Eles não sabem nem sonham
Que o sonho comanda a vida
E que sempre que o homem sonha
O mundo pula e avança
Como bola colorida
Entre as mãos duma criança.
Embora o título de campeão europeu fosse o desejo e o sonho de um povo, a verdade é que nem todos os portugueses acreditavam ser possível, face às circunstâncias inerentes a este jogo, eu próprio confesso tinha algum ceticismo.
Desde logo, porque o outro finalista era a França, o país organizador, depois, porque havia toda uma tradição de resultados negativos contra nós, o nosso comandante estava um pouco inferiorizado, e pior ainda, foi logo abatido no início do combate.
Mas como diz o poeta, o sonho tornou-se "realidade", uma palavra também muito usada pelo nosso selecionador, que sonhava com o título de campeão europeu, de tal forma que o transmitiu bem cedo, dizendo que, só regressaria a Portugal no dia 11 e em festa.
Ora, a profecia realizou-se, só indo regressar hoje a Portugal e em festa, a qual já se iniciou ontem, por todo o mundo, onde há portugueses.
Claro que a festa foi mais forte, em todos os países da lusofonia, mas foi extensível a outros países onde há pessoas que, por qualquer razão, têm laços de amizade com Portugal. São conhecidos, os efusivos festejos de Benni Maccarthy, um sul africano que passou pelo Futebol Clube do Porto, assim como os do embaixador dos Estados Unidos em Portugal e até do espaço vieram os parabéns, dados pelo austronauta residente na estação espacial, com uma fotografia da península ibérica.
Este título foi vivido com grande emoção por todo o país de norte a sul, pelos jogadores e equipa técnica, mas sobretudo, pelos nossos emigrantes, mas em especial os emigrantes franceses, porque continuam a ser tratados por alguns franceses, com sobranceria e sentimento de superioridade.
Confesso que tinha alguma simpatia pessoal, pela França e pelos franceses, mas a sua falta de fair play demonstrada ontem, com o apagão da torre Eiffel, abalou um pouco essas minhas simpatias, para com a França e os franceses.
O dia já tinha começado bem, com os títulos de campeões individuais e coletivos na meia-maratona dos campeonatos europeus de atletismo, realizados em Amsterdão e ainda na disciplina do triplo salto feminino, assim como o segundo lugar na etapa da Volta à França por Rui Costa, porém acabou em beleza com o título europeu em futebol, graças aos 23 heróis para não invidualizar nenhum.
Embora fossem vitórias desportivas, as quais não melhoram a nossa qualidade de vida, melhoram o nosso astral, mas ao mesmo tempo, podem contudo deixar-nos algumas reflexões. Ora se no desporto conseguimos estar no ranquing dos melhores da Europa, porque não o somos nas outras atividades?
Bora lá Portugal! Vamos provar que somos pequenos em território mas grandes nos desígnios.