Outeiro Secano em Lisboa

Abril 27 2016

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Varsóvia o palácio do conhecimento, um edifício que marca a presença soviética na Polónia.

 

Este mês de abril foi para nós, fértil em viagens, depois da estada de 10 dias na Holanda, quase não tivemos tempo para desfazer as malas, porque tivemos de rumar à Polónia.

Ora, se a viagem à Holanda é já um ritual para matar saudades do filho e nora, a viagem à Polónia teve um outro contexto, porquanto, estava inserida no plano de atividades da Casa do Professor de Loures, da qual a Celeste é sócia, tratando-se por isso de uma viagem de lazer, como devem ser todas as viagens.

Atendendo ao pouco tempo de duração desta viagem, quatro dias e três noites, foi como que um aperitivo, do muito que se pode visitar neste país, quase quatro vezes maior que Portugal, tanto em área, como em população. Segundo a guia que nos acompanhou, a Polónia tem de área 312 mil quilómetros quadrados e 38 milhões e meio de habitantes.

Sendo um país milenar, tem por isso uma história muito rica, com períodos como o da Época Dourada, alternados com outros muito negros, como entre 1795 e 1918 isto é 123 anos em que a Polónia, foi literalmente eliminada do mapa do mundo, porquanto, o seu território, foi repartido entre a Prússia a Rússia e o Império Austro-húngaro.

A Polónia só recuperou novamente o seu estatuto de país independente, em 1918. Porém a partir de setembro de 1939 viveu um novo período negro da sua história, quando foi invadida pela Alemanha de Hitler, só recuperada pelo exército vermelho, em 1944. Durante esse período do domínio alemão, estima-se que terão morrido cerca de seis milhões de polacos, entre nacionalistas e judeus.

Quanto à nossa viagem em voo TAP de Lisboa a Varsóvia, seguimos depois de autocarro para o sul, até Cracóvia. A relação entre Varsóvia e Cracóvia é semelhante à de Lisboa-Porto, até na distância que as separa, de 310 quilómetros. Só que em Portugal existem agora várias autoestradas que fazem essa ligação, mas na Polónia a estrada que liga as duas maiores cidades, é semelhante à antiga estrada nacional 1, com muitos troços onde ainda existem apenas duas vias, embora estejam já a construir uma autoestrada, que, em breve, ligará estas duas cidades.

O centro histórico de Cracóvia está classificado património mundial pela Unesco desde 1978. Como foi a antiga capital do reino, situa-se ali um castelo e a catedral onde faziam a coroação dos reis e onde o Wojtyla foi primeiro bispo auxiliar e depois cardeal, antes de ser conhecido como o Papa João Paulo II que v irou um autêntico herói nacional.

 

 

Cracóvia é uma cidade muito bonita e de grande interesse turístico, como foi aqui fundada a primeira universidade do país, está transformada num grande centro universitário, sendo por isso muito procurada por estudantes estrangeiros para fazerem aqui o seu programa de Erasmus, daí que as suas noites em especial as de fim-de-semana, sejam muito animadas.

Próximo de Cracóvia situam-se dois outros polos de grande interesse turístico, as minas de sal de Wieliczka, e o célebre campo de concentração de Auschwitz.

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Campo de concentração de Auschwitz

Quanto às minas de sal de Wieliczka a sua exploração vem já de há muitos anos, por isso atendendo à sua relevância, estão também reconhecidas como património mundial da humanidade desde 1978. A cerca de duzentos metros de profundidade, estas minas têm uma extensão de mais de 250 quilómetros, embora só cerca de três quilómetros da mina, estejam convertidas em complexo museológico.

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Minas de sal em Wieliczka - Tanto as gravuras como as paredes são de sal.

 

Ali tudo é sal desde o teto às paredes e ao piso, ao longo do percurso podem ver-se esculturas em sal, efetuadas pelos mineiros, assim como várias capelas e outros locais de culto, mas também existe um restaurante um hotel e ainda, um hospital para tratamento de doenças respiratórias.

Depois das minas retomamos o rumo para norte, passando no maior e mais famoso campo de concentração e de extermínio utilizado pelos nazis, o campo de Auschwitz - Bierknau. Trata-se de um lugar preservado para memória futura dos horrores da guerra, onde morreram milhões de judeus mas também de intelectuais e opositores polacos, assim como de prisioneiros de guerra russos.

Este lugar é um roteiro obrigatório para a comunidade judaica, para nós ocidentais, em especial aqueles que não viveram esse período, embora com algum distanciamento, não deixamos contudo de ver este lugar, com alguma consternação.

Depois do Auschwitz segue-se a cidade de Czestochova, onde se situa o famoso santuário de Jasna Gora, mais conhecido no mundo ocidental como virgem negra. Apesar de neste local nunca ter havido aparições, o culto faz-se a um ícone (quadro de uma imagem religiosa, pintado sobre madeira) porém segundo estatísticas, a seguir ao Vaticano este santuário, é o segundo templo católico mais visitado no mundo.

Por fim chegamos a Varsóvia a capital, uma cidade que foi praticamente arrasada pela guerra mas que tal como a Fénix da mitologia grega, renasceu. Dizem que uma boa parte da cidade nomeadamente a sua zona histórica foi requalificada e restaurada recorrendo, quer à memória dos seus sobreviventes, mas também às imagens de quadros antigos de pintores famosos que, tinham pintado a cidade.

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O palácio de D. João III algo semelhante a Versalhes 

O que não foi reconstruído foi o antigo gueto judeu, em cujo local se erguem agora a maioria dos prédios mais modernos da cidade.

Na Polónia existe uma grande tradição católica, diz-se que 97% dos polacos professam esta religião, razão pela qual em Varsóvia, há quase tantas igrejas como mesquitas em Istambul.

Resta acrescentar que o país é atravessado de norte a sul pelo rio Vístula, passa primeiro em Cracóvia e depois em Varsóvia, desaguando a norte no mar Báltico. A Polónia é membro da União Europeia desde 2004, aderiu ao Tratado Schengen, mas não ao euro. A sua moeda é o zloty e cada euro vale cerca de 4 zlótis.

Para os amantes de viagens, eis uma boa sugestão para uma próxima viagem.

publicado por Nuno Santos às 08:50

Um outeiro secano residente em Lisboa, sempre atento às realidades da sua terra.
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