Outeiro Secano em Lisboa

Março 28 2017

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O meu amigo Lelo Sobreira tem publicado no facebook extratos de leituras bíblicas, embora nada tenha contra, nem vá tão longe como o José Saramago, que, numa entrevista disse que, a Bíblia era um manual de maus costumes, o certo é que também não se deve tomar como verdadeiro, tudo quanto lá se lê.

Curiosamente há meses, numa das minhas idas à terra e assistindo a uma missa por intenções familiares, como era um dia da semana e à falta dos leitores habituais, eu próprio tive de ler as Leituras, sendo que uma delas era uma “ Epístola de São Paulo aos Cristãos de Éfeso”.

Para quem não conhece Éfeso, esta situa-se na atual Turquia, estando a ser objeto de escavações arqueológicas por uma equipa de arqueólogos austríacos, só esperamos que nunca lhe aconteça, o mesmo que à cidade de Palmira na Síria, infelizmente recém-destruída pelos radicais do exército islâmico.

Quem visite Éfeso ou faça uma busca no Google, poderá ver que uma vasta extensão da cidade já está a descoberto, embora segundo os especialistas, corresponda apenas a dez por cento da cidade antiga, a qual no passado fez parte da Grécia Antiga, sendo depois a quinta maior cidade do Império Romano.

Há dois anos tive o privilégio de visitar Éfeso, e a fotografia que ilustra o texto, é dessa altura e do seu anfiteatro, o qual tinha uma capacidade para 16.000 espectadores sentados.

Ora, o nosso guia local um turco natural de Izmir ou Esmirna, por sinal uma cidade bem próximo de Éfeso, disse-nos que o São Paulo, jamais ali pregou, porque nessa época vivia na cidade um grande mercador, pessoa de grande predominância na região, e porque não se convertera ao cristianismo, opôs-se sempre às pregações de São Paulo em Éfeso.

Ora perante estas duas realidades, qual delas é a verdadeira?

publicado por Nuno Santos às 07:30

Março 27 2017

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Acabo de ler no facebook a mensagem do Carlos Xavier, dando conhecimento da sua recandidatura, à presidência da Junta de Freguesia de Outeiro Seco. Ora, fico satisfeito pela sua recandidatura, primeiro pela nossa relação pessoal a qual é geracional, vindo do nosso lado materno. Segundo, pelo empenhamento que ele tem colocado na resolução dos interesses da freguesia, bastas vezes tomando essas resoluções como causas pessoais, como foi o caso da rampa do adro da igreja.

Só lamento que a recandidatura esteja enquadrada numa corrente política, que em minha opinião, tem sido pouco agregadora e responsável pelo marasmo em que, a região flaviense tem vivido nas últimas décadas, muito por falta de uma liderança carismática e visionária.

Não tendo sido capazes de alavancar polos de desenvolvimento para o concelho, estes gestores autárquicos cometeram ainda verdadeiros atentados arquitetónicos, desvirtuando a cidade da sua vertente antiga e medieval.

Esta é apenas a minha opinião, pois embora eu me sinta muito ligado sentimentalmente a Outeiro Seco e a Chaves, não tenho opção de escolha pis não sou ali  eleitor, voto na minha área de residência, Odivelas onde me sinto um peixe fora de água, porquanto Odivelas é praticamente e apenas, o lugar onde durmo.

Quanto a Chaves e em comparação com aquilo que vejo um pouco por todo o país, acho que, as potencialidades endógenas da nossa cidade e do concelho, mereciam uma liderança com uma maior dinâmica, de molde a que a nossa região, apareça definitivamente no roteiro turístico nacional.

Infelizmente o que vamos assistindo é à degradação da cidade, em especial pela falta da sua promoção. As Caldas, apesar dos sucessivos investimentos, perderem utentes para a concorrência, as festas do concelho a 8 de julho pese embora o simbolismo da data continuam, com um programa pouco aliciante, assim como o programa dos Santos, que embora seja uma das feiras mais antigas do país, não descola das barracas das farturas, dos bombos e das concertinas.

