Num recente passeio ao Ródão, além de vermos o património material da vila, conhecemos também algum do seu património imaterial, como a lenda do Rei Vamba, um rei visigodo que terá vivido no castelo de Ródão, com a mulher e três filhos. A rainha gostava de ir para a margem do rio, apreciando as suas águas revoltas. Porém, na margem oposta, um rei mouro tinha também esse mesmo hábito, nascendo entre os dois uma paixão platónica, que as águas revoltas do rio, impedia de se encontrarem.
Entretanto o rei mouro congeminou um plano para raptar a rainha, escavando um túnel por baixo das águas. Este plano não resultou porque o túnel saiu longe do local onde estava a rainha. O primeiro fracasso não fez desistir o rei mouro, conseguindo atravessar o rio numa corda de seda, raptando a rainha, levando-a para o seu castelo.
Despeitado o rei Vamba não descansou, enquanto não resgatou a esposa. No regresso a casa, reuniu a família para decidir o castigo, a aplicar à rainha adúltera e foi o filho mais novo, quem decretou a sentença. A rainha foi atada a uma roda, rolando montanha abaixo, e enquanto a roda rolava, a rainha rogou a seguinte praga.
- Nesta terra não haverá cavalos de regalo, nem padres se ordenarão e putas não faltarão.
Diz-se que por onde passou a roda, nunca mais cresceu mato, os cavalos ficaram-se pelo Ribatejo, houve dois padres que se ordenaram mas abandonaram o sacerdócio, tendo-se casado. Á cautela o nosso guia disse ter ido casar ao Porto.
Mas a realidade é que o castelo do rei Vamba, não passou de uma torre de atalaia que, comunicava por sinais de fumo com o castelo de Marvão e de Castelo de Vide e ainda com o castelo de Belverde, sendo utilizado quando da primeira invasão francesa, a qual passou por estas terras. Perto do Ródão no rio Cobrão, existem umas outras portas, semelhantes às do Ródão, embora numa dimensão menor, mas não inferiores em beleza.