Outeiro Secano em Lisboa

Janeiro 28 2018

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foto do Record

Ontem cumpriu-se a máxima de que, não há duas sem três e depois de duas finais perdidas nos penaltis, à terceira foi de vez, caindo a sorte para o lado do Sporting, vencendo assim a Taça da Liga. Claro que não deixarão de surgir os comentários, de que o Sporting foi um vencedor injusto, porque as incidências do jogo indicam de que deveria ser o Vitória de Setúbal o vencedor, ainda que se esqueçam de que, face às mesmas incidências do jogo, os finalistas deveriam ser outros, pois na meia-final, a Oliveirense pelo que jogou e pelas oportunidades criadas, também merecia ter eliminado o Vitória de Setúbal.

Mas voltando ao jogo de ontem, claro que como sportinguista fiquei satisfeito com a vitória, tanto mais que colocou o Sporting na galeria dos vencedores, isto é; ganhando tudo o que há para ganhar em Portugal, igualando assim o seu grande rival o Benfica, tendo ambos ganho: Campeonato Nacional, Taça de Portugal, Supertaça, e Taça da Liga.

O Porto, ainda que tenha obtido já outras vitórias internacionais, ainda não ganhou a Taça da Liga. É verdade que houve anos, em que o Porto tal como o Sporting desvalorizaram este trofeu, porém, não foi o caso desta época, tendo apostado todas as fichas, recorrendo os dois clubes aos seus melhores plantéis. O Sporting na primeira fase da prova, nomeadamente no jogo com o Marítimo e o União da Madeira, ainda apresentou uma equipa alternativa.

Mas ontem tendo jogado com a sua melhor equipa disponível, o Sporting apresentou várias lacunas e a falta de Gelson Martins torna a equipa sem dinâmica.

Ora se quisermos ser campeões, o Sporting necessita urgentemente de ir ao mercado, e trazer alguém que possa substituir o Gelson nas suas ausências, uma vez que deixou sair Iuri Medeiros, porque Ruben Ribeiro não é um extremo como se tem visto e Bryan Ruiz já não tem a dinâmica de outrora, tanto mais que esteve afastado da equipa durante muito tempo.

Agora é tempo de comemorar mas também de reflexão sobre o que fazer para melhorar a equipa, pois o universo sportinguista está sedento de vitórias, nomeadamente do campeonato e da taça.  

publicado por Nuno Santos às 11:19

Janeiro 26 2018

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foto da internet

 

Se ainda fosse viva a minha tia Ester, faria hoje oitenta e sete anos, e juntaria a família residente na aldeia para comemorar mais um aniversário, assim como receberia as felicitações dos outros familiares não residentes. Mas de uma coisa eu tenho de certeza, ela não deixaria de evocar, o dia em que celebrou os seus sete anos.

Não porque tivesse uma festa de aniversário sumptuoso, ou recebido um presente extraordinário, mas por causa do acontecimento insólito ocorrido nesse dia, o qual ficou gravado para sempre, na sua memória.

Decorria o ano de 1938 e o dia estava muito frio, como é habitual nesta época do ano, pois lá diz o ditado” janeiro geadeiro”. Como o sino ainda não tinha tocado às santíssimas trindades, em sinal de recolher obrigatório para a pequenada, a Ester brincava ainda na rua com as amigas, convidadas para o lanche que, a mãe lhe fizera como festa de anos, composta de pão e compotas, sobretudo de marmelada.

Embora o sol já tivesse escondido no ocaso, estranhamente o céu ainda não escurecera, para alegria das raparigas que assim prolongavam a brincadeira. Entretanto interromperam-na subitamente, quando se aperceberam que dos lados do São Caetano, aproximava-se um vermelhão, mais parecendo que o céu estava a arder. Assustadas, fugiram cada uma para suas casas, buscando proteção junto das suas mães.

Mas, quando as mães viram tal coisa, concluíram estar a cumprir-se a profecia, de se estar perante o fim  do mundo, desta vez em forma de fogo, em contraponto com o do Dilúvio.

Ora, perante este cenário restava-lhes procurar a salvação na igreja. O padre João da Lampaça com outra cultura, esforçava-se para os acalmar, dizendo-lhes que aquilo se tratava de um fenómeno da natureza, mas estes queriam era receber a sua absolvição, para poderem entrar puros, no reino de Deus.