Vai nos valendo o Desportivo que, domingo a domingo vai elevando o nome da cidade pelo país, embora de uma forma pouco sustentável, porquanto, na equipa principal não se vislumbra nenhum jogador natural do concelho, já que os naturais militam noutras equipas, como o exemplo do Edu Machado no Boavista.  

Voltando à recandidatura do Carlos Xavier, tal como disse anteriormente, desejo-lhe o maior sucesso pessoal e social, e ao mesmo tempo, porque a Junta é o elemento mais agregador da freguesia, gostava que conseguisse unir todas as suas forças vivas, de molde a que Outeiro Seco, voltasse a ser a referência que foi no passado, e da qual ele foi também um elemento ativo.

  

 

 

 

publicado por Nuno Santos às 10:36

Março 22 2017

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O tema dos refugiados não é recente. Ao longo dos tempos têm sido recorrente as fugas em massa de populações, umas fugindo por razões económicas causadas por secas extremas que, trazem a fome e doenças, outras das guerras, causadas por perseguições políticas e religiosas.

A própria Bíblia fala-nos numa dessas vagas de refugiados, designada por Êxodo, descrevendo a fuga dos Hebreus do Egito para a Terra Prometida, de onde já tinham fugido, por causa de uma seca extrema.

Durante os finais do século XIX e princípios do século XX, Portugal também conheceu de certa maneira este fenómeno, quando, por razões económicas, milhares de portugueses emigraram para as Américas, sobretudo para o Brasil. O fenómeno haveria de repetir-se nas décadas de cinquenta e sessenta, desta vez para a França e Alemanha, para suprirem a falta de mão-de-obra nesses países, devastados pela segunda guerra mundial.

Ora, foi por causa da guerra mundial e em especial pela guerra civil espanhola que, as nossas aldeias transfronteiriças receberam algumas centenas de estrangeiros, sobretudo espanhóis, perseguidos pela guerra civil.

O Pedro Prostes da Fonseca no seu livro “Contra as Ordens de Salazar” ilustra bem este fenómeno, dando particular ênfase à ação do flaviense António Augusto Seixas, que, na qualidade de tenente da Guarda Fiscal na região de Barrancos, permitiu a fuga de 405 espanhóis, evitando assim que fossem mortos pelas milícias de Franco, ainda que essa ação lhe causasse a passagem à reforma compulsiva.

Embora o seu corpo esteja enterrado no cemitério flaviense, o facto não foi muito valorizado em Chaves, nem sequer em termos toponímicos. Porém António Augusto Seixas tem dois memoriais em sua honra, um em Barrancos e outro em Oliva de la Frontera na província de Badajoz.

Na região de Chaves também houve vários casos de refugiados políticos, sendo o mais mediatizado o ocorrido na aldeia de Cambedo, onde um grupo espanhol composto por Juan Salgado Ribera, Bernardino García e Demétrio García Alvarez se refugiaram, em casa de uma irmã do Demétrio.

Em Outeiro Seco, os casos mais conhecidos foram o de uma família espanhola, a quem o senhor João Alferes deu asilo. Pouco se sabia do míster desta família, dizia-se pedreiro mas claro que, era para esconder a sua verdadeira identidade. Todos os dias a sua mulher ia a casa do meu avô Eurico, pedir-lhe o jornal o Comércio do Porto que, o meu avô comprava diariamente e lera na véspera. O espanhol lia depois com sofreguidão, os acontecimentos da guerra civil espanhola descritos no jornal.

Por essa altura Outeiro Seco recebeu um outro casal de refugiados, estes vindos da Bélgica. O marido era português e chamava-se Arnaldo, a mulher era estrangeira e respondia por Marta, nunca se soube porque fugiam, mas o mais provável era que Marta fosse de origem judia. Estavam exilados em casa do senhor Francisco Bouças, mas tomavam diariamente o café em casa dos meus avós, sempre sem açúcar, relembra a minha mãe.

