Para a maioria dos naturais de Outeiro Seco, o Almeirinho é mais um lugar no termo da aldeia, composto por terras centeeiras e de lameiros. Geograficamente confronta a sul com o Senhor dos Desamparados, a norte com o Fundo da Lama, a nascente com os Poços e a poente com a estrada municipal e o lugar de Pedrianes.
Nem todos saberão é que o Almeirinho é um lugar com muita história e muitas estórias. O seu caminho era um dos trilhos utilizados na rota do contrabando, quando as treleiras sabiam ou pressentiam de que a Guarda, vigiava o caminho do moinho, para ludibriarem essa vigilância, atravessavam o rio Tâmega junto ao moinho de cima, subindo ao Alto do Coelho e dali à Bouça apanhando o caminho do Almeirinho, no Vale de Amieiro. Quando passavam junto ao Senhor do Desamparados faziam umas preces, rogando-lhe que as livrasse do encontro com a guarda. Entravam na Mina do Doutor junto a Painhos, passando o rio pequeno nas poldras da Fontainha, seguindo depois pelo caminho do Campo da Veiga até à Cocanha, chegando às suas casas na cidade, com a mercadoria a salvo.
No dia 8 Julho de 1912 também fora esse o percurso que D. João d' Almeida “ Conde do Lavradio” traçara, para se juntar mais cedo à coluna de Paiva Couceiro que, entrara pelo São Caetano e já iniciara o ataque à vila de Chaves. Foi precisamente no Almeirinho que, este militante da causa monárquica foi preso, por dois soldados republicanos, que estavam de atalaia no lugar do Facho, fazendo vigilância a possíveis ataques vindos do norte, fosse pelo caminho do Almeirinho, ou pelo caminho Vale de Travesso, ligado à estrada da Torre, no lugar do Mocho.
Terminou desta forma inglória no Almeirinho, o sonho do D. João de Almeida restaurar a monarquia, repetindo-se a sua derrota um ano antes, por terras de Vinhais, onde fora ele próprio o comandante das tropas monárquicas.
Em matéria de tropas e soldados há muitas mais histórias passadas neste local. Por exemplo os Poços eram utilizados como campo para treinos dos soldados de cavalaria. Para quem não conhece os Poços, trata-se de uns terrenos com grandes baixios, causados pela utilização no tempo dos romanos, do solo barrento do qual se compõe este terreno, para fabricarem a telha e outros artefactos de barro.
São conhecidos nas suas proximidades vários fornos, onde se fazia a cozedura desse barro. Um deles está num terreno logo ali ao lado, pertencente à D. Beatriz, um outro foi descoberto quando da construção da variante da rotunda das chaves às Antas. Este forno foi referenciado pela arqueóloga municipal mas subterrado de imediato, para não atrapalhar a construção.
Um terceiro foi descoberto mais recentemente, na terra do Anselmo em Pedrianes. Consultado o IPAR sobre a preservação destes fornos, disseram que só teriam interesse, se fossem descobertos muitos mais, podendo então pensar-se na criação de um centro museológico. O certo é que também não se fez nenhum esforço nessa procura, mas que os há, lá isso há e os três fornos descobertos, dois deles recentemente, são a prova dessa existência.