Foto de Fernando Ribeiro
fotos de Fernando Ribeiro
Este fim-de-semana vi uma reportagem na televisão, sobre o estado da casa pertencente à família de Aristides Sousa Mendes em Cabanas de Viriato, concelho de Carregal do Sal distrito de Viseu, e claro essas imagens trouxeram-me à memória, o solar dos Montalvões, por se situar na minha aldeia.
Bem sei que o protagonismo político da família Sousa Mendes foi diferente da família Montalvão. Durante a II Guerra Mundial Aristide Sousa Mendes enquanto cônsul de Portugal em Bordéus, salvou mais de 30.000 vidas concedendo vistos a judeus, salvando-os assim do holocausto.
Mas a incúria em que se deixou chegar estas duas pérolas da construção solarenga da província, são semelhantes.
E se a casa de Aristides de Sousa Mendes se deveu à falta de meios da família, para a conservar, também porque Salazar ostracizou o cônsul, condenando-o quase à miséria.
O caso do solar dos Montalvões torna-se diferente, porque, pouco após o 25 de Abril e quando o solar ainda mantinha uma boa funcionalidade, precisando apenas de obras ao nível da cobertura, foi adquirido pela Câmara Municipal de Chaves. Ora, toda a degradação em que hoje se encontra, ocorreu já quando era património público.
Contudo soubemos que a casa de Aristides Sousa Mendes está em processo de restauração, o qual se vai iniciar já no mês de Maio. Enquanto que o solar dos Montalvões, pese embora várias promessas já apregoadas, lá continua a degradar-se em cada dia que passa.
Em Cabanas de Viriato a população fez um cordão humano para pressionar a sua recuperação, em Outeiro Seco assobiamos para o lado, ou vamos fazendo de vez em quando uma festa no páteo, com o patrocínio camarário. Da minha parte e como outeiro secano embora não residente, faço também uma mea culpa, por toda esta resignação.