A senhora tinha grande dificuldade em fazer-se entender pelos os vizinhos, todos eles com grande iliteracia, pois nessa época, ainda não se dera a vaga emigratória para França. Por isso um dia em conversa com a Fernanda André, a senhora após lhe dizer algo e vendo que, esta não a entendia, perguntou-lhe.

- Tu compri? Compri?

- Nom compri disse-lhe a Fernanda.

Então a senhora bastante irritada disse-lhe.

Merde! Merde! Compri! Compri!  

A Fernanda só disse.

- Agora compri.

O episódio tornou-se pitoresco e a minha mãe, passados mais de setenta anos, ainda o recorda com graça.

 

publicado por Nuno Santos às 09:59

Março 20 2017

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Há dias ficou meio mundo indignado, quando o recém-eleito presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, no seu discurso de vitória da noite eleitoral, parafraseando o seu tio-avô Almirante Pinheiro de Azevedo, mandou à “Bardamerda”, todos aqueles que, não eram do Sporting.

Claro que a frase foi dita num contexto, estando Bruno de Carvalho a referir-se a todos aqueles que, na comunicação social, o vilipendiavam diariamente. Claro que eu como sportinguista e votante em Bruno de Carvalho, não me revi nesse discurso, nem na expressão usada.

Porém já me revejo nessa mesma expressão, agora utilizada num texto que, chegou à minha caixa de email, escrito ao que parece, por um professor universitário e investigador, o qual reza assim:
 
Sabiam que o Banco de Portugal comparticipa a ( Eu diria, paga ) 100% as despesas de saúde dos seus funcionários? Quem paga isso? Somos nós os contribuintes, enquanto que a ADSE paga só aquilo que nós sabemos. Eu não sei. Só sei que o meu sistema de saúde é o SNS . Discordo completamente, que haja vários sistemas de saúde.
É por isso que funcionários do Banco de Portugal fazem implantes dentários e os "outros implantes" que estão agora na moda às funcionárias e às mulheres dos funcionários.
Como é isto possível?
E nós que somos os pagantes, ficamos calados???,,,,
Vá bardamerda senhor Governador!

Neste país há investigadores universitários que estudam todos os dias até altas horas da noite, que trabalham continuamente sem limites de horários, sem fins-de-semana e sem feriados. Há professores universitários que dão o seu melhor, que prepararam cuidadosamente as suas aulas pensando no futuro dos seus alunos, que dão o melhor e sem limites pelas suas universidades. Há policias que ganham miseravelmente, que não recebem horas extraordinárias, que pagam as fardas do seu bolso e para sobreviverem têm de prestar os serviços remunerados.

Toda esta gente e muita mais que poderia ser referida foi eleita como a culpada da crise, denunciada como gorduras do Estado, tratada como inutilidade social, acusada de ganhar mais do que a média, desprezada por supostamente não ser necessária para a direita se manter no poder. Mas há uns senhores neste país que ganham muito mais do que a média dos funcionários públicos, que têm subsídios extras para tudo e mais alguma coisa, que cumprem com incompetência as suas funções, que recebem pensões chorudas, que vivem do dinheiro dos contribuintes como todo o Estado, mas que não foram alvo de nenhuma das medidas de austeridade que até hoje foram aplicadas aos funcionários públicos. São os meninos e meninas do BdP.

Ainda as pessoas mal estavam refeitas do anúncio da pilhagem aos seus rendimentos e há um tal Costa, governador do Banco de Portugal, vinha defender que as medidas deste OE deveriam prolongar-se para além de 2014. Isto é, o senhor defende que os cortes se tornem definitivos. No mesmo dia a comunicação social informava que as medidas de austeridade aplicadas aos funcionários públicos não seriam aplicadas aos funcionários do banco de Portugal, o argumento para tal situação era o da independência do banco.

