O Benfica está a passar neste ano de 2014, por um período de pesar e consternação, em contraciclo com o seu desempenho desportivo, onde lidera isolado com cinco pontos de vantagem, o campeonato. Depois da morte de Eusébio, ocorrida no início do mês de janeiro, faleceu ontem na cidade do Maputo em Moçambique Mário Coluna, um outro símbolo do clube, o eterno capitão também conhecido por “monstro sagrado”. Ambos moçambicanos, mas ao contrário de Eusébio, depois da independência de Moçambique, Mário Coluna assumiu o seu país natal, como país de eleição, tendo exercido cargos de relevo, nomeadamente, o de presidente da Federação de Futebol Moçambicana.
Embora não atingisse o prestígio internacional do seu compatriota Eusébio, no clube foi uma figura de referência, sendo o capitão de equipa, cargo que herdou de José Águas.
Esse estatuto teve-o também na selecção nacional, fazendo parte da célebre equipa dos “magriços” que ficaram em terceiro lugar no mundial de 1966. Mas tudo na vida é efémero, e apesar de Mário Coluna ter dedicado a sua vida ao Benfica, ajudando a conquistar duas taças de campeão europeu, o Eusébio só ganhou uma, ambos tiveram um final de carreira pouco glorioso, e pouco reconhecido. O Eusébio jogou ainda no União de Tomar e Beira Mar, o Coluna jogou um ano no Olympique de Lyon e no Estrela de Portalegre, um sinal de que nem sempre os clubes, preservam os seus heróis. Mas como vivemos tempos em que a imagem e as marcas contam muito, as últimas direcções recuperaram a imagem desses dois heróis, não deixando também de ganhar com isso em prestígio e merchandise.
Mário Coluna faleceu com apenas 78 anos de idade, e as duas mortes tão próximas, não deixa de ser uma estranha coincidência, até parece que o Eusébio, estava a sentir a sua falta na equipa, como aconteceu durante tantos anos que jogaram juntos, no Benfica e na selecção. Que descanse em paz.