Embora o mês de setembro assinale a mudança do verão para o outono, guardo ainda na minha memória, os meses de setembro da minha infância, desde logo, porque era o mês das nossas festas, a da sra da Azinheira no dia 8 e a do S. Miguel no dia 29 e porque as férias escolares prolongavam-se até outubro, prevalecendo quase sempre o calor, embora por vezes a chuva, fizesse a sua aparição pelo S. Miguel.
Ainda se tomava banho no rio grande, onde as mulheres lavavam os cobertores e as roupas de cama e outras que se iriam usar no inverno, sendo nessa altura que se substituíam a palha dos colchões, a qual duraria até ao ano seguinte, porque ainda não havia as fibras sintéticas, e a palha ainda estava firme e hirta, das malhadas recentes.
Era um mês de grande abundância de fruta, em especial de figos, peras e maçãs, sem falar das uvas porquanto, em muitos dos anos era neste mês que se iniciavam as vindimas. Ainda sinto o aroma das maçãs que amadureciam em casa nas adegas, ficando amarelas como gemas de ovo.
Nessa altura as estações do ano eram mais vincadas, agora a meteorologia anda mais incerta e o exemplo disso foi este verão, cheio de intermitências, para desespero dos banhistas e daqueles que vivem das actividades relacionadas com a praia.
Mas o pior, têm sido os fenómenos extremos ultimamente ocorridos, como o de ontem na zona do oeste, nomeadamente em Alcobaça, onde um mini tornado deixou um lastro de destruição em casa e explorações agrícolas.
Com efeito, o mês de setembro da minha infância tem em comum com os de agora, apenas as festas da senhora da Azinheira e do S. Miguel, pois o ano escolar começa no início de setembro e a fruta, já não amadurece naturalmente, e senão for tratada, apodrece ainda nas árvores.