Mas se o Governo não pode nem deve interferir na gestão do BdP e o senhor Costa se comporta como um cruzamento entre a ave agoirenta e o Medina Carreira o mínimo que se espera é que ele dê o exemplo pois nada o impede de aplicar aos seus (incluindo os pensionistas do BdP) a austeridade que exige aos outros. No caso do BdP o senhor Costa não só estaria a adaptar as mordomias dos funcionários públicos e pensionistas do BdP à realidade do país como estaria a dar um duplo exemplo, um exemplo porque aplica aos seus a austeridade que exige aos outros e um exemplo porque chama os seus a responder pela incompetência demonstrada enquanto entidade reguladora de bancos como o BPN ou o BPP.

Porque razão um professor catedrático de finanças ganha menos do que um quadro do BdP, não recebe subsídio para livros como este e na hora da austeridade perde parte do vencimento e os subsídios enquanto o funcionário público do BdP não corta nada e muito provavelmente ainda recebe um aumento?

E já que falamos no BdP que tanto se bate pela transparência das contas públicas e do Estado enquanto o seu governador anda por aí armado em santinha das finanças, porque razão os vencimentos e mordomias do BdP não aparecem no seu site de forma a que sejam conhecidas pelos contribuintes que as pagam? Todas as colocações, subidas de categoria e remunerações dos funcionários públicos são divulgadas no Diário da República mas o que se passa no BDP é segredo, muito provavelmente para que o povo não saiba e assim manterem o esquema.

Ainda a propósito de transparência seria interessante saber porque razão os fundos de pensões da banca vão ser transferidos para o Estado e o do Banco de Portugal fica de fora. O argumento da independência não pega, o que nos faz recear que o fundo de pensões seja abastecido de formas pouco aceitáveis para os portugueses. Seria interessante, por exemplo, saber a que preço e em que condições uma boa parte do imobiliário que o banco detinha por todo o país foi transferido para o fundo de pensões dos seus dirigentes e funcionários.

É por estas e por outras o senhor Costa não tem autoridade moral para propor o mais pequeno sacrifício seja a quem for e deveria abster-se de parecer em público, este senhor só merece a resposta : 
«vá bardamerda, snr.
governador»!...

Por acaso conheço uma jovem licenciada em Economia, que, no ano da sua licenciatura, ficou no top five das melhores alunas da Faculdade. Por essa razão não lhe foi difícil estagiar numa grande consultora. Após a conclusão do seu estágio, concorreu e entrou para o BdP. Mas como é uma idealista, a jovem saiu do BdP, porque segundo ela, não se sentia bem com as mordomias que auferia, face às tarefas pouco relevantes que ali desempenhava, em contraste com as condições que a generalidade das suas colegas auferiam cá fora.

Lamentavelmente esse pensamento não é generalizado, razão porque temos portugueses de primeira e de segunda.

  

publicado por Nuno Santos às 14:34

Março 15 2017

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Descansem os europeístas porque ainda não é o Portexit, assim, para o bem e para o mal, continuamos a depender das orientações da União Europeia, tanto em matéria de política económica, como financeira. Estamos fora da Europa, mas apenas nas competições europeias, após a eliminação do Futebol Clube do Porto ontem, imitando o Benfica que, fora eliminado na semana anterior.

Com efeito, nesta época desportiva 2016/2017, as nossas equipas tiveram um fraco desempenho nas competições europeias, contribuindo muito pouco, para a pontuação do ranquing da UEFA. Se é verdade que o Benfica e o Porto, ainda se apuraram para os oitavos de final, já o Sporting que, também disputou a Champions League, caiu logo na fase de grupos, mercê da pouca sorte no sorteio, onde teve como parceiros de grupo, o Real Madrid, o Borrússia de Dortmund e Légia de Varsóvia.

Embora não houvesse um grande desequilíbrio nos jogos disputados, e as estatísticas provam isso, tendo o Sporting perdido com o Real e o Borrússia, sempre pela margem mínima, os resultados posteriores destas duas equipas provam que, são de outra galáxia.