Os momentos vividos na igreja foram terríficos, havia famílias inteiras abraçadas a chorar e a rezar, outros subiram aos altares e abraçando-se aos santos, pensando que assim mais perto, seriam ouvidos melhor. Uma mulher retirou as argolas das orelhas e doou-as à nossa senhora, embora as recolhesse no dia seguinte, quando se apercebeu que o mundo retomara o seu ciclo de vida normal.

 Afinal o vermelhão não fora outra coisa, senão uma aurora boreal, uma coisa rara na nossa latitude, embora frequente nos países a norte do planeta. O Zé Barroco que era um homem viajado e fora emigrante na América, não se deixou intimidar com o fenómeno e enquanto o povo fugira para a igreja ele jantava tranquilamente em sua casa.

 O mesmo já não se passava com a sua afilhada Júlia, que de coração apertado não conseguia comer.

O Zé Barroco bem insistia – Come Júlia! Mas a menina só dizia.

- Oh padinho num se m’ingole!

 

publicado por Nuno Santos às 13:22

Janeiro 20 2018

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É uma triste sina, apesar de Chaves ser uma cidade com tudo para estar na linha da frente, no tocante ao turismo, porque além do seu vasto património, tem uma excelente oferta hoteleira,  são mais as vezes que a vimos citada nos meios de comunicação, por maus do que por bons motivos.

A avaliação positiva nem sequer é minha porque sendo eu flaviense embora não residente, sou suspeito para dizer bem da minha terra, mas ainda este ano numa visita à Irlanda, a guia turística que dava assistência ao grupo onde me inseria, dizia-me do potencial que encontrou em Chaves, para estar inserida num roteiro turístico, de interesse para grupos estrangeiros.  

Esta semana e depois do jornal o Público, ter denunciado a situação degradante do caso do Museu Termal, ontem foi a vez do programa televisivo Sexta às 9 trazer também o caso à colação. Ainda dizem que os alentejanos são um povo dolente, que gosta de dormir à sombra do chaparro. Em Chaves dorme-se sobre os assuntos, a não ser meia dúzia de pessoas que os vai comentando em conversa de café (Sport), não me recordo de qualquer petição ou movimento cívico, contestando os atentados feitos ao seu património. Claro que como não residente não estarei a par de tudo, mas vou muitas vezes a Chaves e sou assinante do jornal “A voz de Chaves”, e não tenho visto estes temas ali discutidos.

Tudo começou com a destruição do Mercado e da sua muralha, dando lugar à aberração que é o Centro Comercial Charlot. Depois foram a destruição do Jardim das Freiras e agora do Jardim do Bacalhau. Seguiram-se os gastos com a construção do Centro Cultural, uma sala minimalista incapaz de receber espetáculos de grande dimensão, quando já tinham comprado o antigo Cine Teatro, para continuar fechado. Isto sem falar do Solar dos Montalvões na minha aldeia, propriedade da Câmara Municipal onde também eu faço mea culpa pela minha inércia, mas confesso que sempre pensei estar salvaguardado, pelo protocolo de utilização com a UTAD.  

Sobre o Museu de Arte Contemporânea a situação a minha opinião é um pouco diferente, porque a sua construção, além de receber o espólio de um dos maiores artistas nacionais, veio requalificar uma zona perdida para a cidade, a Canelha das Longras.

Agora a sua vitalidade dependerá da dinâmica que lhe imprimam, devendo ser feitas parcerias com outras entidades, nomeadamente Serralves e outros museus, aproximar o MAC das Escolas, criando o hábito da visita aos museus nos seus alunos e por contágio destes, ao seu meio familiar.

É a vida, vivemos numa democracia e o povo escolhe livremente os seus eleitos, por sua vez estes consideram-se apenas penalizados pelos erros cometidos, em resultado dos votos obtidos em sufrágio, quando das eleições, contudo eu acho que, quando estão em causa elevados prejuízos materiais, como no caso do Museu Termal, a Justiça deveria  averiguar se houve ou não aproveitamento, de tão elevados gastos.   

 

publicado por Nuno Santos às 11:40

Um outeiro secano residente em Lisboa, sempre atento às realidades da sua terra.
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