O cantor Carlos do Carmo vai receber hoje em Las Vegas um grammy, como reconhecimento da sua carreira artística de mais de cinquenta anos. Juntamente com ele irão também ser galardoados outros nomes bem conhecidos de nós todos, entre os quais, Los Lobos os criadores do famoso tema “La Bamba” e ainda o brasileiro Ney Matogrosso, bem conhecido pelas suas frequentes digressões a Portugal e pelas suas parcerias com a Geninha Mello e Castro.
O maior paradoxo é que, apesar deste reconhecimento internacional e atribuição de tão distinto galardão, ainda não se ouviu uma única palavra de apreço, tanto da presidência da república, como da secretaria de estado da cultura, talvez porque não tenham gostado das palavras do cantor, que disse:
“Num momento de sofrimento como o que o meu povo e a minha pátria estão a viver, a alegria que possa dar às pessoas, apesar da simplicidade que as coisas têm – isto não lhes mata a fome, nem lhes arranja emprego -, mas que possa dar-lhes uma alegria, já fico muito contente”.
Pelos vistos os nossos políticos não se reveem nesta alegria coletiva, tal como já o fizeram quando em 2011, o fado foi proclamado património imaterial da humanidade, um feito que se deve a Carlos do Carmo e ao Prof. Rui Nery, secundados pelo presidente da câmara de Lisboa, António Costa.
Diz-se que a arte é a expressão dos sentimentos humanos, por isso os meus parabéns ao Carlos do Carmo, ao mesmo tempo em que se conhecem as medidas de coação impostas a altas figuras do Estado, pelo exercício de más práticas, sinal de os seus sentimentos humanos, não são os mais dignos.