Felizmente tenho o privilégio de conhecer uma boa parte do país, do interior ao litoral, embora, existam ainda algumas pequenas zonas do Portugal profundo, por descobrir. Esta semana com a nossa ida à serra do Açor e visita às aldeias de xisto, ficamos a conhecer um pouco mais desse país rural, garantindo-vos que vale mesmo a pena.
Há anos que andava para visitar essa zona, com sucessivos convites do meu amigo João Paulo Dias, ex-colega profissional, que é natural de Vide. Só que por circunstâncias várias nunca fora possível, só agora quando ele já tinha regressado a Lisboa, visitamos essa região, donde tivemos o privilégio em ter como guia o seu pai, João Mendes Dias, uma figura conhecida na região, que foi ali autarca durante vinte e oito anos.
Esta zona das aldeias de xisto, embora ocupem uma área pequena, pertencem a três concelhos; Arganil, Seia e Oliveira do Hospital. O Piódão (Arganil) em matéria da construção de xisto é seguramente ímpar, porquanto ali não é permitido outro tipo de construção senão o xisto. Bem próximo do Piódão e pertencente a esta freguesia fica Chãs de Égua, cuja praia fluvial é em termos de beleza, o paraíso na terra.
Existem depois outras aldeias como as de Vide ou Loriga (Seia) e outras mais pequenas a que o nosso guia chama de anexas, por estarem agregadas, onde a construção já alterna entre o xisto e a tradicional, granito ou tijolo e cimento.
Uma coisa comum a todas estas aldeias são a qualidade das suas ribeiras, tanto a da Ribeira do Alvoco como a Ribeira de Alva, são de uma água tão cristalina, como há muitos anos eu não tinha o privilégio de ver, aliás só me recordo de ver assim ribeiras tão cristalinas, nos fiordes na Noruega.
Curiosamente têm sido os nórdicos, mais propriamente holandeses, quem mais tem investido nesta região. Aliás o hotel rural onde pernoitamos em Alvoco da Várzea, que outrora fora um moinho e um lagar de azeite, está agora reconvertido numa bela unidade hoteleira denominada como Quinta da Moenda. Apesar de ter uma bela piscina, tem a menos de cem metros um açude, com uma bela praia fluvial.
Em matéria de praias fluviais são várias as existentes nesta zona, porém, existe um pequeno senão, para quem não gosta muito de viajar de carro, as estradas são estreitas e muito sinuosas, tal como não podia deixar de ser em serranias, mas como há pouco trânsito circula-se com segurança.
Para quem gosta de lazer e ar livre, recomendo uma visita a esta zona, antes que esse turismo se massifique e se degrade, pois sem dúvida que se trata de uma das zonas rurais mais bonitas de Portugal.