Tenho assistido com algum distanciamento à crise política que grassa no Brasil, embora preocupado com o bem-estar de familiares e amigos, sobretudo, pelas repercussões que esta crise política possa ter nas suas vidas pessoais e profissionais.
Apesar das suas riquezas endógenas, o Brasil tem sido um país com o futuro sistematicamente adiado, embora nas duas últimas décadas tenha conhecido um incremento positivo, tanto no campo económico como social, diminuindo assimetrias eliminando alguma pobreza, que, em alguns setores da sociedade, eram extremas.
Ao contrário da maioria dos países da Europa, onde vigora um sistema político parlamentar, o Brasil rege-se por um sistema presidencialista, assentando o poder no seu presidente, atualmente Dilma Rousseff, no vice-presidente Michel Temer e no presidente do Congresso Eduardo Cunha.
O processo de destituição que pesa sobre a presidente Dilma nada tem a ver com corrupção, apesar de ser a maior chaga na classe política, diz-se que 40% dos deputados do congresso, têm processos de investigação. O caso da destituição da presidete Dilma resulta de um ato de governação, que, em qualquer regime parlamentar, seria resolvida numa Comissão Parlamentar, resultando daí apenas consequências políticas.
Contudo por interesses obscuros, os quais se prendem com a usurpação do poder, porque a constituição brasileira não prevê a marcação de eleições antecipadas. Destituída a presidente sobe ao seu lugar o vice-presidente, sendo este substituído pelo presidente do Congresso.
Estes dois sim estão indiciados em vários processos de corrupção e não só, pois além da implicação no processo Lava Jato, Eduardo Cunha tem contas bancárias no estrangeiro, tendo mentido à Comissão, omitindo a sua existência.
O Brasil que por causa da baixa do petróleo, já não conhecia bons momentos, vê-se agora com o governo praticamente paralisado, e como este processo demorará ainda algum tempo a solucionar-se, vamos ver como o povão irá reagir e quais as consequências de tudo isto. Esperamos que a democracia prevaleça e não volte de novo o fantasma da ditadura de 1964, quando os militares tomaram o poder na sequência de uma crise política.
Que mais irá acontecer ao povo brasileiro? Razão tem o Chico Buarque ao cantar “Pai afasta de mim esse cálice”.