Se bem que na minha opinião, o Sporting tinha a obrigação de fazer muito mais, perante o Légia de Varsóvia, ainda que no confronto directo o Sporting tivesse ganho em Alvalade por 2-0 e perdido em Varsóvia apenas por 2-1. O seu não apuramento para a Liga Europa, em detrimento do Légia, resultou do empate do Légia com o Real Madrid por 3-3.

Quanto às outras equipas que disputaram a Liga Europa, o Sporting de Braga, Rio Ave e Arouca, destas, só o Sporting de Braga se apurou para a fase de grupos, onde teve um desempenho muito abaixo das expetativas.

No jogo de ontem do Futebol Clube do Porto, repetiu-se a mesma situação do jogo do Dragão, havendo uma expulsão ainda na primeira parte, a qual terá condicionado o jogo do Futebol Clube do Porto. Curiosamente as estatísticas provam o contrário isto é, O Porto teve mais ataques e remates na segunda parte, jogando com dez jogadores do que na primeira com onze, mas isso também se deveu à postura da Juventus que se limitou a controlar o jogo.

O facto de ter jogado apenas com dez jogadores, ficou a  dever-se à justa expulsão de Maxi Pereira, tal como no Dragão se verificou a justa expulsão de Alex Teles. Ora, se estas expulsões terão condicionado o resultado do Porto, na eliminatória, não podemos esquecer que o Futebol Clube do Porto, disputou o apuramento para a Champions League com a Roma, tendo aí beneficiado de duas expulsões de jogadores da Roma.

O Benfica teve uma fase de grupos titubeante, apurou-se para os oitavos de final, por via dos resultados de terceiros, nomeadamente beneficiando do desperdício de um penalti do Dynamo de Kiev, mas nos oitavos de final jogou com o Borrússia de Dortmund, antes adversário do Sporting, com os resultados conhecidos.

Assim neste ano até finais de maio veremos os jogos pela televisão ficando a torcer que o Real Madrid se sagre campeão europeu, pois o facto de ter três jogadores da nossa seleção, ainda nos resta qualquer coisinha.

     

publicado por Nuno Santos às 09:36

Março 12 2017

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Se nos cingíssemos aos tempos de hoje, os meus amigos Herculano Pombo e Altino Rio não teriam escrito o livro “Crescem pães pelos outeiros”, nem haveria tantos encontros amorosos nas searas, quando estas cobriam dois cus.

Um artigo no Expresso de hoje dá-nos a explicação para isso, dizendo que, a produção de cereais atingiu o ano passado, números mínimos e históricos em Portugal, ao ponto de termos necessidade de importar 98% dos cereais para a nossa alimentação.

Ora todos nós constatamos que, nos campos da nossa aldeia, onde outrora verdejavam searas ondulantes ao vento, atualmente cresce mato que, mais não serve do que ser um combustível fácil para alimentar os incêndios de verão, ainda que na primavera, nos deem algum colorido.

Os moinhos que dantes davam um ambiente bucólico aos nossos rios e ribeiras, hoje são edifícios em ruínas, existindo um ou outro, porque as Câmaras Municipais os decidiram preservar, servindo de património cultural e museológico. Em Outeiro Seco chegou a haver três moinhos, os quais desapareceram há décadas, e mesmo em ruínas, já só  podemos  observar as paredes laterais do moinho das Freiras.

Segundo o artigo do Expresso, Portugal gastou durante o ano passado 733 milhões de euros, na importação de cereais, para introduzir na nossa cadeia alimentar. Mas não se pense que, consumimos os cereais apenas quando vamos à padaria comprar o pão, já que são ingeridos também no frango e no bife, pois, também as aves, vacas, porcos e ovelhas, consomem cereais em forma de ração.

