldeia, como em quase todas as outras aldeias do interior. De vez em quando lá aparece uma instituição cultural, que, numa de revivalismo, procura recuperar essas tradições em decadência, ficando isso a dever-se, à dinâmica dessas mesmas organizações.
Na nossa aldeia, pese embora continue a existir a Casa de Cultura, tal revivalismo não tem existido, nem ao que conste, noutras organizações congéneres, a não ser o Ecomuseu do Barroso, parecendo-me atualmente, ser a organização mais ativa, em matéria da preservação destas tradições.
Por exemplo nesta época, havia a tradição da comemoração dos compadres e das comadres. Os compadres era na penúltima quinta-feira que antecede o domingo de carnaval ou seja antes do domingo magro. As comadres na quinta-feira seguinte antes do domingo gordo, donde se dizia que as comadres, eram mais gulosas.
Eram encontros de amigos e amigas que se juntavam num local específico, as comadres na casa de uma delas, os comadres recorriam mais às adegas.
Mas a tradição mais celebrada da época, porque era a mais comum a quase todas as casas, era sem dúvida o sábado filhoeiro. E se as comemorações dos compadres e das comadres eram mais dispendiosas, com recurso a peças do fumeiro e vinho, coisas que não estava ao alcance de todas as casas, para se celebrar o sábado filhoeiro bastavam apenas uns quilos de farinha de trigo, azeite e ovos. A técnica era a mesma utilizada para fazer as filhoses no Natal.
Recorda-me que nesse dia quando chegávamos do monte com as vacas, enregelados pelo vento frio da época e pela pouca roupa que usávamos, tudo isso era esquecido, pela iguaria que nos aguardava na cozinha, as filhoses quentinhas, com as quais ficávamos todos lambuzados, por causa do açúcar e canela, com que eram polvilhadas.
Isto é um sinal dos tempos porém ainda há revivalistas, uns como eu porque se lembram dessas memórias de infância, outros há que são mais proativos e passam mesmo das memórias aos atos, comemorando mesmo o sábado filhoeiro.
Tudo isto serve de pretexto ao Carnaval que aí vem, mas que em Outeiro Seco, foi mais uma tradição que se perdeu. Por isso quem quiser folia carnavalesca, terá de a procurar noutro local podendo ser em Verin, onde os Cigarrons animarão as ruas da vila.