Outeiro Secano em Lisboa

Setembro 07 2015

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O mês de setembro está para os outeiro secanos, como o período do Ramadão, para os muçulmanos. Nesse período, eles fazem a sua peregrinação a Meca, nós em setembro, fazemos a nossa a Outeiro Seco.

O pretexto é apenas a passagem da festa da Sra da Azinheira, mas acaba sempre por ser mais do que isso, porque se aproveita essa “peregrinação”, para o convívio com a família e os amigos, razão pela qual ontem dia 5 de setembro, decorreram na aldeia, os três eventos anunciados no post anterior.

Embora estivesse presencialmente nos três eventos, o encontro dos outeiro secanos nascidos em 1955, foi aquele que mais me envolveu, por ter nascido em 1955, mas também, por ter estado na organização deste encontro, juntamente com a Celeste e o meu primo Rui Santos.

Foi gratificante rever muitos dos antigos companheiros de infância, e sobretudo, proporcionar uma maior aproximação entre todos, porque a dinâmica da vida se encarregou de nos separar, uns para o estrangeiro, outros para outras cidades do país, embora o mês de setembro se encarregue de nos aproximar, houve companheiros como o José António Chaves e a Fátima Castro que, vieram propositadamente para este encontro.

Como é sabido, um dos locais mais místicos da nossa aldeia, é sem dúvida o Largo do Tanque, sendo aí o nosso ponto de encontro, com uma visita à restaurada capela da Sra do Rosário, uma novidade para muitos dos presentes, em especial os não residentes.

Seguimos depois para a Santana, onde antes do repasto, servido no restaurante com o mesmo nome, sob a gerência do simpático casal Isabel e Jacinto Batista, visitamos a capela de Santana, também requalificada em 2008, porque muitos dos presentes,ainda não conhecia os achados na capela, após essas obras de requalificação.

O convívio tal como o jantar, esteve ótimo e depois dos brindes, foi proposto fazermos novo encontro daqui a cinco anos, para fazermos novo balanço, do que a vida nos proporcionar até lá.

 

Mas porque presenciamos os restantes eventos, não podia deixar de dar aqui esse testemunho. Quanto ao encontro dos ex-combatentes, de salientar a emoção vivida na maioria dos presentes, porque a guerra é a guerra, e alguns deles, assistiram à perda de vida, de companheiros seus.

Claro que há sempre algumas areias nas engrenagens, e a organização deste encontro, com toda a admiração e respeito pela organização do Eliseu Martins André e do Manuel Ferrador, também as teve, ao deixar de fora alguns que, também serviram a pátria noutras paragens, porque houve guerra em todo o domínio colonial, o qual ia para lá de África, conforme diz o Hino da Mocidade.

A oeste da Europa/ mesmo junto ao oceano/ fica o nosso Portugal/ lindo torrão lusitano/ É pequeno em continente/ em domínios o terceiro/ o mais valente na guerra/ em descobrir o primeiro.

Ora a guerra iniciou-se efectivamente em 1961, mas na Índia, (Ásia) com a anexação dos estados de Goa, Damão e Dio, onde estiveram outeiro secanos, como o António Salgado, Francisco Alonso, Hermínio Bernardo, Francisco Ervões  e  António Pipa.

Além de que o José Manuel Anjos esteve em Timor (Oceania) onde não foi fácil o processo da descolonização, com as guerras entre os diversos movimentos de libertação, vindo a terminar com a invasão do estado de Timor pela Indonésia. Também houve militares em Cabo Verde, onde esteve o António Ribeiro de Carvalho, pese embora fosse área reivindicada pelo PAIGC, não são conhecidos episódios de guerrilha.

Mas isto é apenas uma pequena nota, porque o mais importante é valorizar a iniciativa pela positiva, e salientar a elevada adesão de ex-combatentes, que como ficou dito atrás, aproveitaram também a festa da Sra da Azinheira, aliás a marcação do encontro para esta data, também não terá sido inocente.

Quanto ao terceiro evento a Festa do Reco, estão mais uma vez de parabéns os seus organizadores, especialmente pela excelente descarga de fogo, servido como um aperitivo da noite do dia 8 de setembro.

E é com estas iniciativas que, como alguém dizia, “Outeiro Seco tem muita pinta”.

 

 

publicado por Nuno Santos às 08:30

Um outeiro secano residente em Lisboa, sempre atento às realidades da sua terra.
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