Atualmente torna-se mais barato importar o cereal do que produzi-lo em Portugal, razão pelo qual os agricultores abandonaram a sua produção. Por exemplo em 2016 o seu custo foi de 17 cêntimos o quilo, ou seja 170 € a tonelada. A acrescer ao fator do preço há ainda a acrescer outros fatores como o da produção de cereal ter um elevado risco de sucesso, muito dependente do clima.

Umas vezes é a seca que impede uma boa produção, outras vezes o excesso de chuva e outras a geada, sendo óbvio que a produção do cereal não é a mais indicada para Portugal. Mesmo a região do Alentejo outrora conhecida como o celeiro de Portugal, após a construção da barragem do Alqueva, virou-se para a produção de vinho e azeite com muito mais valor acrescentado, do que a produção do cereal.

Mas se em termos económicos o abandono da produção de cereal poderá acarretar mais-valias, o mesmo já não acontece em matéria de emprego. Ora não havendo emprego as populações não se fixam, razão pela qual nós vimos que o interior está cada vez mais desertificado, enquanto antes, apesar de termos uma agricultura de subsistência, a maioria das populações rurais viviam nas suas aldeias, donde, é urgente olhar para esta problemática, sob pena do país se encostar todo ao litoral.

publicado por Nuno Santos às 11:41

Março 11 2017

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Foto de Humberto Ferreira

 

Li esta semana no jornal A Voz de Chaves, do qual sou assinante aqui em Lisboa, de que finalmente se vai realizar a obra da intercessão dos influentes, do parque empresarial de Outeiro Seco. Ora, vamos acreditar que, finalmente a obra se realizará  e que a notícia, não seja uma mera medida eleitoralista, por estarmos em ano de eleições autárquicas.

Se assim for, então poderemos dizer que, “ água mole em pedra dura, tanto dá até que fura” pois, tantas foram as vezes que, o outeiro secano Humberto Ferreira clamou pela sua execução quer no seu Blog “Outeiro Seco Aqi”, mas ao mesmo tempo, denunciando esta situação degradante, junto das entidades que, superintendem as questões do ambiente.

Assim e como estamos em altura de distribuição de prémios, ainda que simbolicamente o Humberto merece um prémio,  não um Óscar que esse é paras as vedetas do espetáculo, mas o “Prémio da Persistência”, pelo seu empenho nesta campanha, que, muitos consideravam um tanto quixotesca.

Na notícia ficamos ainda a saber que, o valor da obra não chega a 150.000,00 €, um valor que a nosso ver, não se justificava tão grande atraso, na realização da obra. Ficamos também a saber que, irão ser construídos mais três emissários para o tratamento de águas residuais, a montante  margem direita do rio Tâmega. Um em Vilarelho da Raia outro em Vilarinho e outro ainda em Vila Meã.

Com a realização de mais estas obras, esperamos que melhorem a qualidade da água do Tâmega, porquanto, há dias em que o espelho de água do Tabolado, parece mais um depósito de influentes, do que um espelho de água.

O verão passado viajei pelos concelhos de Arganil e Seia, onde se pode constatar os cuidados com o tratamento das águas. A ribeira do Alvoco fazia-me lembrar o rio pequeno de Outeiro Seco, do meu tempo de menino e moço, quando os peixes subiam até ao lameiro das Freiras.

     

publicado por Nuno Santos às 09:18

Março 09 2017

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A maioria dos visitantes de Fátima sobretudo os portugueses limitam-se nas suas visitas às orações de graças e no pagamento de promessas no Santuário. Quando muito, após as opíparas merendas, fazem uma visita ao Museu de Cera e às casas onde nasceram os pastorinhos, na aldeia próxima de Aljustrel.

Embora eu pertença ao grupo das pessoas, a quem o fenómeno de Fátima, não toque extraordinariamente, também lá costumo ir com alguma frequência, ainda que como acompanhante, na maioria das vezes durante as viagens em trânsito, entre Lisboa e Chaves. Mas como a fé e outras convicções são do foro individual, respeito-as não questionando sequer a validade dessas visitas.   

