Outeiro Secano em Lisboa

Novembro 06 2016

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Se existe alguém fiel às suas origens, um deles é o Nuno Pereira de São Vicente da Raia, pese embora haja um oceano que o separe, da sua terra de nascimento à terra de acolhimento. Natural de São Vicente da Raia, o Nuno estudou em Chaves, onde nos conhecemos, mas fruto de várias vicissitudes, comum a muitos portugueses, é nos Estados Unidos da América que vive e tem a sua prole.

Só que o Nuno, nunca perdeu a ligação à sua terra, nem aos amigos que fez, enquanto estudante em Chaves. E para cimentar ainda mais essa amizade, assim como a relação com a sua terra, promoveu uma caminhada sob o lema “ 2 países (Portugal e Espanha) 2 concelhos (Chaves e Vinhais) e 6 freguesias (São Vicente, Orjais, Santa Cruz da Castanheira do concelho de Chaves e São Jumil, Vilar de Lomba, Ferreiros, e Sandim do concelho de Vinhais.

Para essa caminhada convidou um grupo de amigos, alguns já habitués nesta saudável prática de caminheiros, outros nem tanto, contudo, corresponderam ao seu convite, para disfrutar do convívio e da camaradagem, mas também, alguns para revisitarem a região já sua conhecida, outros para a conhecerem pela primeira vez, ficando deslumbrados com as suas paisagens belíssimas.

À convocatória compareceram além do promotor Nuno Pereira, o César, Carlos Teixeira, Norberto Jorge, Nelson Leitão, José Avelino, Dinis do Castro e eu próprio.

Após algum compasso de espera pelos retardatários que não compareceram, saímos de São vicente da Raia, eram quase dez da manhã, em direção a Orjais, com passagem pelo santuário do São Gonçalo. Este santuário situa-se à beira de um ribeiro que, desagua a poucos metros de distância no rio Mente. Neste santuário que é disputado por duas freguesias, Orjais e Santa Cruz da Castanheira celebram-se grandes festejos, sobretudo com grandes merendas, pois o local é propício a esses repastos, em especial no verão.

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A travessia do ribeiro faz-se em pontes de madeira, mas a ponte sobre o rio Mente, é já uma obra de arte, em alvenaria. O pior é a subida desde a ponte até São Jumil. Que o diga o Carlos Teixeira, porque a certa altura do percurso, as suas passadas não tinham mais de vinte centímetros, claro que tal como as alcateias, que nunca deixam ficar nenhum elemento para trás, também o grupo se manteve unido, mantendo sempre o Carlos, a uma distância visível. Apesar de tudo, nunca faltou a boa disposição ao Carlos, animando o grupo com um vasto reportório de anedotas.

Em São Jumil deixamos a terra batida e entramos no asfalto, mas como o almoço estava programado para a aldeia seguinte, em Vilar da Lomba, mas como o apetite já apertava, quase nem deu para observarmos bem esta localidade.  Paradoxalmente, em todas as aldeias por onde passamos, ao longo da nossa caminhada, passamos sempre ao lado dos cemitérios, não se poderá dizer que é a coisa mais bela dessas terras, mas é onde está depositada muita da história dessas aldeias, vivenciada pelos personagens ali enterrados.

O restaurante ficava logo ali à beira da estrada, e depois de umas entradas variadas, como uma salada mista, pastéis de bacalhau, presunto e queijo, foi-nos servido várias travessas de batatas cozidas com galo estufado. Se era galo ou galinha, não deu para diferenciar, contudo, deu para apreciar que estava bom, assim como o arroz malandrinho com miúdos dos cantantes. Como sobremesa tivemos um pudim caseiro e fruta variada, vindo depois o café com direito a chopinho caseiro e ainda, um licor de café que o Zé Avelino levou na sua mochila.

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A caminhada deveria ter terminado ali, para maior comodiadade do grupo, sobretudo dos iniciados, mas o roteiro indicava que, deveríamos prosseguir até Ferreiros, descendo depois para Sandim, atravessando de novo o rio Mente, em Segirei, para regressar de novo a São Vicente da Raia agora por Aveleda.

Quando chegamos a Segirei era já noite cerrada, faltando ainda nove quilómetros de uma subida acentuada. Como o lanche ajantarado nos aguardava em São Vicente às 19 horas, foi pedido boleia a uma alma bondosa que ali passou, e trouxe os proprietários dos carros que tinham ficado em São Vicente.

Deste modo, a caminhada terminou em Segirei, mas com cerca de trinta quilómetros palmilhados. Os restantes nove quilómetros foram feitos de carro, doutra forma, o lanche estaria já retardado, tal como as castanhas, que estavam assadas de mais.

A avaliação da caminhada foi altamente positiva, sobre os pontos negativos, ficou apenas um reparo a corrigir na próxima, ficando decidido de que haverá uma próxima caminhada, ainda que sine die. Porém, eu deixo a sugestão de que a próxima caminhada, ocorra numa data, em que os dias sejam maiores.  

  

 

 

publicado por Nuno Santos às 00:16

Muito bem.
Para a próxima farei a minha inscrição.
J a 6 de Novembro de 2016 às 14:38

Um outeiro secano residente em Lisboa, sempre atento às realidades da sua terra.
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