A semana que ontem terminou foi um protótipo das muitas que planeio passar no futuro, num sobe e desce entre Lisboa e Chaves, porque vou aproveitar a janela da oportunidade do diploma publicado em finais de 2014, o qual permite a quem tem mais de 60 anos de idade e 40 anos de descontos, antecipar a reforma, agora nos 66 anos mais dois meses, mas com tendência para subir.
Apesar da medida me trazer uma penalização de 6%, por cada ano antecipado, o dinheiro não é tudo na vida, e nem as grandes assimetrias existentes entre Lisboa e Chaves, nomeadamente no acesso aos meios de saúde serão muito notórias, porquanto, preservaremos os actuais médicos assistentes.
Por outro lado também haverá ganhos, como o prazer de sentir melhor os ciclos da natureza, os cheiros e os aromas da terra, o convívio com os amigos de infância, a gastronomia regional, tudo factores que, trarão outro sabor às nossas vidas.
Claro que por trás desta medida, estão também outras razões, como um maior apoio familiar, porque o meu sogro já é nonagenário e a minha sogra para lá caminha, assim como a minha mãe, donde, é importante um apoio mais estreito, ainda que seja apenas de supervisão, pois felizmente têm ainda alguma autonomia física e mental.
Embora não seja um profundo fã das actividades rurais, nomeadamente dos trabalhos agrícolas com carácter intensivo, seduz-me a ideia de caldear esses dois mundos diametralmente opostos, o convívio com os amigos de sempre, conservando ao mesmo tempo, o convívio com os outros que, fomos assimilando ao longo da vida.
Ainda que as assimetrias entre Lisboa e Chaves, não se verifiquem apenas na área da saúde, onde não são notórias é em matéria de Carnaval, pois não se passa nada nas duas cidades. Em Lisboa quem se quiser divertir ao Carnaval, terá de ir para Loures ou Torres Vedras, assim como os flavienses terão de ir para Verin, a vizinha vila galega, onde o Entroido ou Entrudo é levado a sério, com os seus Cigarrons espalhando o som das suas campainhas e as cores das suas fantasias.
O mesmo se passa em Outeiro Seco, cuja tradição carnavalesca se perdeu de todo. Na memória coletiva ficam apenas, as célebres encenações do meu pai e do tio Lépido Ferrador do Escaleira ou da tia Irene, ou as que mais tarde, foram realizadas pela Casa de Cultura, cuja associação ainda existe, mas com um plano de actividades, muito confrangedor.