Mas Fátima está inserida numa região, onde existe uma grande riqueza patrimonial que, do ponto de vista da nossa história, é bem mais importante que, as duas basílicas no santuário. Designada como Região Médio Tejo, esta região possui 135 imóveis classificados, entre os quais, o Castelo de Ourém.

Ora, aproveitando o dia primaveril de ontem e após mais uma visita ao Santuário, visitamos o castelo de Ourém, construído entre os séculos XII e XIII, situado na antiga vila medieval, sobre uma paisagem de difícil acesso, ainda que acessível de carro.

Embora fosse ali o berço do condado de Ourém, atualmente o local está limitado a umas quantas casas de veraneio, uns poucos residentes, uma pousada e alguns serviços públicos, porque a fortaleza foi muito afetada, primeiro pelo terramoto de 1755 e depois, incendiada quando das invasões francesas.

Por essa razão durante o século XVIII, a população abandonou a vila medieval fixando-se no vale, onde criou o que agora se chama, Vila Nova de Ourém, para onde se transferiu também a sede do concelho, outrora na vila medieval.

Fátima embora elevada a cidade em 1997, continua a pertencer ao concelho de Ourém, pois tal como Canas de Senhorim, não conseguiu que a pretensão de ser elevada a concelho, fosse aprovada pela Assembleia da República.    

A vila medieval está repleta de retábulos históricos, ilustrados em azulejos, contando episódios da nossa história. De salientar que entre os condes de Ourém figuram nomes como, D. João Afonso Telo de Menezes, tio da rainha Leonor Teles, e ministro do rei D. Fernando, o Conde Andeiro assassinado por D. João I e D. Nuno Alvares Pereira o qual tem uma estátua na vila medieval.

Assim e bem próximos de Fátima, além de Ourém, ficam também outros monumentos de interesse arquitetónico e grande relevância histórica, como o Mosteiro da Batalha, o CIBA – Centro de Interpretação da Batalha de Aljubarrota, o Mosteiro de Alcobaça o Convento de Cristo em Tomar o Castelo de Almourol, além das grutas naturais da serra dos Candeeiros, sendo por isso possível aos visitantes de Fátima, conciliar a fé com a cultura.  

publicado por Nuno Santos às 10:32

Março 08 2017

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Existe atualmente uma grande dicotomia quanto a esta data, declarada pela ONU, como o Dia Internacional da Mulher, sobretudo, porque nos últimos tempos, esta adquiriu um caracter festivo e comercial, mais do que um dia de luta pelos direitos das mulheres.

Razão porque há quem defenda, sobretudo nas sociedades ocidentais, que a data não faz qualquer sentido, porquanto, a mulher, já adquiriu os mesmos direitos dos homens, havendo inclusive vários países, que são governados por mulheres, resultante de uma escolha livre e democrática.

Outros defendem que, para se reivindicarem direitos, não se deve restringir apenas ao simbolismo de um dia, mas a todos os dias do ano.  

Sem recorrer ao tempo em que, a própria religião cristã defendia que, a mulher não tinha alma, eu próprio me lembro  de quando as mulheres no nosso país tinham os seus direitos coartados. Como o direito de voto assim como o do casamento em algumas profissões exercidas por mulheres, como enfermeiras, telefonistas e outras.

Também me recordo da enorme carga que recaía sobre as mulheres da minha aldeia, que além de parceiras dos homens nas tarefas do campo, cabia-lhes ainda todas as tarefas domésticas e muitas a própria gestão económica da família.

Infelizmente ainda existem civilizações, onde as mulheres não têm os direitos igualados aos dos homens, só que a celebração do Dia da Mulher, não é comemorada nesses países.

 

Hoje as mulheres da minha terra podem celebrar livremente o Dia Internacional da Mulher. Em Chaves até há um restaurante que, lhes proporciona um jantar com excelente menu e no final, a exibição de um stripper.

Será isto a comemoração do dia Internacional da Mulher?

     

publicado por Nuno Santos às 08:56

Março 07 2017

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Quando a RTP nasceu em 7 de março de 1957, eu já tinha quase dois anos, contudo só entraria no meu quotidiano, no início da década de setenta, porque nesse tempo não havia eletricidade em Outeiro Seco, onde só chegou em 1970. Curiosamente houve dois outeiro secanos ligados aos primórdios da RTP. O primeiro foi o Dr. Luís Montalvão, fazendo  parte dos seus quadros superiores, logo na fundação.

Pouco depois e por sua influência, o Joaquim Ferrador trabalhou na RTP como assistente, antes de enveredar pela contabilidade. Em seguida o filho do Dr. Luís Montalvão, também com o mesmo nome, foi o produtor entre outros programas, do célebre 1-2-3 apresentado pelo Carlos Cruz. Atualmente Outeiro Seco está representado, pelo Vasco Rio Ferreira.

Por sua vez a que nascera em 1935, mas porque funcionava a pilhas, chegou mais cedo à nossa aldeia e a nossa casa, logo nos finais da década de cinquenta, tinha eu uns cinco anos. A Emissora Nacional porque era a estação com melhor sintonia na nossa região, ficou desde esse tempo como a minha minha rádio preferida, continuando agora com a Antena 1, pese embora, não deixe de ouvir outros programas noutras emissoras, uns ocasionalmente outros como seguidor habitual.

Mas voltando à RTP, recorda-me que quando havia grandes eventos, do tipo festival da canção ou o 13 de maio em Fátima, nomeadamente depois do Sr. Padre João Sanches ter iniciado a organização das excursões a Fátima, as quais não se limitavam a ser meras peregrinações, porquanto, essas excursões demoravam quase oito dias, sendo obrigatório visitarem a Lisboa e outras cidades do litoral.

Por essa altura muitos outeiro secanos enchiam literalmente a casa do Sr. Francisco Juca, pai do meu amigo Taró, situada na então Estrada de Outeiro Seco e a última a ter eletricidade, pese embora pertencesse à nossa freguesia.

O Tio Juca e a D. Natércia com toda a simpatia, abriam a sua casa aqueles que, queriam ver a cerimónia e na esperança de verem alguns dos seus familiares, em Fátima. Curiosamente havia quase sempre alguém, que, lhe parecia ter visto sicrano ou beltrano.

Claro que ao longo destes anos da vida da televisão, eu guardo uma infinidade de recordações, tanto de programas como de reportagens, até porque eu próprio já tive, como se costuma dizer, o meu minuto de fama, ao ter sido entrevistado pela RTP, em três situações diferentes.   

Mas o meu episódio mais marcante com a televisão, não se passou em casa do meu amigo Taró, mas em Chaves no Café Geraldes. Aconteceu nos primeiros anos em que o Joaquim Agostinho começou a correr na Volta à França e a RTP transmitia parte do final das etapas. Era a época dos exames escolares, e eu tinha de fazer o exame de Geografia.

Embora o período coincidisse com o maior aperto das tarefas agrícolas, com o pretexto de me preparar melhor para o meu exame, eu tinha a permissão dos meus pais para ir para Chaves, todas as tardes. Só que em vez de ir para a Escola, ia para o Café Geraldes assistir à chegada do Joaquim Agostinho.

No dia em que resolvi ir à Escola fazer o ponto da situação, a minha chamada para o exame tinha sido no dia anterior, de modo que chumbei por falta de comparência e tive de repetir o ano. Os meus pais nunca souberam a razão do meu chumbo, mas os culpados foram o Joaquim Agostinho e a RTP. Mas em face dos bons serviços prestados ao longo destes sessenta anos, está perdoada, desejando-lhe a continuação de muito sucesso.

 

publicado por Nuno Santos às 18:01

Um outeiro secano residente em Lisboa, sempre atento às realidades da sua terra.
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